A ideia de que a violência é, para o autor do texto, uma voc...
[Sobre a violência]
Num tempo como o nosso, de profundas violências, minha vocação é não me abrir ao outro, não lhe oferecer o espaço da minha liberdade para que assim possamos nos encontrar, na calorosa mutualidade do convívio. Não. Minha vocação é agora submeter o Outro, é pô-lo ao meu serviço. É conformá-lo ou deformá-lo, pouco importa, contanto que ele me sirva e eu o possa subjugar, no caso em que me resista. E passo a ser um violento porque me inocularam violência, simplificando-me e desrespeitando-me como pessoa. E passo a ser um pequeno predador, perdido na selva que me quer predar, e escolho para o meu projeto o culto da força.
(Adaptado de: PELLEGRINO, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo, Planeta do Brasil 2004, p. 163-164)