Em “Sempre o homem destruiu, mas agora destrói como nunca, ...

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Q2606577 Português
TEXTO I

Aonde vai a humanidade?

    A humanidade atravessa atualmente várias crises. A primeira é a de estadistas, políticos generosos, de larga visão dos complexos problemas da humanidade, nos últimos tempos, substituídos pelo gerente pragmático, de visão estreita e de curto prazo, que enxerga a sociedade como mercado, o povo como consumidor e o Estado como empresa. Que ser político é esse? Essa crise é uma das maiores de que se tem notícia. Qual o grande estadista da atualidade? Não se conhece.
    A segunda é decorrente da sacralização da economia, uma visão mesquinha que reduz o complexo homem humano ao simplório homem econômico, e tudo ao dinheiro, que desemprega e concentra, faz com que 1% da população mundial detenha mais da metade da riqueza de todos os povos. A terceira é de natureza ambiental. Sempre o homem destruiu, mas agora destrói como nunca, numa escala exponencial e universal.
    A quarta relaciona-se à mudança em curso da natureza humana, agora em grave confronto com as tecnologias de ponta, com o sério risco de sua rápida transformação, como nunca se viu no seu longo processo evolutivo. Esta crise já inseriu o ser humano numa nova era, a do antropoceno, o reino da tecnolatria, na qual ele descarta sua própria essência, robotiza-se e se idiotiza ao mesmo tempo, como demonstra sua dependência psíquica aos telefones celulares. Seremos brevemente criaturas androides? É outra ameaça à espécie humana, como vislumbra o físico britânico Stephen Hawking.
    A quinta crise é de cunho moral. Destrói tradições, instituições e valores socialmente agregadores, como a família e a amizade, indispensáveis à sobrevivência da espécie humana. A sexta crise é de natureza existencial, despoja o ser humano do próprio sentido da vida, como anotou o psiquiatra austríaco Viktor Frankl, lançando-o num incessante ativismo frenético, privando-o de sua dimensão espiritual e de sua paz interior. A sétima é a do pensamento e do sentimento. Hoje, a humanidade pensa e sente menos, o que explicaria a “fluidez da existência contemporânea”, no dizer do sociólogo europeu Zygmunt Bauman, bem como o mau gosto e a breguice dominantes na cultura, a exemplo da política e das artes (vejam-se a qualidade dos parlamentos dos países e as músicas que se ouvem).
    Finalmente, há uma crise de fundo, base para todas as demais: a de ética, ética que um dia nos salvou a espécie, sem a qual não há futuro promissor para nós, humanos. Tudo isso se resume numa grave crise cultural, que afeta todos os países e aponta para o abismo.
    Aonde vai a humanidade? Depende da compreensão dessas crises, da vontade de mudar, de despertar para uma nova cultura, a da vida, porque a que aí está se orienta para a morte, não a da Terra e a dos outros seres vivos, que viverão melhor sem nós, mas a nossa própria.

João Bosco Nogueira
Professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Disponível em https://www20.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2017/01/12/noticiasjornalopinia o,3679334/aonde-vai-a-humanidade.shtml. Acesso em 14/11/2020.
Em “Sempre o homem destruiu, mas agora destrói como nunca, numa escala exponencial e universal.”, substituindo a conjunção destacada por outra que mantenha o mesmo sentido, teremos o seguinte período:
Alternativas

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Para resolver a questão proposta, é necessário compreender o uso de conjunções, que são palavras que conectam orações ou termos de uma oração, indicando uma relação de sentido entre eles. No caso, precisamos substituir a conjunção destacada "mas" por outra que mantenha o mesmo sentido.

A alternativa correta é a letra B: "contudo". Isso porque ambas as conjunções, "mas" e "contudo", são conjunções coordenativas adversativas. Elas expressam uma ideia de oposição ou contraste entre as orações que conectam.

Vamos analisar as alternativas:

  • A - "logo": Esta conjunção é conclusiva, indicando uma relação de consequência ou conclusão, o que altera completamente o sentido da frase original. Portanto, não mantém o sentido de oposição da conjunção "mas".
  • B - "contudo": Como mencionado, é uma conjunção adversativa, mantendo o sentido original de contraste ou oposição, tal como a conjunção "mas".
  • C - "pois": Esta é uma conjunção explicativa ou causal, indicando uma justificativa ou razão, o que não corresponde ao sentido adversativo de "mas".
  • D - "embora": Esta é uma conjunção concessiva, que também expressa contraste, mas geralmente introduz uma informação que poderia ser uma objeção. Embora semelhante, não é a melhor substituta para "mas" no contexto apresentado.

Compreender a função das conjunções e suas classificações é fundamental para resolver questões como esta, que testam a sua habilidade de identificar e aplicar relações de sentido dentro de um texto.

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Comentários

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Mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, todavia, não obstante.

letra b ,questão fácil.

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