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Q1071657 Português

         Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI


      Nestas últimas décadas, surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.

                              Separação e responsabilidade

      Nos tempos de hoje, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de “pais órfãos de filhos”. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança, mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam.

      Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhamento de valores e de interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da “falta de tempo” torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

                   A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz

Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. Para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas, as gerações em conflito se infringem. [...]. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de autorrevelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? 

      O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.

FRAIMAN, A. “Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI”. Disponível em <http://www.revistapazes.com/5440-2/. Acesso em 30 out. 2017. (Adaptado)

Em relação às significações das palavras no texto e às classificações das classes gramaticais, assinale a alternativa com erro de interpretação.
Alternativas

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Para resolver a questão proposta, é essencial compreender o tema central, que envolve o significado das palavras e suas classificações gramaticais no texto.

A alternativa correta é a Alternativa A. Vamos entender o porquê e analisar cada uma das opções:

A - “primado”: A palavra é realmente um substantivo, mas a interpretação está incorreta. No contexto, "primado" não significa "aquilo que excede em qualidade". "Primado" está relacionado a "primazia" ou "preponderância", algo que tem preeminência ou importância sobre outra coisa.

B - “longevo”: Corretamente identificado como adjetivo, "longevo" significa "de idade avançada". A interpretação está certa.

C - “quiçá”: Esta palavra é classificada corretamente como um advérbio e significa "talvez", referindo-se a algo que pode ou não acontecer. Correto.

D - “fugaz”: Também está correto, pois "fugaz" é um adjetivo e significa "passageiro, efêmero, que acaba com rapidez".

E - “sobrevieram (sobrevir)”: A palavra é um verbo, e a interpretação está correta. "Sobrevir" significa ocorrer após algo, mas não necessariamente "imediatamente após", o que ainda assim não invalida a explicação dada. Contudo, a definição está próxima o suficiente para não ser incorreta.

Em resumo, a única alternativa que apresenta um erro de interpretação quanto ao significado da palavra é a Alternativa A.

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Comentários

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GABARITO: LETRA A

? Importante atentar-se que a questão quer o ERRO e não a alternativa correta:

? ?primado? (3º §) é um substantivo e significa ?aquilo que excede em qualidade? ? O primado da ?falta de tempo? torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

? É um substantivo, mas possui outro significado, equivale à predominância, supremacia, primazia; não significa algo que excede em qualidade.

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FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

De acordo com o dicionário, primado pode até ter o significado descrito na questão, mas não é o caso.

substantivo masculino

De maior importância em relação aos demais: o primado da política no desenvolvimento de um país.

O que está em primeiro lugar; prioridade.

O que excede em qualidade; de caráter ótimo ou excelente; superioridade.

Fonte: Dicionário Dicio

A palavra "QUIÇÁ" é um adverbio de dúvida!

por que está considerado como errado também?

É importante atentar-se ao enunciado da questão, que pede: assinale a alternativa com erro de interpretação.

Errei por não me atentar.

alguém me explica o erro da B?

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