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Q1071648 Português

         Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI


      Nestas últimas décadas, surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.

                              Separação e responsabilidade

      Nos tempos de hoje, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de “pais órfãos de filhos”. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança, mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam.

      Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhamento de valores e de interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da “falta de tempo” torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

                   A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz

Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. Para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas, as gerações em conflito se infringem. [...]. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de autorrevelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? 

      O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.

FRAIMAN, A. “Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI”. Disponível em <http://www.revistapazes.com/5440-2/. Acesso em 30 out. 2017. (Adaptado)

Em relação aos verbos presentes no texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas

Comentários

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GABARITO: LETRA B

A) Em ?[...] como se ninguém mais precisasse de ninguém.?, o verbo ?precisasse? está no pretérito imperfeito do indicativo e a frase está na voz ativa. ? incorreto, o verbo "precisar" está conjugado na primeira pessoa do singular do pretérito imperfeito do modo subjuntivo.

B) Na sequência ?Cada geração se encerra dentro de si própria [...]?, o verbo ?encerra? está no presente do indicativo e ocorre a voz verbal reflexiva. ? correto; ela se encerra (encerra a si mesma; presente do indicativo e voz verbal reflexiva, sujeito pratica e sofre a ação).

C) Em ?É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem [...]?, o verbo ?perder? está no infinitivo pessoal, pois recebe desinência número-pessoal em consonância com o sujeito ?filhos?. ? incorreto, está no infinitivo impessoal, logo, não está em concordância com nenhum termo.

D) No trecho ?Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores [...]?, os verbos ?existe? e ?comungam? são transitivos diretos. ? incorreto, verbo "existir" (pessoal e intransitivo, na ordem direta: o verdadeiro diálogo existe); comungam de alguma coisa (transitivo indireto, exige um complemento preposicionado).

E) Na frase ?um número grande de filhos não mais é bem-vindo [...]?, o verbo ?é?, de ligação, deveria estar no plural para concordar com ?filhos?. ? incorreto, o verbo é de ligação e concorda perfeitamente com o termo "número".

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FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

Vem comigo...

A)

Não sou fã de decoreba, mas pode ser válido:

Terminação = SSE= pretérito imperfeito do subjuntivo = expressa um fato passado em relação a outro fato passado.

Ria= Futuro do pretérito

Rei= Futuro do presente

(P. & Spadoto, 105)

B) Na sequência “Cada geração se encerra dentro de si própria [...]”, o verbo “encerra” está no presente do indicativo e ocorre a voz verbal reflexiva.

Voz reflexiva= troca o "SE" Por "a si mesmo".

Voz recíproca= Troca o "SE" Por " Um ao outro".

C) Em “É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem [...]”, o verbo “perder” está no infinitivo pessoal, pois recebe desinência número-pessoal em consonância com o sujeito “filhos”.

Infinitivo impessoal= Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a um sujeito determinado; (Nosso caso)

Pessoal= O infinitivo pessoal, em suma, se refere a uma pessoa (sujeito) e, assim, varia em número e pessoa.

O jeito é eu fazer o que a mãe pediu.

O jeito é nós fazermos o que a mãe pediu.

D)

Comunga de algo..

E) Na verdade, Nobre colega A gramática apresenta a concordância do verbo ser da seguinte maneira:

quando temos um verbo ser ligando um predicativo o verbo ser toma a forma plural se:

1º se os dois termos forem formados de nomes de coisas:

a blusa são uns retalhos desgastados.

2º Se o sujeito for o pronome quem , tudo, isso, isto.

Quem são meus amigos?

Tudo ali eram novidades.

Geralmente, em muitos casos a concordância é feita com o predicativo.

Sucesso, Bons estudos,Nãodesista!

Um texto para refletirmos ....

Belo texto!

Aocp meu terror. Amei o texto

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