Talvez a maior contradição da atual civilização tecnológica ...

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Q2113770 Filosofia
Talvez a maior contradição da atual civilização tecnológica esteja na capacidade de produzir riquezas sem, no entanto, distribuí-las ao conjunto da humanidade. O acesso à tecnologia e a seus frutos é o grande desafio do século XXI para mais da metade da população mundial, que nem sequer chegou ao estágio da Revolução Industrial. Esse processo de artificialização da matéria está levando a percepção humana a distanciar-se fisicamente da natureza. O ser humano vai perdendo, assim, contato com a dimensão primitiva da natureza, passando a vivê-la e a representá-la como natureza “construída” e modificada. Durante o século XIX, a escola positivista (liderada na França por Auguste Comte), herdeira da concepção cartesiana de ciência, acreditava que, com o progresso técnico, os homens seriam necessariamente mais racionais em todos os campos de atividade: na política, na ética, nos negócios, nas relações entre as nações, na construção da paz etc. Desde então, as avaliações sobre o papel da tecnologia oscilam entre uma postura ingênua, em que se acredita piamente nos benefícios do progresso, e uma postura cética, que considera a técnica nociva à humanidade.
(A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA PARA A SOCIEDADE | Oliveira | Infarma – Ciências Farmacêuticas. Adaptado.)
Ao longo do século XX coexistiram discursos muito variados sobre a natureza da ciência e do método científico e de suas influências na sociedade. Estabelecido nas primeiras décadas, o positivismo lógico foi progressivamente suplantado, especialmente da segunda metade do século em diante, primeiramente por conta das críticas de Popper. Se seguiram perspectivas epistemológicas historicamente orientadas, como as de Paul Karl Feyerabend, filósofo da ciência e autor de alguns dos mais notáveis e polêmicos argumentos sobre o tema, que afirmava, a entre outros fatores:
Alternativas

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Alternativa correta: A - O caráter, em alguns casos, potencialmente opressor da ciência, chegando a alertar que a prevalência da ciência poderia representar uma ameaça à democracia.

A questão aborda o impacto e a evolução das perspectivas sobre a ciência ao longo do tempo, especialmente no contexto das críticas feitas por filósofos como Karl Popper e Paul Feyerabend. A alternativa correta está relacionada ao ponto de vista de Feyerabend sobre o potencial opressor da ciência. Ele argumentava que a ciência, quando colocada em um pedestal absoluto, poderia ameaçar princípios democráticos, uma vez que poderia silenciar outras formas de conhecimento e debate.

Análise das alternativas:

Alternativa A está correta porque captura a essência das críticas de Feyerabend à ciência. Ele considerava que a ciência, quando dogmática, poderia suprimir a pluralidade de ideias e ameaçar a democracia por não permitir que vozes divergentes fossem ouvidas.

Alternativa B está incorreta. Embora Feyerabend discutisse o relativismo e criticasse a ciência convencional, ele não afirmava que qualquer opinião era equivalente a um enunciado científico. Sua crítica era mais direcionada à rigidez do método científico do que à equivalência total entre opinião e ciência.

Alternativa C está incorreta porque deturpa a crítica de Feyerabend. Ele não condenava a ciência como "o mal do século", mas sim criticava a maneira como seus métodos eram, por vezes, defendidos de forma irrefutável, bloqueando o surgimento de novas ideias.

Alternativa D é incorreta. Essa alternativa sugere que as orientações científicas são invariavelmente isentas de falseabilidade, o que vai contra o pensamento de Popper, que introduziu a ideia de que a ciência precisa ser falsificável. Feyerabend, por sua vez, acreditava que a ciência não devia ser um método inflexível.

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