Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois qu...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: DPE-RR
Q1185879 Português
Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi. Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário? Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência. Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria estrela
Alterando-se as orações justapostas no segmento Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda... (2º parágrafo), de modo que se obtenha uma subordinação que mantenha, em linhas gerais, o sentido original, deve-se usar a conjunção
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Para resolver a questão apresentada, é necessário compreender o conceito de subordinação em orações, que ocorre quando uma oração se conecta a outra, dependendo dela para dar sentido completo ao enunciado. O desafio é ajustar a frase "Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda..." para que se obtenha uma relação de subordinação preservando o sentido original.

A alternativa correta é a letra B - porque. Esta conjunção estabelece uma relação de causa entre as orações. No contexto, transformar a frase original para algo como “Digo mal porque um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda...” mantém a explicação do motivo pelo qual foi dito que um poeta é capaz de o que bem entender.

Vamos analisar brevemente as outras alternativas para entender por que estão incorretas:

  • A - ainda que: Indica concessão, algo que não se aplica ao sentido de causa pretendido na frase original.
  • C - caso: Indica condição, o que não corresponde à relação de explicação ou motivo desejada.
  • D - contanto que: Também expressa condição e não se alinha com o sentido de justificação entre as orações.
  • E - a fim de que: Indica finalidade, e não uma explicação ou motivo.

Ao utilizar a conjunção porque, a ligação entre as orações justifica a afirmação inicial, mantendo o sentido original de explicar por que o poeta é capaz de tal feito.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo