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Q1930807
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Teoria Geral do Quase
Carlos Heitor Cony
o terminar meu nono romance (Pilatos), há mais de vinte anos, prometi a mim mesmo que, acontecesse o
que acontecesse, aquele seria o último. Nada mais teria a dizer – se é que cheguei a dizer alguma coisa.
Daí a repugnância em considerar este Quase memória como romance. Falta-lhe, entre outras coisas, a
linguagem. Ela oscila, desgovernada, entre a crônica, a reportagem e, até mesmo, a ficção.
Prefiro classificá-lo como “quase-romance” – que de fato o é. Além da linguagem, os personagens reais e
irreais se misturam, improvavelmente, e, para piorar, alguns deles com os próprios nomes do registro civil. Uns e
outros são fictícios. Repetindo o anti-herói da história, não existem coincidências, logo, as semelhanças, por serem
coincidências, também não existem.
No quase-quase de um quase-romance de uma quase-memória, adoto um dos lemas do personagem
central deste livro, embora às avessas: amanhã não farei mais essas coisas.
C.H.C
Referência: CONY, Carlos Heitor. Quase memória: quase-romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
A leitura de Teoria geral do quase permite afirmar
que sua ideia central é a de que