Para se falar de texto é preciso considerar vários fatores q...
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Ano: 2022
Banca:
FCM
Órgão:
FAMES
Provas:
FCM - 2022 - FAMES - Técnico de Nível Superior - Administração/Administração Pública/Gestão Pública
|
FCM - 2022 - FAMES - Técnico de Nível Superior - Pedagogia |
FCM - 2022 - FAMES - Técnico de Nível Superior - Ciências Contábeis |
FCM - 2022 - FAMES - Técnico de Nível Superior - Arquivologia/Biblioteconomia |
Q2052457
Português
Texto associado
Ordem, progresso e desenrascanço
Gregório Duvivier*
Os portugueses, levaram pro Brasil, por exemplo,
pelo menos 100 mil palavras. Tenho pena que tenham esquecido em casa algumas das minhas preferidas. Talvez não tenha sido esquecimento, mas ciúmes: gostavam tanto delas que não queriam vê-las
em nossas bocas. Há, definitivamente, todo um rol de
palavras que nunca atravessaram o Atlântico.
Gosto em especial da palavra ronha – e de praticá-la.
A palavra parece outra coisa, e de fato já foi: uma espécie de sarna, e, também, uma doença de plantas.
Ninguém mais usa nesse sentido. A expressão "ficar
na ronha" se refere à prática de abrir os olhos, mas
permanecer na cama. Não imaginam minha excitação ao descobrir que existe uma palavra pro meu esporte preferido.
A arte da ronha consiste em acordar sem, no entanto,
se levantar. Trata-se do primeiro trambique do dia: a
procrastinada inaugural de todas as manhãs. "Dormi
pouco", dizem, "mas fiquei duas horas na ronha" – e
pode parecer que ronha equivale à função soneca.
Não, durante a soneca voltamos a dormir. E na ronha
permanecemos naquele meio termo que Proust demorou dez páginas pra descrever, mas aos portugueses bastaram cinco letras.
Tenho muita pena de não usarmos a palavra javardo.
Trata-se de um sinônimo pra javali, mas que nunca
será usado pra designar o animal propriamente dito.
Chamam de javardo alguém que se comporta como
um javali, ou melhor, que se comporta como imaginamos que um javali se comportaria: de forma grosseira, estúpida, abjeta. Gosto porque a palavra soa
precisamente o que ela significa.
Da mesma forma, não há xingamentos bons como
"aldrabão", termo que designa com especial precisão
um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro
e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que
não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando
cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora
algumas sem grande importância.
De todas as palavras esquecidas, tenho uma predileta, aquela que designa a solução que resolve um problema de maneira temporária, mas não em definitivo: desenrascanço. Trata-se de uma gambiarra, mas
não necessariamente mecânica – pode ser qualquer
coisa que nos safe, como um papelão que faz às vezes
de guarda-chuva. Gambiarra é um achado importante e gambiarra se aceita nesse contexto.
Nunca ouvi essa palavra em nossas bandas, e ao mesmo tempo nunca uma palavra definiu tão bem a atividade diária do brasileiro, esse desenrascado. Queria
essa palavra em nossa bandeira: ordem, progresso e
desenrascanço.
* É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta
dos Fundos.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 01 dez. 2021. Adaptado
Para se falar de texto é preciso considerar vários fatores que o complementam. Entre os vários aspectos
mobilizados na sua construção, os linguísticos se voltam para o funcionamento da língua quanto a sua sistematização, conforme se aponta nos textos a seguir.
Texto I
“Da mesma forma, não há xingamentos bons como 'aldrabão', termo que designa com especial precisão um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora algumas sem grande importância”.
Texto II
Isto É, n. 2715, 09 fev. 2022, p. 12
A esse respeito, avalie as afirmações seguintes.
I - Na expressão “trapaças vultosas” (Texto I), o adjetivo pode ser substituído por “vultuosas” sem prejuízo para o sentido do texto.
II - No Texto II há uma inadequação quanto à grafia de uma das palavras usadas para reproduzir, na escrita, a fala do tenista Rafael Nadal.
III - Em “que se refere às trapaças” (Texto I), o sinal indicativo de crase foi indevidamente assinalado, pois não se verifica a contração da preposição “as” com o artigo feminino “as”.
IV - Na frase “... não há xingamentos bons como "aldrabão" (Texto I), o verbo “haver” pode ser trocado por “existir”, sem prejuízo de sentido e de acordo com a norma-padrão, assim: “... não existe xingamentos bons como 'aldrabão'...”
V - No Texto II se identifica a presença de monossílabos tônicos, acentuados por terminarem em vogais, e de monossílabos átonos, assim considerados pelo fato de não possuírem autonomia fonética e por dispensarem acentuação.
Está correto apenas o que se afirma em
Texto I
“Da mesma forma, não há xingamentos bons como 'aldrabão', termo que designa com especial precisão um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora algumas sem grande importância”.
Texto II
Isto É, n. 2715, 09 fev. 2022, p. 12
A esse respeito, avalie as afirmações seguintes.
I - Na expressão “trapaças vultosas” (Texto I), o adjetivo pode ser substituído por “vultuosas” sem prejuízo para o sentido do texto.
II - No Texto II há uma inadequação quanto à grafia de uma das palavras usadas para reproduzir, na escrita, a fala do tenista Rafael Nadal.
III - Em “que se refere às trapaças” (Texto I), o sinal indicativo de crase foi indevidamente assinalado, pois não se verifica a contração da preposição “as” com o artigo feminino “as”.
IV - Na frase “... não há xingamentos bons como "aldrabão" (Texto I), o verbo “haver” pode ser trocado por “existir”, sem prejuízo de sentido e de acordo com a norma-padrão, assim: “... não existe xingamentos bons como 'aldrabão'...”
V - No Texto II se identifica a presença de monossílabos tônicos, acentuados por terminarem em vogais, e de monossílabos átonos, assim considerados pelo fato de não possuírem autonomia fonética e por dispensarem acentuação.
Está correto apenas o que se afirma em