A diferença entre pauperismo e questão social caracteriza-se...

Vamos analisar a questão sobre a diferença entre pauperismo e questão social, um tema central no estudo das ciências sociais e do serviço social. Compreender esses conceitos é importante para entender as dinâmicas sociais e econômicas que afetam a realidade de grupos marginalizados.

**Alternativa Correta: D - o pauperismo é a manifestação mais aguda da questão social, mas não a resume.**

A alternativa D é correta porque o pauperismo, que se refere à pobreza extrema, é uma manifestação grave da questão social, mas não abrange todo o espectro dessa questão. A questão social é um conceito amplo que inclui várias formas de desigualdade e injustiça, como o desemprego, a exploração trabalhista e a falta de acesso a direitos sociais. O pauperismo é apenas um dos sintomas mais evidentes dessas desigualdades.

Justificando a Alternativa Correta: A questão social engloba um conjunto de problemas estruturais decorrentes do modo de produção capitalista, que afetam a vida dos trabalhadores. Segundo Iamamoto (2007), a questão social está relacionada às condições de exploração e desigualdade geradas por esse sistema. Portanto, o pauperismo é uma manifestação intensa dentro desse contexto, mas não é a questão social em sua totalidade.

Analisando as Alternativas Incorretas:

A - "as sociedades conhecidas possuem pobres e, portanto, o pauperismo não é eliminável." Essa alternativa está incorreta porque pressupõe que a pobreza é inerente a todas as sociedades e não pode ser superada, o que é uma visão determinista e não se alinha à teoria crítica que busca compreender e transformar a realidade social.

B - "a pobreza aparecia pela primeira vez na História, com o capitalismo." Errada, pois a pobreza é um fenômeno que existiu em diferentes modos de produção ao longo da história, não sendo exclusividade do capitalismo.

C - "o restrito desenvolvimento das bases técnicas, antes do capitalismo, impedia a eliminação da miséria material." Embora o desenvolvimento técnico influencie a questão da miséria, esta alternativa simplifica a complexidade da questão social, que envolve mais do que questões técnicas.

E - "a pobreza é o resultado da falta de disposição para o trabalho dos subalternos." Esta alternativa reproduz um preconceito que responsabiliza os indivíduos por sua condição, ignorando as condições estruturais que geram a pobreza.

A compreensão correta do que constitui a questão social e suas manifestações é crucial para intervenções eficazes em políticas públicas e no campo do serviço social. Esse conhecimento ajuda a entender a complexidade das desigualdades e buscar soluções mais justas.

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Gabarito D

Segundo Elaine Berring e Ivanete Boschetti, o pauperismo é o fenômeno mais agudo decorrente da chamada questão social.

Política Social: fundamentos e história. Biblioteca Bãsica.

Do Estatuto dos trabalhadores de 1349, passando pela Lei dos pobres elisabetanas (que sucederam entre 1531 e 1601) até a Speenhamland Act de 1975, as legislações que existiam estabeleciam um “código coercitivo do trabalho” (Castel, 1998 apud BOSCHETTI e BEHRING, 2006) e seu carater era punitivo, repressivo e não protetor. É a primeira iniciativa de dividir e regulamentar a pobreza.

Polany afirma que o principio estruturador dessas leis era obrigar o exercício do trabalho a todos que apresentassem condições de trabalhar, e que as ações assistenciais previstas tinham o objetivo de induzir o trabalhador a se manter por meio de seu trabalho ( Polany, 2000 apud BOSCHETTI e BEHRING, 2006).

Já a Nova Lei dos pobres de 1834, já no contexto da Revolução Industrial, ao contrário das demais, tinha como objetivo induzir o trabalhador a se manter por meio de seu trabalho no sentido de liberar a mão-de-obra necessária à instituição da sociedade de mercado. Se as legislações sociais pré-capitalistas eram punitivas, restritivas e agiam na intersecção da assistência social e do trabalho forçado, o “abandono” dessas tímidas e repressivas medidas de proteção no auge da Revolução Industrial lança os pobres à “servidão da liberdade sem proteção” no contexto de plena subsunção do trabalho ao capital, provocando o pauperismo como fenômeno mais agudo e decorrente da chamada “questão social” (Idem). Trata-se do momento de consolidação do primado liberal.

https://www.ifch.unicamp.br/formulario_cemarx/selecao/2012/trabalhos/6511_Araujo_Fernanda.pdf