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Q2720396 Geografia

Texto para responder às questões de 01 a 10.


O apagão poderá nos trazer alguma luz


Não tivemos guerra, não tivemos revolução, mas teremos o apagão. O apagão será uma porrada na nossa autoestima, mas terá suas vantagens.

Com o apagão, ficaremos mais humildes, como os humildes. A onda narcisista da democracia liberal ficará mais “cabreira”, as gargalhadas das colunas sociais serão menos luminosas, nossos flashes, menos gloriosos. Baixará o astral das estrelas globais, dos comedores. As bundas ficarão mais tímidas, os peitos de silicone, menos arrebitados. Ficaremos menos arrogantes na escuridão de nossas vidas de classe média. [...] Haverá algo de becos escuros, sem saída. A euforia de Primeiro Mundo falsificado cairá por terra e dará lugar a uma belíssima e genuína infelicidade.

O Brasil se lembrará do passado agropastoril que teve e ainda tem; teremos saudades do matão, do luar do sertão, da Rádio Nacional, do acendedor de lampiões da rua, dos candeeiros. Lembraremos das tristes noites dos anos 40, como dos “blackouts” da Segunda Guerra, mesmo sem submarinos, apenas sinistros assaltantes nas esquinas apagadas.

O apagão nos lembrará de velhos carnavais: “Tomara que chova três dias sem parar”. Ou: “Rio, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz!”. Lembraremo-nos dos discos de 78 rpm, das TVs em preto-e-branco, de um Brasil mais micha, mais pobre, cambaio, mas bem mais brasileiro em seu caminho da roça, que o golpe de 64 interrompeu, que esta mania prostituída de Primeiro Mundo matou a tapa.

[...]

O apagão nos mostrará que somos subdesenvolvidos, que essa superestrutura modernizante está sobre pés de barro. O apagão é um “upgrade” nas periferias e nos “bondes do Tigrão”, nos lembrando da escuridão física e mental em que vivem, fora de nossas avenidas iluminadas. O apagão nos fará mais pensativos e conscientes de nossa pequenez. Seremos mais poéticos. Em noites estreladas, pensaremos: “A solidão dos espaços infinitos nos apavora”, como disse Pascal. Ou ainda, se mais líricos, recitaremos Victor Hugo: “A hidrauniverso torce seu corpo cravejado de estrelas...”.

[...] O apagão nos dará medo, o que poderá nos fazer migrar das grandes cidades, deixando para trás as avenidas secas e mortas. O apagão nos fará entender os flagelados do Nordeste, que sempre olharam o céu como uma grande ameaça. O apagão nos fará contemplar o azul sem nuvens, pois aprendemos que a natureza é quando não respeitada.

O apagão nos fará mais parcimoniosos, respeitosos e públicos. Acreditaremos menos nos arroubos de autossuficiência.

O apagão vai dividir as vidas, de novo, em dias e noites, que serão nítidos sem as luzes que a modernidade celebra para nos fascinar e nos fazer esquecer que as cidades, de perto, são feias e injustas. Vai diminuir a “feerie” do capitalismo enganador.

Vamos dormir melhor. Talvez amemos mais a verdade dos dias. Acabará a ilusão de clubbers e playboys, que terão medo dos “manos” em cruzamentos negros, e talvez o amor fique mais recolhido, sussurrado e trêmulo. Talvez o sexo se revalorize como prazer calmo e doce e fique menos rebolante e voraz. Talvez aumente a população com a diminuição das diversões eletrônicas noturnas. O apagão nos fará inseguros na rua, mas, talvez, mais amigos nos lares e bares.

Finalmente, nos fará mais perplexos, pois descobriremos que o Brasil é ainda mais absurdo, pois nunca entenderemos como, com três agências cuidando da energia, o governo foi pego de surpresa por essas trevas anunciadas. Só nos resta o consolo de saber que, no fim, o apagão nos trará alguma luz sobre quem somos.


JABOR, Arnaldo. O apagão poderá nos trazer alguma luz. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 de maio 2001. Extraído do site. <www.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1505200129.htm. Acesso em14 out. 2016. (Fragmento)

Rondônia é um estado com significativa chegada de pessoas provenientes de outras regiões. Entre as alternativas a seguir, a região de origem onde predomina a população residente no estado de Rondônia, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE é:

Alternativas

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Alternativa correta: B - Sudeste

A questão aborda a migração interna no Brasil, especialmente focada na população residente no estado de Rondônia, conforme dados do Censo de 2010 do IBGE. Para responder corretamente, é necessário compreender os fluxos migratórios internos no país.

Rondônia, um estado na região Norte do Brasil, recebeu um grande número de migrantes ao longo das últimas décadas, especialmente durante os períodos de expansão agrícola e abertura de novas fronteiras econômicas. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria dos migrantes que se estabeleceram em Rondônia veio da região Sudeste.

Justificativa da alternativa correta (B - Sudeste):

Os dados do Censo de 2010 mostram que muitos migrantes que se dirigiram a Rondônia vieram do Sudeste. Isso se deve, em parte, aos movimentos migratórios incentivados pela busca de novas oportunidades econômicas e melhores condições de vida durante o período de expansão agrícola e abertura de novas fronteiras na região Norte do Brasil. Muitos desses migrantes eram originalmente do Sudeste, especialmente de estados como São Paulo e Minas Gerais.

Alternativas incorretas:

A - Sul: Embora a região Sul também tenha contribuído com migrantes para Rondônia, ela não foi a principal fonte de imigração para o estado. A predominância de migrantes do Sudeste é mais significativa.

C - Nordeste: A região Nordeste é conhecida por ser uma grande fonte de migrantes para várias partes do Brasil. No entanto, no caso específico de Rondônia, o Sudeste foi a região que mais enviou migrantes, de acordo com o Censo de 2010. Portanto, essa alternativa está incorreta.

D - Centro-Oeste: Embora haja migração do Centro-Oeste para Rondônia, especialmente devido à proximidade geográfica e atividades agrícolas semelhantes, o Sudeste ainda predomina como a principal origem dos migrantes.

E - País estrangeiro: Rondônia certamente recebeu imigrantes de outros países, mas o volume dessas migrações não é comparável ao fluxo interno de outras regiões do Brasil, especialmente do Sudeste.

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