Em relação à regência verbal e nominal, assinale a alternat...
Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI
Nestas últimas décadas, surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.
Separação e responsabilidade
Nos tempos de hoje, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de “pais órfãos de filhos”. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança, mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam.
Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhamento de valores e de interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da “falta de tempo” torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.
A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz
Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. Para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas, as gerações em conflito se infringem. [...]. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de autorrevelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros?
O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.
FRAIMAN, A. “Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI”. Disponível em <http://www.revistapazes.com/5440-2/. Acesso em 30 out. 2017. (Adaptado)
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GABARITO: LETRA A
A) Em ?O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional [...]?, o pronome destacado funciona como um objeto indireto, que é regido pelo verbo ?asseguraria?. ? correto, asseguraria alguma coisa (conforto emocional ? objeto direto) a alguém (lhes, retoma o substantivo "pais" e tem função de objeto indireto, complemento preposicionado).
B) Em ?É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa.?, as duas preposições destacadas são utilizadas devido à regência dos verbos que as antecedem. ? incorreto, medo de alguma coisa (a preposição "de" dá início ao complemento nominal, completa o sentido do substantivo "medo").
C) Em ?Este estilo de vida, nos dias comuns, [...] resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades [...]?, a preposição destacada poderia ser substituída por ?em? sem ocasionar uma mudança de sentido. ? incorreto, resulta de um cultura (a cultura é o agente que efetiva o resultado); resulta em uma cultura (o resultado é a própria cultura, ela deixa de ser o agente).
D) Em ?[...] como se ninguém mais precisasse de ninguém.?, o verbo ?precisasse? poderia ter sua regência alterada, tornando-se um verbo transitivo direto, com a retirada da preposição ?de?, sem mudar o sentido da sentença. ? incorreto, o verbo "precisar" é transitivo indireto, a preposição deve, obrigatoriamente, estar lá presente (precisar DE alguma coisa).
E) Em ?Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos [...]?, o verbo destacado é bitransitivo, regendo dois complementos distintos. ? incorreto, quem compra, compra alguma coisa (verbo transitivo direto, exige um complemento sem preposição); o termo "dos filhos" é adjunto adnominal (o amor é DELES).
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FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
Gab: A
A) CORRETA > ASSEGURAR > Quem assegura, assegura algo a alguém > VTDI. Temos que "lhes" só pode substituir objeto indireto/termo preposicionado > Assegura a eles, logo, é correto o uso do "lhes".
B) ERRADA > "medo de perder" > Medo é substantivo, e "de" introduz o complemento nominal, logo, a alternativa está incorreta;
C) ERRADA > Haverá mudança de sentido, posto que "resulta de..." dá a ideia de que o estilo de vida resulta da cultura, se, no entanto, trocarmos por "resulta em..." a própria cultura é que será o resultado;
D) ERRADA > Precisasse > quem precisa, precisa de algo ou de alguém > VTDI > É obrigatoriamente preposicionado;
E) ERRADA > Comprar > quem compra, compra algo ou alguém > VTD.
Complemento:
Resultar de – Nessa construção, nos referimos aos elementos que formam algo. A ideia é de origem. Refere-se a algo que vem antes.
ex: A água resulta da combinação de hidrogênio e oxigênio.
Resultar em – A ideia aqui é de consequência, de produto, de efeito. Refere-se a algo que vem depois.
ex: A soma de chuva e terra resulta em lama.
É alheio a questão, mas o verbo precisar pode apresentar o sentido de exatidão e ser TRANSITIVO DIRETO.
O piloto precisou a hora do pouso.
Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!
comentários do Professor ajudaria muito :(
Assertiva A
Em “O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional [...]”, o pronome destacado funciona como um objeto indireto, que é regido pelo verbo “asseguraria”.
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