É correto afirmar que o texto é o relato de

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Q931032 Português

      Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria autoacusação: ao nela me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdoo. Preciso é prestar atenção para não me encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queira o retorno a mim mesmo.

      Um dia, no avião... ah, meu Deus – implorei – isso não, não quero ser essa missionária!.

      Mas era inútil. Eu sabia que, por causa de três horas de sua presença, eu por vários dias seria missionária. A magreza e a delicadeza extremamente polida de missionária já me haviam tomado. É com curiosidade, algum deslumbramento e cansaço prévio que sucumbo à vida que vou experimentar por uns dias viver. E com alguma apreensão, do ponto de vista prático: ando agora muito ocupada demais com os meus deveres e prazeres para poder arcar com o peso dessa vida que não conheço – mas cuja tensão evangelical já começo a sentir. No avião mesmo percebo que já comecei a andar com esse passo de santa leiga: então compreendo como a missionária é paciente, como se apaga com esse passo que mal quer tocar o chão, como se pisar mais forte viesse prejudicar os outros. Agora sou pálida, sem nenhuma pintura nos lábios, tenho o rosto fino e uso aquela espécie de chapéu de missionária.

                (Clarice Lispector, Encarnação involuntária. Felicidade clandestina.)

É correto afirmar que o texto é o relato de
Alternativas

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Para resolver essa questão, precisamos focar na interpretação de texto. O enunciado nos apresenta um fragmento de Clarice Lispector, onde a personagem descreve uma experiência de encarnação involuntária, ou seja, ela assume o modo de ser de outra pessoa após observá-la.

Alternativa B: "uma experiência interior da personagem, que assume o modo de ser de outra pessoa" é a resposta correta. O texto descreve como a personagem se "encarna" em outra pessoa, especificamente uma missionária, e passa a experimentar sua vida e seus sentimentos. Isso é o cerne da narrativa: a transformação interna da personagem ao adotar temporariamente a identidade de outra.

Por que as outras alternativas estão erradas?

Alternativa A: "uma viagem de avião, durante a qual a personagem revela sua verdadeira identidade". Essa opção é incorreta porque, embora o avião seja o cenário da experiência, o foco do texto não é a viagem em si ou a revelação de uma identidade verdadeira, mas sim a experiência de encarnação.

Alternativa C: "um devaneio da personagem, que não valoriza a dedicação ao trabalho missionário". Esta alternativa está errada porque o texto não desvaloriza o trabalho missionário; ao contrário, a personagem passa a entender e sentir a vida missionária, ainda que temporariamente.

Alternativa D: "um novo modo de encarar a vida, da perspectiva de alguém que recusa velhos padrões de comportamento". Esta não é a ideia central do texto. A narrativa não aborda a rejeição de padrões, mas sim a experiência de viver a vida de outra pessoa.

Alternativa E: "uma sensação incômoda da personagem, diante da impossibilidade de viver uma experiência vital". Esta interpretação não é precisa, pois a personagem de fato vive a experiência de ser missionária, ainda que de forma temporária e involuntária, e não expressa incômodo pela impossibilidade de vivê-la.

Ao interpretar textos, é importante identificar o tema principal e os elementos de coesão que sustentam a narrativa. No caso deste texto, a transformação interior e a empatia são fundamentais para entender a mensagem transmitida pela autora.

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Comentários

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GAB B

Respondi pelo nome da obra...rsrs

                (Clarice Lispector, Encarnação involuntária. Felicidade clandestina.)

No começo ele (autor) fala que encarna na pessoa (creio eu, em sua personalidade) para conhecê-la: "Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la."

 

b) uma experiência interior da personagem, que assume o modo de ser de outra pessoa.

 

Odeio os textos da Clarice Lispector, sempre são os mais difíceis de responder!

Texto show de bola!

FORÇA,GUERREIROS!

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