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Q2465569 História
[...] quase todos [os meninos índios] vêm duas vezes por dia à escola, sobretudo de manhã; pois de tarde todos se dão `caças ou à pesca para se darem sustento; se não trabalham não comem. Mas o principal cuidado que temos deles está em declararmos os rudimentos da fé, sem descuidar o ensino das letras; estimam-no tanto que, se não fosse esta atração, talvez não os pudéssemos levar a mais nada [...] Se acaso alguns deles, pouco que seja, se dá, ou pelo jeito do corpo ou pelas palavras ou de qualquer outro modo, a alguma coisa que tenha ressaibo de costumes gentios, imediatamente os outros o acusam e riem dele. (ANCHIETA, José de. Doutrina Cristã, p. 210. In: DAHER, Andrea. Oralidade perdida: ensaios de história das práticas letradas. RJ: Civilização Brasileira, 2012. p. 59)
A contrarreforma teve um impacto direto na atuação da Igreja Católica nas colônias, e a Companhia de Jesus foi a protagonista da expansão do catolicismo. Na América portuguesa, os escritos de José de Anchieta são relatos importantes para a investigação das relações entre portugueses e os povos originários, bem como as relações entre os próprios indígenas nos espaços cristianizados. Nesse sentido, podemos dizer que o relato de Anchieta nos oferece a possibilidade de explorar o seguinte tema: 
Alternativas

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A alternativa correta é a B - Disciplinarização dos corpos indígenas.

Vamos entender como chegamos a essa conclusão:

O excerto do texto de José de Anchieta destaca a prática dos jesuítas de educar os meninos indígenas, com o objetivo principal de ensinar os rudimentos da fé católica. Além disso, os jesuítas também ensinavam outras disciplinas, mas sempre com o foco na doutrinação religiosa.

Essa prática reflete a disciplinarização dos corpos indígenas, ou seja, a tentativa de moldar o comportamento e a mentalidade dos indígenas segundo os valores europeus-cristãos. A questão menciona que, por meio da educação e da doutrinação religiosa, os jesuítas visavam controlar e transformar os modos de vida dos indígenas para que se alinhassem aos preceitos católicos e à cultura europeia.

Agora, vamos analisar por que as outras alternativas estão incorretas:

A - Exortação à rebelião contra o colonizador. Essa alternativa está incorreta porque o texto de Anchieta não incentiva a revolta ou qualquer tipo de rebelião contra os colonizadores. Pelo contrário, o foco é na submissão e adaptação dos indígenas aos valores europeus e cristãos.

C - Defesa das práticas e costumes dos povos originários. O texto não faz uma defesa das práticas e dos costumes indígenas. Na verdade, ele descreve uma tentativa de modificar e substituir esses costumes pelos valores cristãos, o que é justamente o oposto de uma defesa.

D - Preservação da cosmogonia dos povos originários. A cosmogonia refere-se às visões de mundo e mitologias próprias dos povos indígenas. O texto de Anchieta mostra um esforço em substituir essas crenças pela doutrina cristã, e não em preservá-las.

E - Implantação do ensino laico. A alternativa está incorreta porque o ensino descrito no texto é fortemente religioso, com a ênfase na doutrinação cristã. A proposta dos jesuítas era educar os indígenas para converter-se ao cristianismo, não para oferecer uma educação laica, ou seja, sem orientação religiosa.

Em resumo, o texto exemplifica a disciplinarização dos corpos indígenas pelos jesuítas, que visavam controlar e transformar a cultura indígena através da educação religiosa e do comportamento social, conforme os valores europeus e cristãos.

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Comentários

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Literatura de informação - Consiste em simplesmente informar sobre o que está acontecendo no Brasil.

Literatura de catequese - consiste em caterquesar os índios para a igreja católica. Visto que, após a eclosão da Reforma protestante, a igreja estava perdendo a sua hegemonia. Portanto, buscou meios para continuar o seu crescimento.

A alternativa correta é: B. As ideias que consideravam os povos indígenas como grupos heterogêneos e agentes ativos que participaram de processos históricos de acordo com seus interesses, buscando benefícios individuais e para suas comunidades.

Justificativa: A afirmativa B descreve uma visão que já foi incorporada às novas abordagens historiográficas, ou seja, ela não representa uma ideia que "não se sustenta". Na verdade, estudos mais recentes reconhecem os povos indígenas como sujeitos históricos ativos, com capacidade de adaptação e resistência frente às adversidades impostas pelos sistemas coloniais.

OBS.: As demais alternativas (A, C e D) refletem ideias ultrapassadas ou revisionistas que ignoravam a agência, resistência e rearticulação dos povos indígenas ao longo da história.

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