O Teatro Experimental do Negro surgiu em 1944 com a proposta...
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O Teatro Experimental do Negro (TEN) é fundado em 13 de outubro de 1944, no Rio de Janeiro, por iniciativa do economista e ator , com o apoio de amigos e intelectuais brasileiros. A proposta de ação da companhia é reabilitar e valorizar socialmente a herança cultural, a identidade e a dignidade do afro-brasileiro por meio da educação, da cultura e da arte.
Em dezembro de 1944, o grupo faz uma participação especial em uma cena da peça Palmares, da poetisa , representada pelo . Por intermédio do escritor , o TEN consegue o empréstimo dos salões e do restaurante da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), e o espaço é utilizado no período noturno, após o término das atividades da entidade estudantil, para a realização de ensaios e atividades culturais.
O TEN elabora um trabalho alternativo de educação direcionado à população negra e oferece programas de alfabetização e iniciação cultural. A criação de um curso de alfabetização surge pela dificuldade dos atores em memorizar e decorar o texto, e as aulas de iniciação cultural utilizam as peças teatrais como principal material pedagógico.
Com essas atividades, o TEN valoriza a construção de uma identidade negra e viabiliza a formação de elenco próprio. Em plena década de 1940, tal fato implica uma mudança no mercado de trabalho e na expectativa do público, habituado a ver atores brancos que se pintam para poder representar personagens negros.
Haroldo Costa: Aos 2 anos de idade Haroldo teve a mãe falecida. Após a morte da esposa, o pai de Haroldo se mudou para Maceió, Alagoas, onde a família paterna morava. Na falta da mãe, de quem não carrega memórias e nem muitas informações, a figura materna que marcou presença foi sua tia, Isabel Costa, quem o alfabetizou e educou.
O ambiente da cultura tradicional popular alagoana representou grande influência para Haroldo com o calendário festivo e folclórico de Maceió. Foi através das festas populares que ainda menino teve contato com Reizados, Guerreiros, Maracatu, Pastoris, Chegança, Quilombo, e todas as danças regionais de Alagoas, além da parte gastronômica própria dessas datas.
Ao retornar ao Rio de Janeiro com o pai, Haroldo foi viver na Rua Joaquim Silvam, no bairro da , que até hoje preserva a preferência pela vida boêmia na cidade. Ali teve contato com o carnaval, seguindo o gosto do pai pelos blocos de rua tradicionais do .
Aluno do , teve contato com política estudantil e chegou a presidente do Grêmio Científico e Literário. Durante o movimento de redemocratização iniciado no pós guerra, após 1945, passou a frequentar a UNE - União Nacional dos Estudantes, como delegado do Grêmio Estudantil do Pedro II. Envolvido no movimento estudantil, tomou parte da comissão de fundação da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.
Na ocasião a abarcava diversas iniciativas culturais como o Teatro Universitário, Balé da Juventude e aulas de alfabetização para adultos no , fundado por . Haroldo se envolveu com as aulas de alfabetização, estimulado por seu pai, e foi ali que teve o primeiro contato com o Teatro Experimental do Negro.
Grande Otelo, de Sebastião Bernardes de Souza Prata, , (, de — , de ) foi um , , , e . Foi um artista de cariocas e do chamado , participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, entre eles as famosas nas décadas de 1940 e 1950, que estrelou em parceria com o cômico , e a versão cinematográfica de , realizada em 1969. É frequentemente citado como um dos mais importantes atores da história do Brasil.
Aguinaldo de Oliveira Camargo (Franca, São Paulo, 1918 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1952). Ator, militante. Pioneiro do teatro negro no Brasil e um dos fundadores do , foi agrônomo, advogado e ator, além de comissário da polícia e colaborador de jornais. Multifacetado, dedica-se ao projeto artístico de inserir a cultura negra na dramaturgia brasileira.
Nascido em Franca, no interior paulista, aproxima-se do teatro na época da escola. Cresce na cidade de Campinas, onde conhece por intermédio de um amigo em comum, Geraldo Campos de Oliveira. Em 1938, os três organizam o 1º Congresso Afro-Campineiro, uma inédita reunião de ativistas negros para debater a exclusão racial na arte e nos espaços públicos.
Com interesses intelectuais em diversos campos do conhecimento, diploma-se em agronomia e em direito, é requisitado em campo para trabalhos científicos e, ainda, exerce a função de comissário de polícia em Bangu. Entretanto, faz do teatro sua principal forma de expressão estética e política, privilegiada pelo encontro com Abdias do Nascimento.
Em 1944, eles fundam o TEN, com o projeto de estabelecer o primeiro grupo teatral de integrantes negros dedicado ao que se entendia por “alta cultura”, em oposição ao humor de outras formações para os palcos, como o grupo amador Os Comediantes. Camargo se envolve nas ações políticas e artísticas do TEN voltadas à conscientização racial e à luta por direitos da população negra.
No mesmo ano, estreia nos palcos na montagem da peça Palmares, de Stela Leonardos (1923), encenada pelo Teatro de Estudantes, com colaboração do TEN e direção de , que reúne mais de duzentas pessoas em cena. Em depoimento sobre a ocasião, afirma: “foi das mais fortes emoções da minha vida (...) entrar em cena, no Theatro Municipal, diante de um grande público. Dependia dessa primeira exibição o futuro de nosso movimento”.1
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