“A sexta crise é de natureza existencial, despoja o ser huma...
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Ano: 2022
Banca:
IDIB
Órgão:
Prefeitura de Mari - PB
Prova:
IDIB - 2022 - Prefeitura de Mari - PB - Professor B - História (Zona Rural) |
Q2606579
Português
Texto associado
TEXTO I
Aonde vai a humanidade?
A humanidade atravessa atualmente várias crises. A
primeira é a de estadistas, políticos generosos, de larga visão dos
complexos problemas da humanidade, nos últimos tempos,
substituídos pelo gerente pragmático, de visão estreita e de curto
prazo, que enxerga a sociedade como mercado, o povo como
consumidor e o Estado como empresa. Que ser político é esse?
Essa crise é uma das maiores de que se tem notícia. Qual o
grande estadista da atualidade? Não se conhece.
A segunda é decorrente da sacralização da economia,
uma visão mesquinha que reduz o complexo homem humano ao
simplório homem econômico, e tudo ao dinheiro, que desemprega
e concentra, faz com que 1% da população mundial detenha mais
da metade da riqueza de todos os povos. A terceira é de natureza
ambiental. Sempre o homem destruiu, mas agora destrói como
nunca, numa escala exponencial e universal.
A quarta relaciona-se à mudança em curso da natureza
humana, agora em grave confronto com as tecnologias de ponta,
com o sério risco de sua rápida transformação, como nunca se viu
no seu longo processo evolutivo. Esta crise já inseriu o ser
humano numa nova era, a do antropoceno, o reino da tecnolatria,
na qual ele descarta sua própria essência, robotiza-se e se idiotiza
ao mesmo tempo, como demonstra sua dependência psíquica aos
telefones celulares. Seremos brevemente criaturas androides? É
outra ameaça à espécie humana, como vislumbra o físico britânico
Stephen Hawking.
A quinta crise é de cunho moral. Destrói tradições,
instituições e valores socialmente agregadores, como a família e
a amizade, indispensáveis à sobrevivência da espécie humana. A
sexta crise é de natureza existencial, despoja o ser humano do
próprio sentido da vida, como anotou o psiquiatra austríaco Viktor
Frankl, lançando-o num incessante ativismo frenético, privando-o
de sua dimensão espiritual e de sua paz interior. A sétima é a do
pensamento e do sentimento. Hoje, a humanidade pensa e sente
menos, o que explicaria a “fluidez da existência contemporânea”,
no dizer do sociólogo europeu Zygmunt Bauman, bem como o
mau gosto e a breguice dominantes na cultura, a exemplo da
política e das artes (vejam-se a qualidade dos parlamentos dos
países e as músicas que se ouvem).
Finalmente, há uma crise de fundo, base para todas as
demais: a de ética, ética que um dia nos salvou a espécie, sem a
qual não há futuro promissor para nós, humanos. Tudo isso se
resume numa grave crise cultural, que afeta todos os países e
aponta para o abismo.
Aonde vai a humanidade? Depende da compreensão
dessas crises, da vontade de mudar, de despertar para uma nova
cultura, a da vida, porque a que aí está se orienta para a morte,
não a da Terra e a dos outros seres vivos, que viverão melhor sem
nós, mas a nossa própria.
João Bosco Nogueira
Professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Disponível em https://www20.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2017/01/12/noticiasjornalopinia o,3679334/aonde-vai-a-humanidade.shtml. Acesso em 14/11/2020.
Disponível em https://www20.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2017/01/12/noticiasjornalopinia o,3679334/aonde-vai-a-humanidade.shtml. Acesso em 14/11/2020.
“A sexta crise é de natureza existencial, despoja o ser humano
do próprio sentido da vida, como anotou o psiquiatra austríaco
Viktor Frankl, lançando-o¹ num incessante ativismo frenético,
privando-o² de sua dimensão espiritual e de sua paz interior.”
Os termos destacados no período acima estão se referindo a quais outros elementos?
Os termos destacados no período acima estão se referindo a quais outros elementos?