Infere-se do texto que o autor reconhece a pichação como

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Texto 1

Arte para quê: o papel da arte em nosso cotidiano

   Depois de constantes cortes no orçamento federal para fins de cultura nos últimos anos, desde museus sem dinheiro para manutenção e espetáculos sem ter como pagar funcionários, até livros de fotografia deixando de ser publicados, colocou-se em pauta uma questão polêmica: a arte é realmente importante em nossas vidas? Artistas decidiram protestar e reivindicar seus direitos, afirmando que há uma grande relevância da arte na vida das pessoas. Entretanto, na maioria dos casos, tais protestos são ignorados com a justificativa de que ela não é essencial.
     Quem defende essa ideia afirma que um país subdesenvolvido como o Brasil deve focar em produzir emprego e melhor qualidade de vida para sua população. Áreas de menor impacto direto nesses fatores, como a arte, não devem ser consideradas no orçamento, pois não são relevantes para todos.
   Esse discurso faz parecer que investimentos em arte e em outros programas sociais são equivalentes, mas a realidade é outra: orçamentos aprovados para cultura são irrisórios perto de programas como o Bolsa Família ou os voltados para a educação. Quem defende esse argumento demonstra um certo descaso geral pela arte no Brasil, e não só os governantes têm isso em mente. Segundo o pesquisador Sérgio Miguel Franco, doutor pelo Departamento de Sociologia da FFLCH-USP, nos dias atuais “há uma supervalorização econômica da arte no mercado, mas isso não necessariamente expressa uma valorização popular da arte.”
     A arte se valoriza a depender de seu contexto. Sérgio cita como exemplo a obra da dupla de grafiteiros “Os Gêmeos”, que começaram fazendo arte na rua e hoje têm obras hipervalorizadas no mercado. “Vale lembrar que a arte não é só valorização econômica, pois muitos artistas famosos nunca ganharam dinheiro com suas obras”, ele completa.
      O distanciamento entre o mercado da arte e a população não é de hoje, já que os museus e galerias não nasceram com intuito de levar arte ao povo, mas sim de concentrá-la em um só lugar. Hoje, como ainda há distanciamento entre o círculo artístico e a população, resta a pergunta: o que é considerado arte pelo público em geral? Sérgio responde: “A definição da arte relaciona-se sempre com seu contexto, de modo que cada contexto aprecia as artes de diferentes maneiras.”
        Sérgio destaca a rejeição atual da pichação, comparando com a que sofreram as artes plásticas modernistas. Ele afirma que, com o tempo, tais artes se tornaram muito mais aceitas em outros núcleos sociais, como é o caso da arquitetura moderna no bairro de Higienópolis, representante da elite econômica paulistana, que décadas atrás considerava o modernismo uma deformação da arte.
         Mesmo consumindo arte o tempo todo, muitos afirmam que a arte não está em suas vidas, talvez por ter uma ideia muito restrita do que ela representa. Além disso, há um movimento de valorização de estilos mais consolidados e antigos, enquanto os mais vanguardistas recebem duras críticas. Foi assim com o modernismo e é o que agora ocorre com o pós-modernismo.
         O público apreciador da arte, segundo Sérgio, é “variante de acordo com o meio em que está. O círculo artístico aprecia e considera uma arte que é diferente do resto da população. Mas quanto maior a recepção estética de uma obra, mais fácil é sua difusão por outros meios e maior a lucratividade para o artista”. A pichação, que hoje é valorizada na Europa, ainda não obteve apreço popular no Brasil, onde ela é feita. Muito por conta do contexto europeu, que aceita melhor do que nós artes de cunho político e de protesto. “Talvez no futuro essa arte seja mais valorizada em nosso país, pois de certa forma dialoga com o nosso tempo histórico”, completa.
          Discussões sobre a valorização econômica da arte se dão dentro dos círculos artísticos, longe de quem diz que “não entende nada do assunto”. Entretanto, as formas de arte mais acessíveis, como é o caso do cinema, se feitas de uma maneira a instigar o interesse por outros tipos de arte, podem atrair o público médio e fazê-lo buscar as artes consideradas “de museu”. Sérgio cita o filme sobre a vida de Van Gogh, Com Amor, Van Gogh (2017), que “é muito mais relevante e tem um público muito maior do que o da época em que ele produziu as suas obras, não conseguindo sequer um comprador fora da própria família.”
TOSCANO, Thomas. Disponível em: http://jornalismojunior.com.br/artepara-que-o-papel-da-arte-em-nosso-cotidiano/. Acesso em: 05 nov. 2022.
Infere-se do texto que o autor reconhece a pichação como
Alternativas

Comentários

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Podemos concluir a resposta oitavo parágrafo em que o autor diz;

 A pichação, que hoje é valorizada na Europa, ainda não obteve APREÇO POPULAR no Brasil, ONDE ELA É FEITA.

Ou seja, uma arte urbana popular.

GABARITO C

arte urbana popular

Questão, na minha opinião, passível de anulação, ou no mínimo estranha. Olhando para o 8º parágrafo do texto, temos:

A pichação, que hoje é valorizada na Europa - (aqui fala que a pichação é valorizada na Europa, mas não diz que ela é popular na Europa), ainda não obteve apreço popular no Brasil - (aqui diz claramente que a pichação NÃO é uma arte popular no Brasil), onde ela é feita. Muito por conta do contexto europeu, que aceita melhor do que nós artes de cunho político e de protesto - (aqui fala, apenas que ela é arte aceita enquanto protesto político, mas não fala que ela é "popular" na Europa, ou seja, se uma meia dúzia de intelectuais europeus nos museus gostam da pichação, isso não significa que pichar esteja "popular" na Europa. “Talvez no futuro essa arte seja mais valorizada em nosso país, pois de certa forma dialoga com o nosso tempo histórico”, completa.

Pela interpretação do texto, temos que:

1) O autor do texto, Thomas Toscano, considera a pichação como arte de cunho político valorizada na Europa e não valorizada no Brasil.

2) O sociólogo Sérgio Miguel projeta uma futura valorização da pichação no Brasil.

Nas alternativas, pede-se o que o autor do texto (Thomas Toscano) acha sobre a pichação:

A) exemplo de arte modernista

(a pichação é classificada como arte pós-modernista, conforme 7º parágrafo: " Além disso, há um movimento de valorização de estilos mais consolidados e antigos, enquanto os mais vanguardistas recebem duras críticas. Foi assim com o modernismo e é o que agora ocorre com o pós-modernismo.

ERRADA

B) expressão restrita ao espaço das comunidades.

( é valorizada na Europa, não sendo restrita ao local de pichação).

ERRADA

C) arte urbana popular

(Foi o gabarito, mas discordo. Além de errar ao dizer que a arte era popular, sendo que ela é valorizada - seja pelo governo, pelos intelectuais, etc... - , também erra ao não definir para qual população ela é "popular" - se é para a Europa ou para o Brasil.

ERRADA - discordo do gabarito.

D) atividade clandestina em vias de legalidade.

( Essa é a opinião do sociólogo, não do autor do texto)

ERRADA

Gabarito C. Correta era ANULAÇÃO.

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