Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período:
Do fato de que o homem é sempre bom, e que a sociedade o corrompe, não se seguia logicamente, no pensamento de Rousseau, a conclusão de que as deliberações do povo fossem sempre boas. "Cada um procura o seu bem, mas nem sempre o enxerga. O povo nunca é corrompido, mas é freqüentemente enganado, e é então que ele parece querer o mal" - advertia o filósofo.
É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado, sendo apenas a soma de vontades particulares". Para Rousseau, nada garantiria que a vontade geral predominasse sempre sobre as vontades particulares. Ao contrário, ele tinha mesmo da vida em sociedade uma visão essencialmente pessimista. Sustentava que os povos são virtuosos apenas na sua infância e juventude. Depois, corrompem-se irremediavelmente.
Não há, pois, maior contra-senso interpretativo do que afirmar que o princípio da soberania absoluta do povo tem origem em Rousseau. Na verdade, ele, que sempre foi um moralista, preocupado antes de tudo com a reforma dos costumes, descria completamente de qualquer remédio jurídico para os males da humanidade.
(Fábio Konder Comparato)
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Vamos analisar a questão de pontuação a partir do texto de Fábio Konder Comparato, que aborda as ideias de Rousseau sobre soberania e a distinção entre vontade geral e vontade de todos. O texto requer atenção à pontuação, fundamental para o entendimento dos argumentos apresentados.
A alternativa C, que diz: "Ao se referir à infância dos povos, o pensador francês alude ao homem no estado da pura natureza, longe dos artifícios da civilização.", está inteiramente adequada quanto à pontuação. Vamos entender por quê:
Justificativa para a alternativa C:
A frase está corretamente pontuada porque:
- O uso da vírgula após "povos" é adequado, pois separa uma oração subordinada adverbial introdutória, proporcionando clareza sobre a ação do pensador francês em relação à infância dos povos.
- Não há vírgulas desnecessárias que interrompam o fluxo de leitura ou criem pausas indevidas, garantindo que o sentido da frase seja preservado.
Análise das alternativas incorretas:
A: "Se de fato, a vontade geral predominasse, sobre as vontades particulares, as decisões políticas, refletiriam mais do que interesses, pessoais ou corporativos."
- A vírgula após "de fato" é desnecessária, pois não há pausa natural nesse ponto.
- A vírgula após "predominasse" também está incorreta, pois separa indevidamente o sujeito do predicado.
- As vírgulas em "decisões políticas," e "interesses, pessoais" são inadequadas, quebrando a fluidez da frase.
B: "A distinção entre as duas vontades feita por Rousseau, pode parecer estranha à primeira vista, mas logo, revela-se cheia de sabedoria."
- A vírgula após "Rousseau" é desnecessária; ela separa o sujeito do verbo.
- A vírgula após "logo" é desnecessária, pois não há pausa natural.
D: "Os bons leitores, de um grande filósofo, devem evitar que, um pensamento complexo, se torne simplório, para assim não falsificar sua tese central."
- A vírgula após "leitores" é incorreta, pois não há necessidade de separar o sujeito do predicado.
- A vírgula após "que" está incorreta, pois não há pausa natural antes de um complemento direto.
E: "O pessimismo de Rousseau ao qual o autor do texto alude, prende-se ao fato de que, o filósofo genebrino, lamentava os rumos da civilização."
- A vírgula após "que" é desnecessária, interrompendo erroneamente a oração.
- Vírgulas em "filósofo genebrino," criam pausas desnecessárias, separando sujeito e verbo.
Ao entender a função de cada vírgula, podemos aprimorar a clareza e precisão do texto, essencial para a comunicação efetiva das ideias.
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a) Se, de fato, a vontade geral predominasse (,) sobre as vontades particulares, as decisões políticas (,) refletiriam mais do que interesses (,) pessoais ou corporativos.
Se, de fato, a vontade geral predominasse sobre as vontades particulares, as decisões políticas refletiriam mais do que interesses pessoais ou corporativos.
b) A distinção entre as duas vontades feita por Rousseau (,) pode parecer estranha à primeira vista, mas logo (,) revela-se cheia de sabedoria.
A distinção entre as duas vontades feita por Rousseau pode parecer estranha à primeira vista, mas logo revela-se cheia de sabedoria.
c) CORRETA
d) Os bons leitores (,) de um grande filósofo (,) devem evitar que (,) um pensamento complexo (,) se torne simplório, para assim não falsificar sua tese central.
Os bons leitores de um grande filósofo devem evitar que um pensamento complexo se torne simplório, para assim não falsificar sua tese central.
ou
Os bons leitores de um grande filósofo devem evitar que um pensamento complexo se torne simplório, para, assim, não falsificar sua tese central. [pode haver vírgulas entre "assim", pois trata-se de adjunto adverbial pequeno (uma só palavra). São facultativas.]
e) O pessimismo de Rousseau, ao qual o autor do texto alude, prende-se ao fato de que (,) o filósofo genebrino (,) lamentava os rumos da civilização.
O pessimismo de Rousseau, ao qual o autor do texto alude, prende-se ao fato de que o filósofo genebrino lamentava os rumos da civilização.
a) Se de fato, a vontade geral predominasse sobre as vontades particulares, as decisões políticas refletiriam mais do que interesses, pessoais ou corporativos.
b) A distinção entre as duas vontades feita por Rousseau pode parecer estranha à primeira vista, mas logo, revela-se cheia de sabedoria.
c) Ao se referir à infância dos povos, o pensador francês alude ao homem no estado da pura natureza, longe dos artifícios da civilização.
d) Os bons leitores, de um grande filósofo, devem evitar que, um pensamento complexo, se torne simplório, para assim não falsificar sua tese central.
e) O pessimismo de Rousseau ao qual o autor do texto alude, prende-se ao fato de que, o filósofo genebrino lamentava os rumos da civilização
GABARITO: C
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