Acerca da expressão destacada em “ela faz um relato filosóf...

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Q1685203 Português

    [...] Hannah Arendt foi a pensadora responsável por sua formulação – vazio do pensamento – em um livro chamado Eichmann em Jerusalém, de 1962, no qual ela faz um relato filosófico sobre o julgamento de um alto funcionário do regime nazista alemão que, no entanto, não chegava a ser um dos seus principais mentores. Adolf Eichmann que foi capturado na Argentina e julgado em Jerusalém por seus crimes contra a humanidade, estarreceu o mundo ao se apresentar como um cidadão de bem que pretendia apenas subir na carreira alegando cumprir ordens. No livro ela afirma que Eichmann não demostrava refletir sobre o que havia feito como funcionário. É como se sua capacidade de pensar estivesse interrompida. Questionado ele respondia por clichês e, ao mesmo tempo, não era um sujeito perverso que estivesse utilizando algum tipo de inteligência para fazer o mal conscientemente.

    Foi por analisar a figura de Eichman que Arendt lançou a questão do vazio do pensamento. A característica dessa forma de vazio é a ausência de reflexão, de crítica, de questionamento e até mesmo de discernimento. Podemos dizer que, em nossa época, isso se torna cada vez mais comum. O número de pessoas que abdicam da capacidade de pensar é cada vez maior.

    No entanto, parece absurdo que possamos viver sem pensamento e é justamente por isso que o uso de ideias prontas se torna a cada dia mais funcional como já acontecia com Eichmann. Hoje, as redes sociais sobrevivem principalmente pelo fluxo das ideias prontas. Pessoas se tornam a cada dia transmissoras de ideias não questionadas. Ideias que são como mercadorias compradas para viagem sem perguntar que sentido podem ter na vida de quem as leva consigo.

    No campo da publicidade e propaganda, os profissionais especializam-se em apresentar as ideias rarefeitas, não apenas como coisas superficiais, mas como algo que está ao alcance da mão, algo cuja complexidade não importa. As próprias ideias são consumidas. Há um consumismo das coisas, mas há também um consumismo das ideias e, nesse sentido, também da linguagem por meio da qual as ideias circulam. Ora, o estatuto das coisas em um mundo voltado ao hiperconsumo é o do descarte. Seriam as ideias descartáveis como as coisas junto às quais elas são vendidas? Ou as ideias que seriam primeiramente abstratas serviriam apenas para dar uma “aura” às coisas que, em si mesmas, as coisas não têm? 

    A partir disso, podemos falar de uma segunda forma de vazio que caracteriza o nosso mundo cada vez mais carente de reflexão. Ele diz respeito ao que sentimos. Vivemos em um mundo cada vez mais anestesiado, no qual as pessoas se tornam incapazes de sentir e cada vez mais insensíveis. A sociedade na qual vivemos parece cada vez mais excitada, angustiada e fadada ao desespero. Podemos falar de um vazio da emoção justamente no contexto em que as pessoas buscam, de modo ensandecido, uma emoção qualquer. Paga-se caro pela falta de sentimentos que podemos definir em um sentido genérico como uma frieza generalizada. A incapacidade de sentir torna o campo da sensibilidade em nós, um lugar de desespero. Da alegria à tristeza, queremos que a religião, o sexo, os filmes, as drogas, os esportes radicais e até mesmo a alimentação provoque mais do que sentimentos. Deseja-se o êxtase. A emoção também virou uma mercadoria e o que não emociona radicalmente parece não valer o esforço de se viver. O ódio é uma emoção fundamental em nossa época. Para quem não consegue sentir nada, a sua radicalidade é uma estranha redenção. 

    Nesse contexto, as mercadorias surgem com a promessa de garantir êxtase. Espera-se hoje que as experiências humanas sejam sempre e cada vez mais intensas, cinematográficas, impressionantes e espetaculares mesmo que se trate apenas de uma roupa nova, um telefone celular, um brinquedo ou um lugar para comer, tudo é vendido como se não fosse apenas o que de fato é. É o império da emoção contra a chateação, da excitação contra o tédio, da rapidez contra o tempo natural das coisas, da festividade contra a tranquilidade, da ebriedade contra a sobriedade. 

