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Q2465576 História
Em julho de 2011, quatro cidadãos quenianos, três homens e uma mulher, ouviram numa sala de audiências do High Court, em Londres, um juiz pronunciar-se a favor da admissibilidade da ação que haviam interposto, dois anos antes, contra o governo do Reino Unido, no sentido de se verem ressarcidos por abusos e torturas alegadamente sofridos às mãos de agentes do poder colonial britânico no Quênia, em meados da década de 1950. Wambugu Wa Nyingy, Paulo Muoka Nzili, Ndiku Mutwiwa Mutua e Jane Muthoni Mara, todos eles octogenários, afirmam ter sido sujeitos a sevícias de vária ordem, incluindo castrações e violações sexuais, todas elas geradoras de traumas que os acompanharam pela vida fora. Entre as muitas vítimas deste gênero de práticas ter-se-á contado também o avô paterno de Barack Obama, que depois de ter servido no exército britânico na Birmânia durante a II Guerra Mundial, foi acusado de ter pertencido ao movimento Mau-Mau. As primeiras audiências do julgamento tiveram início na primeira quinzena de Julho, mas as suas implicações extravasaram já o âmbito estritamente judicial. Para além do precedente que pode resultar daqui para situações análogas (no Chipre e Malásia, nomeadamente), o caso está a obrigar os historiadores, e a opinião pública, a reequacionarem o papel da violência no fim do império, que tudo indica ter sido muito mais relevante do que até aqui geralmente se admitia. Na verdade, seria errado sugerir que os historiadores alguma vez tenham negado que essa dimensão estivesse presente. Mas algumas obras recentes – Histories of the Hanged (2005), do britânico David Anderson, ou Britain’s Gulag (2005), da americana Caroline Elkins, curiosamente ambas publicadas no rescaldo das primeiras revelações sobre a prática de tortura em prisões no Iraque pós-invasão - têm trazido elementos que demonstram como o recurso a métodos de repressão, controle e terror foi tão sistemático no contexto da descolonização britânica como no de outros espaços imperiais europeus. Os dois historiadores, juntamente com Huw Bennett, um especialista na campanha do exército britânico durante a fase militar do conflito do Quênia (1952-1960), foram arrolados como peritos pela firma de advogados que representa os antigos prisioneiros quenianos e foram eles quem começaram a examinar a enorme massa de documentação que este caso ajudou a desclassificar – e que se tornou num processo altamente polêmico por si só. (OLIVEIRA, Pedro Aires. A vingança dos Mau-Maus e os arquivos secretos da descolonização britânica. Extraído de: https://www.publico.pt/2012/09/02/jornal/a-vinganca-dos-maumau-e-os-arquivos-secretos-da-descolonizacao-britanica-25125044
A partir da análise do texto, é correto afirmar que o relato
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Olá, aluno! Vamos entender melhor a questão e a resposta correta.

A alternativa correta é a E: contribui para superar idílios coloniais elaborados pelos britânicos em torno de uma certa benevolência da metrópole diante dos avanços dos movimentos de independência.

Vamos analisar o porquê dessa escolha e entender as alternativas incorretas. O texto aborda a questão dos abusos cometidos por agentes do poder colonial britânico no Quênia durante meados da década de 1950. Esse contexto evidencia uma desconstrução da narrativa de que a descolonização britânica teria sido um processo pacífico ou benevolente.

Alternativa E é correta porque:

  • O texto menciona que historiadores e a opinião pública estão reavaliando a dimensão da violência no fim do império britânico, mostrando que a repressão e o controle foram mais sistemáticos do que se admitia.
  • Obras como as de David Anderson e Caroline Elkins trazem à tona evidências de que a violência e as torturas foram práticas comuns, o que desmistifica a imagem de um processo de descolonização pacífico.
  • Essa reavaliação ajuda a superar mitos coloniais sobre a benevolência britânica, deixando claro que os movimentos de independência enfrentaram dura repressão.

Agora, vamos entender as outras alternativas e por que elas estão incorretas:

Alternativa A - reforça a concepção de que a independência das colônias inglesas foi uma concessão unilateral das metrópoles.

Esta alternativa está incorreta porque o texto não sugere que a independência foi uma concessão unilateral. Pelo contrário, mostra que houve resistência e repressão violenta por parte do império britânico.

Alternativa B - abre perspectivas para os historiadores da descolonização reforçar as narrativas eurocêntricas sobre as independências africanas.

Esta alternativa está incorreta porque o texto sugere justamente o contrário: que as novas evidências forçam a reavaliar e desafiar as narrativas eurocêntricas, mostrando a violência empregada pelos colonizadores.

Alternativa C - aponta para a necessidade do historiador resguardar a sua neutralidade diante dos temas sensíveis, geradores de demandas judiciais por reparação.

Esta alternativa está incorreta porque o texto destaca a importância de os historiadores examinarem e revelarem a verdade, mesmo que isso envolva temas sensíveis e polêmicos.

Alternativa D - reforça a concepção de que o historiador deve se afastar de relatos de testemunhos individuais e coletivos dado o grau de subjetividade da memória.

Esta alternativa está incorreta porque o texto mostra que os testemunhos são importantes para compreender a dimensão da violência colonial e a experiência das vítimas, sendo um recurso valioso para os historiadores.

Espero que esta análise tenha ajudado a esclarecer a questão! Se tiver mais dúvidas, estou à disposição para ajudar.

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Gabarito

E

contribui para superar idílios coloniais elaborados pelos britânicos em torno de uma certa benevolência da metrópole diante dos avanços dos movimentos de independência. 

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