Analise o fragmento a seguir. “... uma série de bobagens e g...
I. A primeira ocorrência do termo “porque” introduz ideia de explicação para o fato de não se ensinar conteúdos gramaticais para estrangeiros. II. O primeiro “porque” pode ser substituído pelo termo “conquanto” e o segundo pelo termo “porquanto”, sem provocar alteração de sentido no texto. III. Os articuladores “porque”, em ambas as ocorrências, apresentam o mesmo valor semântico ao introduzirem ideia de causa. IV. O segundo “porque” poderia ser escrito separado e sem acento (por que), sem que tal alteração ferisse os princípios na norma culta escrita no contexto em questão.
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Em linhas resumidas, a questão requereu do aluno o reconhecimento do valor semântico da conjunção "porque". Em cada item, a temática, embora se diferencie, apresenta como núcleo a análise da conjunção "porque".
“... uma série de bobagens e gramatiquices que não ensinamos para os estrangeiros, porque não são relevantes para comunicação, também porque não fazem parte da língua como ela é.”
I. A primeira ocorrência do termo “porque” introduz ideia de explicação para o fato de não se ensinar conteúdos gramaticais para estrangeiros.
Incorreto. Tratando-se da conjunção "porque", nem sempre é fácil discriminar a oração coordenada explicativa da subordinada causal, pois com muita frequência é dificultoso traçar linhas rigorosas de demarcação entre os dois campos de ideia. Evanildo Bechara sugere abandonar essa distinção. Outra estudiosa, Maria Tereza Piacentini, no livro "Só Vírgula — Método Fácil em Vinte Lições", parece desde já, extraoficialmente, tomar a conjunção "porque" por causal/explicativa independente do contexto, seguindo, assim, a orientação de Bechara. De toda forma, a banca preferiu separar os conceitos. Há também entre os gramáticos quem se incline a fazê-lo, a exemplo de Antônio Suárez Abreu em "Gramática Integral da Língua Portuguesa". Havendo dúvida quanto uma ou outra classificação, ensina o autor inverter as orações. Se o sentido conservar-se, será oração subordinada adverbial causal (o "porque", pois, será conjunção causal). Em contrapartida, havendo impossibilidade de inversão, será oração coordenada explicativa (o "porque", portanto, será conjunção explicativa). Leia a reescritura do período:
"Porque não são relevantes para comunicação, também porque não fazem parte da língua como ela é, uma série de bobagens e gramatiquices não ensinamos para os estrangeiros."
Feitas as devidas alterações, a reescritura preserva o sentido original. Destarte, afirma-se: as duas orações introduzidas pela conjunção "porque" são subordinadas adverbiais causais e a conjunção "porque" tem valor de causa.
II. O primeiro “porque” pode ser substituído pelo termo “conquanto” e o segundo pelo termo “porquanto”, sem provocar alteração de sentido no texto.
Incorreto. Ambas as substituições propostas não conservam o sentido original do texto em vista do valor semântico discrepar significativamente: a conjunção "porque", nas duas passagens, tem valor causal; por seu turno, "conquanto" tem valor concessivo e "porquanto", conclusivo.
III. Os articuladores “porque”, em ambas as ocorrências, apresentam o mesmo valor semântico ao introduzirem ideia de causa.
Correto. Vide o item I para melhor entendimento.
IV. O segundo “porque” poderia ser escrito separado e sem acento (por que), sem que tal alteração ferisse os princípios na norma culta escrita no contexto em questão.
Incorreto. É conjunção e deve ser grafada unida. O "por que", separado e sem acento, indica sempre pergunta direta ou indireta ou pode ser trocado por "pelo(s)/pela(s) qual(is)".
Letra B
LETRA B
I - ERRADO: Exprime a ideia da irrelevância da explicação de certos conteúdos gramaticais por serem irrelevantes.
II ERRADO: CONQUANTO = Conjunção subordinativa concessiva (consequência); PORQUANTO = Conjunção subordinativa causal. E no caso, ambos os "porquês" exprimem ideia de causa.
III - CERTO: Ambos os "porquês exprimem ideia de causa.
IV - ERRADO: POR QUÊ = Final de frase ou oração.
As questões de português dessa banca não são para amadores.
Vamos seguir fortes colegas!
Uma dica:
Nas causais, em alguns casos, é possível substituir o "porque" pela preposição " por" e colocar o verbo no infinitivo sem perder o sentido.
uma série de bobagens e gramatiquices que não ensinamos para os estrangeiros, por não serem relevantes para comunicação.
ou
inverte a ordem e introduz com " como".
como não eram relevantes para a comunicação, não ensinamos para os estrangeiros.
GABARITO: LETRA B.
“... uma série de bobagens e gramatiquices que não ensinamos para os estrangeiros, porque não são relevantes para comunicação, também porque não fazem parte da língua como ela é.” (8o§)
I. A primeira ocorrência do termo “porque” introduz ideia de explicação para o fato de não se ensinar conteúdos gramaticais para estrangeiros. - ERRADO.
Na verdade, o primeiro "porque" introduz ideia de causa, e não de explicação.
II. O primeiro “porque” pode ser substituído pelo termo “conquanto” e o segundo pelo termo “porquanto”, sem provocar alteração de sentido no texto. ERRADO.
"Porque" é uma conjunção subordinativa causal, enquanto "conquanto" é uma conjunção subordinativa concessiva, de modo que não se pode substituir uma pela outra. Já o segundo termo poderia ser substituído por "porquanto", haja vista que ambos são conjunções causais.
III. Os articuladores “porque”, em ambas as ocorrências, apresentam o mesmo valor semântico ao introduzirem ideia de causa. - CERTO.
Ambos os porquês são conjunções subordinativas causais, portanto introduzem o mesmo valor semântico.
IV. O segundo “porque” poderia ser escrito separado e sem acento (por que), sem que tal alteração ferisse os princípios na norma culta escrita no contexto em questão. - ERRADO.
O segundo porquê é uma conjunção subordinativa causal, de modo que deve ser escrito junto e sem acento.
alguém me explica o motivo da I está errada
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