É preciso corrigir a forma sublinhada na frase:
Do fato de que o homem é sempre bom, e que a sociedade o corrompe, não se seguia logicamente, no pensamento de Rousseau, a conclusão de que as deliberações do povo fossem sempre boas. "Cada um procura o seu bem, mas nem sempre o enxerga. O povo nunca é corrompido, mas é freqüentemente enganado, e é então que ele parece querer o mal" - advertia o filósofo.
É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado, sendo apenas a soma de vontades particulares". Para Rousseau, nada garantiria que a vontade geral predominasse sempre sobre as vontades particulares. Ao contrário, ele tinha mesmo da vida em sociedade uma visão essencialmente pessimista. Sustentava que os povos são virtuosos apenas na sua infância e juventude. Depois, corrompem-se irremediavelmente.
Não há, pois, maior contra-senso interpretativo do que afirmar que o princípio da soberania absoluta do povo tem origem em Rousseau. Na verdade, ele, que sempre foi um moralista, preocupado antes de tudo com a reforma dos costumes, descria completamente de qualquer remédio jurídico para os males da humanidade.
(Fábio Konder Comparato)
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A alternativa correta é a C.
Vamos entender o porquê e analisar as alternativas incorretas.
Tema da Questão: A questão aborda o uso correto dos diferentes tipos de "porquês" na língua portuguesa. Para resolvê-la, é necessário conhecer a diferença entre "por que", "porque", "porquê" e "por quê".
Justificativa da Alternativa Correta (C):
Na frase "Sim, a vontade geral quase nunca sobrepuja as vontades particulares, mas por que?", temos uma pergunta direta ou indireta, o que nos obriga a usar "por que" (separado e sem acento). Aqui, ele está no final da frase, indicando uma pergunta: "mas por que?".
Análise das Alternativas Incorretas:
A - Os homens se corrompem porque seus interesses pessoais sobrepujam todos os outros.
Na alternativa A, "porque" está sendo usado como uma conjunção explicativa, justificando o motivo pelo qual os homens se corrompem. Não há necessidade de correção.
B - Por que sempre há os que deturpam o pensamento alheio?
Nesta frase, temos uma pergunta direta. "Por que" deve ser separado, pois está questionando o motivo. Novamente, não há necessidade de correção.
D - O porquê do egoísmo humano sempre foi um grande mistério.
O uso de "porquê" está correto, pois aqui ele funciona como um substantivo, antecedido por um artigo ("o"). Não há necessidade de correção.
E - A justiça social, por que todos lutam, está longe de ser alcançada.
Nesta frase, "por que" está sendo usado como pronome relativo, mas deve ser substituído por "por que" (separado), como explicação para a luta pela justiça social. A forma correta seria "pela qual". Alternativa incorreta.
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USOS DO PORQUE:
PORQUE= substitui-se por pois, é usado em respostas e explicações.
Ex: Sou um perdedor porque as mulheres não me dão atenção.
POR QUE= caráter interrogativo, usado no começo ou para estabelecer relação com termo anterior (caso da alternativa E).
Ex: Por que minha ex me deixou?
POR QUÊ= caráter interrogativo, usado no final.
Ex: Minha ex me deixou. Por quê?
Porquê= causa, razão.
Ex: Minha ex me deixou e nem disse o porquê.
Emprego de “porquês”
Por que (separado e sem acento)
1) Expressão adverbial interrogativa de causa (ou explicação), podendo aparecer em interrogações diretas e indiretas. Nesse caso, pode estar explícito ou não o termo “motivo” (“razão”). Veja.
Por que razão o homem maltrata a natureza?
Por que o homem maltrata a natureza?
Ninguém sabe por que razão o homem maltrata a natureza.
Ninguém sabe por que o homem maltrata a natureza.
2) Expressão relativa com função anafórica. Nesse caso, equivale a uma das seguintes expressões: pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais.
A estrada por que vim é tranquila. (por que = pela qual)
O fax por que enviei a texto é antigo. (por que = pelo qual)
Obs.1: Também se usa “por que” quando a palavra “que” funciona como pronome indefinido adjetivo (equivalendo a “qual”). Nesse caso, “por que” equivale a “por qual”.
Você sabe por que caminho ela está vindo?
Obs. 2: Cuidado. Por vezes o segmento “por que” corresponde à seguinte morfologia: a preposição “por” é exigida por um termo anterior; e “que” é conjunção integrante. Veja:
Minha luta por que você supere isso é grande.
Por quê (separado e com acento)
Também tem valor adverbial interrogativo. O acento ocorre diante de pausas fortes. Veja:
O homem maltrata a natureza por quê?
O homem maltrata a natureza, mas ninguém sabe por quê.
Ninguém sabe por quê, mas o homem maltrata a natureza.
Ela admitiu o homicídio, mas explicar por quê será difícil.
Porque (junto e sem acento)
Trata-se sempre de conjunção: seja explicativa, seja causal, seja final.
Não chore, porque me daria pena.
Não chorei porque não tive vontade.
Não chorarei porque não demonstre fragilidade.
Você se assustou porque eu gritei?
Porquê (junto e com acento)
Trata-se de substantivo.
Ninguém sabe o porquê, mas o homem maltrata a natureza.
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