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Q2465596 História
Como outros reis do início da Idade Moderna, especialmente após 1648, Luís tentou se apresentar como igual ao imperador, e seu reinado como um império. Assim, por exemplo, na descrição oficial da entrada de 1660, a famosa frase da Eneida, de Virgilio, “foi-me dado um império sem limite” [imperium sine fine dedi] foi aplicada aos reis de França, que foram apresentados como sucessores dos imperadores romanos. A reivindicação foi feita de modo mais explícito e cabal em 1667, no panfleto escrito por Aubéry sobre os direitos de Luís sobre o império. Muitas referências aparentemente casuais reforçam essa pretensão. Vernon, um dos historiógrafos reais, por exemplo compôs uma inscrição que intitulava Luís de “o imperador dos francos” [Imperator Francorium]. As frequentes referências a Luís como “augusto” ou como o maior monarca do mundo deveriam ser interpretadas tanto como apoio a pretensões políticas particulares quanto como uma forma geral de glorificação. O mesmo se aplica a seu uso do tradicional símbolo imperial, o sol, com a implicação de que há um soberano supremo na terra assim como há um sol no céu. (BURKE, A fabricação do rei; a construção da imagem pública de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 191-192)
Conforme o autor nos informa, a construção da imagem do monarca absolutista fundamentou-se em representações sobre o mundo antigo clássico. Podemos também acrescentar outros elementos de referência para compor a imagem de um monarca universal. Nesse sentido, para analisar a construção da imagem de Luís XIV, devemos considerar
Alternativas

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A alternativa correta é E - a emblemática reprodução de práticas e símbolos de monarcas medievais: tocar os doentes com as mãos e a lavagem dos pés.

Explicação do Tema e Contexto:

Para entender esta questão, é essencial compreender como a imagem do monarca absolutista foi construída durante o reinado de Luís XIV, conhecido como o "Rei Sol". Durante seu período, ele se apresentou como um soberano que detinha um poder quase divino, inspirado em figuras históricas e simbólicas do mundo antigo clássico e da Idade Média. Essas referências ajudavam a legitimar e glorificar sua autoridade, estabelecendo uma conexão entre ele e os grandes imperadores do passado.

Justificativa da Alternativa Correta:

A alternativa E é correta porque destaca práticas e símbolos que foram efetivamente utilizados por Luís XIV para construir sua imagem de monarca universal. Práticas como tocar os doentes com as mãos e a lavagem dos pés são emblemáticas de monarcas medievais e foram utilizadas para mostrar um rei próximo do povo, com poderes quase milagrosos, reforçando assim sua imagem de soberano benevolente e divino.

Análise das Alternativas Incorretas:

A - a influência do pensamento democrático da Grécia Clássica na construção da imagem de um monarca justo e austero: Esta alternativa está incorreta porque o pensamento democrático da Grécia Clássica é antitético ao conceito de monarquia absolutista. Luís XIV buscava mostrar-se como um soberano absoluto, e não democrático.

B - o cristianismo primitivo e sua influência na construção da imagem de um monarca infalível e generoso: Esta alternativa está incorreta porque, embora o cristianismo tenha influenciado a imagem dos reis, não foi especificamente o cristianismo primitivo que Luís XIV utilizou para construir sua imagem de monarca. Ele se baseava mais em símbolos imperiais e na continuidade da tradição católica medieval.

C - o uso das práticas religiosas hereges para a construção da imagem de um monarca independente do poder da Igreja Católica: Esta alternativa está incorreta porque Luís XIV, embora tivesse conflitos com a Igreja, nunca se associou a práticas religiosas hereges. Pelo contrário, ele mantinha uma relação complexa com a Igreja Católica para reforçar sua autoridade.

D - o recurso às práticas religiosas protestantes de modo a promover um contrapeso à influência política da Igreja Católica: Esta alternativa está incorreta porque Luís XIV era um fervoroso católico e lutou contra os protestantes na França, especialmente com a revogação do Édito de Nantes. Sua imagem construída não incluía práticas protestantes.

Espero que esta análise detalhada tenha esclarecido suas dúvidas sobre o tema e proporcionado uma melhor compreensão do contexto histórico em que a questão se insere. Se precisar de mais alguma explicação ou tiver outra dúvida, estarei à disposição!

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Comentários

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E

Sobre as crenças de que o toque real curava, vide o livro Os Reis Taumaturgos, de Marc Bloch.

Gabarito: E.

A crença, à época, de que os reis poderiam curar doentes, sobretudo, pelo toque de suas mãos, como por milagre. Eram denominados taumartugos, os curandeiros.

A temática é abordada no livro de Marc Bloch, Os Reis Taumaturgos.

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