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Texto 1

                                          A história do racismo no futebol brasileiro

         Em tempo de Copa do Mundo, tendo o Brasil como país sede em 2014, é sempre bom lembrar elementos da trajetória da nossa “paixão nacional”. E, para abordar o assunto, ninguém melhor do que Mário Rodrigues Filho, jornalista e escritor pernambucano, que viveu no Rio de Janeiro, trabalhou nos jornais A Manhã, A Crítica e O Globo, e depois dirigiu o Jornal dos Sports até a sua morte, em 1966.

         A prática de racismo no futebol não é uma novidade no Brasil e Mário Filho tratou disso. Com O Negro no Futebol Brasileiro, livro publicado em 1947, o jornalista abordou um assunto incômodo para a época: o lento e doloroso ingresso de negros e mulatos no futebol brasileiro. Afinal de contas, até pouco tempo, nossa sociedade pregava, aqui e no exterior, que a nossa democracia racial era um exemplo para o mundo de convivência harmoniosa entre negros e brancos.

          Inicialmente, no nosso “esporte nacional”, ainda não era comum jogar banana ou xingar um jogador negro de “macaco” nos campos de futebol. Naquela época, futebol era coisa de branco e rico. Introduzido no Brasil pelos ingleses, no futebol não se admitia mulato ou negro nos campos, e nas arquibancadas eles eram raridade. No Brasil, o futebol tinha um sentido aristocrático: era “coisa de bacana”.

       Com a vitória da equipe brasileira no Campeonato Sul-Americano em 1919, a imprensa e alguns escritores, como Coelho Neto, passaram a dar grande destaque ao futebol, que entrou no gosto do povo. Em 1921, o então presidente Epitácio Pessoa “recomendou” que o Brasil não levasse jogadores negros à Argentina, onde se realizaria o Sul-Americano daquele ano. Era preciso, segundo ele, projetar no exterior uma “outra imagem” nossa, composta “pelo melhor de nossa sociedade”. Era a política do Estado brasileiro, em relação à sua população negra, alcançando o futebol.

         Em seu livro, Mário Filho lembra, dentre outros fatos, o torneio do Natal entre as equipes de futebol do Rio de Janeiro e São Paulo. No dia 25 de dezembro de 1916, paulistas e cariocas disputaram um jogo de seleções em São Paulo. Como muitos brancos se recusaram a jogar no Natal, os cariocas completaram o time com negros e mulatos. No campo, uma derrota: 9 a 1. Após o jogo, os cariocas afirmaram que a seleção não representava o verdadeiro Rio. “A real possuía família e jamais deixaria seus parentes solitários numa noite de Natal. Só negros e mulatos eram capazes de agir dessa forma.”        

         Ao escrever um livro para abordar a trajetória dos negros e mulatos no futebol brasileiro, Mário Filho conhecia bem o campo em que estava pisando: o do racismo cínico e hipócrita que persiste até os dias de hoje e faz muitos estragos não só nos gramados, mas em toda a estrutura da nossa sociedade.

Júlio Ribeiro Xavier. Publicado em 10/04/2012, na edição 689. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed689_a_historia_do_racismo_no_futebol_brasileiro. Acesso em 21/02/14 (texto adaptado) 

Em “o então presidente Epitácio Pessoa ‘recomendou’ que o Brasil” (4º parágrafo), as aspas usadas na forma verbal “recomendou”
Alternativas

Gabarito comentado

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A alternativa correta é a letra B.

A questão aborda o uso das aspas na expressão "recomendou" no contexto do texto. As aspas podem ter várias funções, e entender o motivo do seu uso é essencial para a interpretação correta do texto.

Justificativa da alternativa correta:

A alternativa B - expressam a ironia do autor é a correta porque as aspas em "recomendou" sinalizam que o autor está sendo irônico ao mencionar a atitude do então presidente Epitácio Pessoa. A ironia aqui está no fato de que a "recomendação" era, na verdade, uma imposição velada para manter uma imagem racista e elitista do Brasil, o que não condizia com uma simples sugestão ou recomendação.

Análise das alternativas incorretas:

A - indicam fidelidade ao texto original: Essa opção está incorreta porque as aspas não estão sendo usadas para indicar uma citação direta do texto original.

C - sinalizam um conceito que o autor quis colocar em evidência: Embora as aspas possam às vezes ter essa função, no contexto específico, elas não são usadas para ressaltar um conceito, mas sim para ironizar o uso da palavra "recomendou".

D - marcam uma citação textual: Esta opção está incorreta, pois as aspas não estão sendo usadas para indicar uma citação direta de outra fonte.

E - põem em destaque uma ideia: Embora pareça uma possível justificativa, o destaque é feito com intuito irônico, e não apenas para chamar a atenção para uma ideia.

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Comentários

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As aspas ("") geralmente em um texto, expressam uma fala de alguém, que neste caso é a fala do Epitácio. 

De acordo com as alternativas a mas próxima é a letra B - Expressam a ironia do autor. 

Vá ao quarto parágrafo segunda linha e leia novamente o texto.

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