Observe o emprego do acento grave indicador de crase no tre...
Pedro Nava expõe lado humano da medicina
MOACYR SCLIAR
Estudante de medicina, assisti em Porto Alegre a uma conferência de um então famoso reumatologista, o doutor Pedro Nava (1903-1984).
Àquela altura eu já escrevia, e julgava-me razoavelmente familiarizado com a literatura brasileira. Mas eu não conhecia Nava como escritor. Explicável: era o típico poeta bissexto. Publicava raramente, ainda que tivesse estreado em 1924 com os modernistas mineiros e ainda que Pablo Neruda tivesse considerado o seu "Defunto" ("Meus amigos, tenham pena/ senão do morto, ao menos dos sapatos do morto/ dos seus incríveis, patéticos/ sapatos pretos de verniz") o maior poema da língua portuguesa.
Agora, o sobrinho de Pedro Nava, o também médico Paulo Penido, reúne, em "O Anfiteatro", textos sobre medicina, na maioria extraídos da obra memorialística de Nava, que aliás fazia uma diferença entre memorialista ("conta o que quer") e historiador ("deve contar o que sabe "). Mas, sendo memorialista, Nava é também historiador, não só porque alude a episódios como a Revolução de 1932, como também porque suas memórias evocam a trajetória da medicina ao longo de boa parte do século 20, graças a uma abrangente experiência, iniciada no interior de Minas: "Clínico de roça, fui médico, operador e parteiro (...). Entrei em todas as casas, desde a choça do sertão e do barraco dos morros aos solares dos ricos e aos palácios presidenciais. Vi todas as agonias da carne e da alma. Todas as misérias do pobre corpo humano". Descreve depois as aventuras do dr. Egon (que, como o nome sugere, funciona como alter ego), o atendimento realizado em condições precárias: para fazer um parto, o médico precisa primeiro remover folhas de urucum colocadas na vagina da parturiente; para atender um enfermo, retira o cataplasma de bosta de vaca nele colocado. E os desafios são grandes, nesta área de doenças endêmicas, em que a malária é frequente.
Mais tarde, Pedro Nava se muda para o Rio, torna-se chefe da Policlínica Central (o "Anfiteatro" do título é o lugar onde ele organizava as reuniões clínicas). Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais, de Anton Tchekov, de Conan Doyle, de Miguel Torga, de Jorge de Lima, de Guimarães Rosa. Também não são raras obras literárias sobre médicos e pacientes, como "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, ou "O Alienista", de Machado de Assis . Pedro Nava inscreve-se assim numa tradição ilustre - e necessária, numa época em que os aspectos tecnológicos da medicina se acentuam cada vez mais, em detrimento do lado humanístico. Muitas faculdades de medicina estão, por isso, estimulando seus alunos a ampliar sua cultura literária, dentro do que se cham a "humanidades médicas". "O médico", diz Nava, "precisa duma grande curiosidade de si mesmo e de suas reações diante das doenças e dos doentes". Para esta curiosidade, para esse interesse, "O Anfiteatro" é uma bela resposta.
https://www1 .folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2109200218.htm
Observe o emprego do acento grave indicador de crase no trecho a seguir:
“Àquela altura eu já escrevia, e julgava-me razoavelmente familiarizado com a literatura brasileira.”
Ele foi, também, corretamente usado em:
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
Masculino ?
Crase correta, é só trocar aquele por a este, se couber a troca haverá crase.
A este paciente, foi prescrito um medicamento oral.
Gab C.
Gab C
Ao inverter a frase temos: "Foi prescrito um medicamento oral àquele paciente"
o verbo FOI nesse caso é transitivo direto e indireto.
Pela maneira prática de se achar o objeto direto e indireto temos:
1ª pergunta: Foi o quê? Prescrito um medicamento oral (Obj Direto)
2ª pergunta: Foi prescito A QUEM? AQUELE PACIENTE (Obj Indireto).
A contração da proposição A, utilizada na segunda pergunta para achar o objeto indireto, contraída com pronome demonstrativo AQUELE gera o acento agudo que simboliza a crase utilizada na alternativa em questão.
GABARITO: LETRA C
a) As cestas foram distribuídas à uma instituição cadastrada. >>> foram distribuídas A algum lugar ---- temos aqui a preposição que é exigida, porém já encontra-se presente o artigo indefinido "uma", logo não temos o artigo definido "a" para formar crase. Correto: a uma....
b) À nenhuma das famílias foi oferecido auxílio. >>> não há artigo definido "a" antes de pronome indefinido (nenhuma), logo deveria ter sido usado somente a preposição "a": Foi oferecido auxílio a nenhuma das famílias.
c) Àquele paciente, foi prescrito um medicamento oral. >>> Foi prescrito alguma coisa (um medicamento oral) A alguém (aquele + a "preposição" = àquele --- há crase antes do pronome: aquele(s), aquela(s), quando um termo exigir o uso da preposição)
d) O médico ofereceu assistência à suas clientes. >>> Quem oferece, oferece alguma coisa (assistência) a alguém (a suas clientes --- somente preposição, pois o uso do artigo antes de pronome possessivo é facultativo ou às suas clientes --- as "artigo definido" + a "preposição).
e) Referia-se à ela e ao filho. >>> referia-se A alguém (a ela --- somente preposição, pois não se usa artigo definido antes de pronome do caso reto).
Força, guerreiros(as)!!
Foi prescrito um medicamento oral àquele paciente
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo