“Veja-se o caso da capoeira. Há bem pouco tempo era desqual...
“Veja-se o caso da capoeira. Há bem pouco tempo era desqualificada como ação social e reduzida a uma pequena parcela marginalizada da população. A prática era proibida, seus gestos eram tidos como violentos e os capoeiristas vistos como pessoas desprovidas de valores. Em tais circunstâncias, a presença desse artefato cultural na escola era algo inadmissível. Na arena de lutas pela imposição de sentidos, a capoeira foi mantida por muito tempo à margem da sociedade. Estar à margem é estar permanentemente na fronteira, e os elementos aí situados contribuem para desestabilizar a cultura central. À medida em que disputas simbólicas foram travadas, não só a capoeira como também o grupo social que a produziu passaram a ser entendidos de outra maneira. Hoje, a capoeira é símbolo da identidade nacional e sua prática penetrou em ambientes como a escola, clubes e academias da elite. Como forma de expressão de um povo, a capoeira ganhou mais do que um espaço de atuação; propiciou uma ação política da cultura negra”.
NEIRA, Marcos Garcia. Práticas Corporais: brincadeiras, danças, lutas,
esportes e ginásticas. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2014, p. 18.
No excerto em questão, o autor oferece o exemplo da
capoeira para: