Só NÃO apresenta função adjetiva o termo destacado em:
Risco de despejo
Apaixonado é um atentado, uma fábrica de vazios, uma usina de distrações. Não peça nenhum favor a ele. Não lembrará nem que você existe. Nem que ele existe. É uma ausência feliz. Só pensa em beijar e rebobinar os beijos com os suspiros.
O apaixonado colecionará desatenções, das mais banais às sublimes. Eu consegui esquecer uma mala na recepção da TV Gazeta, em São Paulo. Uma mala não é pouca coisa. Simplesmente fiz de conta que não era minha, e abandonei a cena sem nenhum tormento. Não fiquei desesperado quando descobri o extravio. Conclui que poderia comprar mudas de roupas e buscaria de volta na semana seguinte. Beatriz esqueceu a chave de casa num táxi. Ela não transparecia a menor preocupação. Primeiro me deu carinho, depois telefonou para o motorista e perguntou calmamente se tinha a possibilidade de entregar o molho na residência de uma amiga. Não surtou imaginando furtos. Confiava nas casualidades e na amizade dos anjos da guarda.
O apaixonado não está nem aí para o mundo material, na posse e nos seus pertences. Tudo pode ser acomodado, reposto, transferido, adiado, substituído. O sexo é o seu Rivotril. Nenhuma tragédia é significativa para lhe arrancar da paciência e do olhar boiando fixamente ao infinito.
Eu e Beatriz, somando as nossas duas últimas semanas, perdemos quatro voos. Perdemos livros. Perdemos sacolas de roupas em restaurantes. Perdemos um celular no bar. Perdemos dezenas de carregadores. Perdemos o vencimento das contas. Perdemos promoções no trabalho. Perdemos filmes, shows, peças de teatro. Perdemos consultas, aulas na academia, alguns amigos nos esperando em cafés.
Perdemos o mundo porque ganhamos um ao outro.
É a gente se encontrar que as horas voam, o vento rasteja, a noite não avisa que chegou, e não escutamos mais nada, a não ser os próprios pensamentos.
Corremos o risco de despejo, de entrar no SPC, de sermos fichados pelo Serasa. Sorte que não temos cachorros e gatos.
A força da paixão é diretamente proporcional ao tamanho do esquecimento dos apaixonados.
CARPINEJAR.Fabrício. Risco de despejo. Disponível em: http://blogs.oglobo.globo.com/fabricio-carpinejar/post/risco-de-despejo.html. Acessado em: 27 mar. 2016
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Gabarito comentado
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A alternativa correta é: A - boiando fixamente
Na questão apresentada, o objetivo é identificar qual dos termos destacados não exerce a função adjetiva. Para isso, é necessário entender o que é um adjetivo e como ele funciona dentro da morfologia da Língua Portuguesa. O adjetivo é a classe gramatical que qualifica ou caracteriza um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, estado, condição ou característica.
Vamos analisar cada uma das alternativas:
A - boiando fixamente
Fixamente é um advérbio de modo e, por isso, não tem função adjetiva. Os advérbios modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios, indicando circunstâncias como modo, tempo, lugar, intensidade, entre outros. No caso, "fixamente" modifica o verbo "boiando", indicando o modo como a ação é realizada.
B - semana seguinte
Seguinte é um adjetivo, pois qualifica o substantivo "semana", indicando algo que vem depois. Ele atribui uma característica temporal à semana, logo, tem função adjetiva.
C - usina de distrações
De distrações é uma locução adjetiva. Locuções adjetivas são expressões formadas por uma preposição (neste caso, "de") seguida de um substantivo, exercendo função de adjetivo. Aqui, "de distrações" caracteriza o substantivo "usina".
D - desatenções banais
Banais é um adjetivo, qualificando o substantivo "desatenções". Ele atribui uma qualidade às desatenções, indicando que são comuns ou triviais.
Portanto, a alternativa A é a correta, pois "fixamente" é um advérbio, não um adjetivo, e, portanto, não exerce função adjetiva.
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Comentários
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boiando fixamente
Advérbio [não é variável]
[GAb. A]
bons estudos
a) boiando fixamente (CORRETO) OBS. Podemos ver pelo sufixo "MENTE", logo, em ragra, quando tem MENTE é advérbio de modo, como é o caso.
Gabarito: A
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