    Ora, quando falamos de emoções tendemos a considerar que elas são espontâneas. Mas nada é realmente espontâneo no mundo da sociedade publicitária. Tudo isso é contrabalançado por programações do pensar e do sentir. As emoções também são programadas. E a questão que está em jogo é a do esvaziamento afetivo em um cenário de frieza humana e expressão histérica. Mas se as pessoas estão cada vez mais frias, isso quer dizer também que elas estão necessariamente cada vez mais “robotizadas” por pensamentos e sentimentos programados. [...]

(TIBURI, Márcia. 23 de julho de 2019. Disponível em: https:// revistacult.uol.com.br/home/nos-e-o-vazio-sobre-o-pensamento-emocao-e-acao/. Adaptado.)

Acerca da expressão destacada em “ela faz um relato filosófico sobre o julgamento de um alto funcionário do regime nazista alemão que, no entanto, não chegava a ser um dos seus principais mentores” (1º§), marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Trata-se de um adjunto conjuntivo utilizado como recurso de coesão textual.

( ) Possui mobilidade posicional na frase mantendo-se a coesão e coerência textuais.

( ) A relação estabelecida por “no entanto” expressa, no período, uma inferência, conclusão.

( ) A ressalva indicada pela expressão “ no entanto” pode ser também expressa pelo vocábulo “enfim”.


A sequência está correta em

Alternativas

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Vamos analisar a questão fornecida, que aborda o uso de expressões conectivas como "no entanto" no texto. Este tipo de questão está relacionado ao estudo dos conectores textuais e sua função na coesão e coerência do texto. A expressão "no entanto" é uma conjunção adversativa, geralmente utilizada para introduzir uma ideia que contrasta com a anterior.

Alternativa correta: B - V, V, F, F

Abaixo, vamos justificar alternativa por alternativa para garantir que você compreenda cada uma delas:

( ) Trata-se de um adjunto conjuntivo utilizado como recurso de coesão textual.

Esta afirmativa é verdadeira. A expressão "no entanto" é um conector que tem a função de unir ideias no texto, proporcionando coesão. Ele é, portanto, um recurso de coesão textual, já que estabelece uma relação entre partes do texto, garantindo a fluidez da argumentação.

( ) Possui mobilidade posicional na frase mantendo-se a coesão e coerência textuais.

Esta afirmativa é verdadeira. O conector "no entanto" pode ser deslocado dentro da frase sem comprometer a coesão e a coerência textual. Por exemplo, "Ele não era um dos principais mentores, no entanto, foi julgado." A mudança de posição não altera o sentido original.

( ) A relação estabelecida por “no entanto” expressa, no período, uma inferência, conclusão.

Esta afirmativa é falsa. A expressão "no entanto" estabelece uma relação de adversidade ou contraste com a ideia anterior, e não de inferência ou conclusão. Conectores que indicam inferência ou conclusão seriam "portanto", "logo" ou "assim".

( ) A ressalva indicada pela expressão “no entanto” pode ser também expressa pelo vocábulo “enfim”.

Esta afirmativa é falsa. A palavra "enfim" é utilizada para concluir ou sintetizar uma ideia, enquanto "no entanto" serve para contrapor uma ideia à anterior. Portanto, elas não são intercambiáveis.

Com isso, fica claro que a sequência correta é a da alternativa B - V, V, F, F, pois somente as duas primeiras afirmativas estão corretas.

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Comentários

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gab b

Adjunto conjuntivo= Equivalente ou referente a uma conjunção !

  • "No entanto" é uma conjunção coordenativa adversativa. São aquelas que indicam oposição e contraste dentro de uma mesma oração.

Ela poderá ser substituída por: Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, não obstante.

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Não pode ser substituída por "enfim"

Que é um advérbio de tempo que equivale a finalmente, afinal e por fim, ou expressão conclusiva que equivale a em suma, em síntese e em conclusão!

gaba B (para não assinantes)

sem muito rodeio para acertar fui por eliminação.

No entanto ---> conjunção adversativa, opositiva.

Enfim ou Em fim?

ENFIM

  • Advérbio de tempo que equivale a finalmente, afinal e por fim, ou expressão conclusiva que equivale a em suma, em síntese e em conclusão. Ex.: Ex.: Após tanto tempo de trabalho, podemos enfim descansar.

EM FIM

  • Locução adverbial de tempo que equivale a no final de. Ex. Pedro trabalha há 29 anos e está em fim de carreira.

pertencelemos!

enfim - fim, finalmente.

expressa conclusão?

"As orações que apresentam conjunção são chamadas de orações coordenadas sindéticas; já as que não possuem conjunção são chamadas de orações coordenadas assindéticas."

Contribuição do google !!

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