Os fatores “hastag”, “fofura” e “uma semana” são apresentado...

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Fogo de palha ou surto de hashtag?


      Num mundo em que nem os números, ou nem sequer os satélites, são confiáveis, ai de nós que queremos formar uma ideia sobre acontecimentos importantes, ainda que apenas modestamente parecida com a realidade. A Amazônia está pegando fogo inteirinha, como aparece naqueles mapas em que os focos são colocados em tamanho perceptível aos olhos, mas evidentemente não compatível com o da vida real? Os incêndios aumentaram 1 quatrilhão por cento? A culpa é de Fulano? Para facilitar um pouco a vida dos obcecados que têm mania de fazer perguntas e não esperar respostas fáceis, alguns filtros podem ser aplicados, em várias situações, na tentativa de distinguir fatos e suas infinitas interpretações.

      Fator hashtag. Está bombando nas redes sociais e não é um gatinho adorável? Desconfie, desconfie muito. É bom ter um canal para expressar sentimentos e opiniões. #metoo, #timesup ou #prayforamazonia são exatamente isso. Servem, dessa forma, para avaliar humores emocionais, não como um prognóstico infalível. Outra pequena dica: gente que nunca rezou por nada e de repente se prostra diante do divino por causa da floresta é como certos candidatos que vão à missa e até comungam em véspera de eleição.

      Fator fofura. Apresentadores ou influenciadores se emocionam e ficam com a voz embargada? Estão tratando de Greta Thunberg, a adolescente sueca em que tantos adultos querem acreditar, ou de macaquinhos indianos chamuscados e transportados por pensamento mágico para a floresta brasileira. Os ultrassensíveis, programados, como todos os humanos, para se comover com filhotes de mamíferos, moram bem longe dela. De perto, independentemente de sua importância e de seus prodígios, as florestas sempre foram fonte de temor. Ah, sim, se aparecer alguém usando cocar, a coisa está perdida. Índios não usam cocar no dia a dia, exceto para efeitos midiáticos.

      Fator uma semana. Passaram-se sete dias e o acontecimento, sem ter mudado em sua essência, sumiu do mapa. Depois do pico do fogo de palha, existe uma tendência a falar mais francamente. Registrem-se as manifestações a favor do “intervencionismo ambiental”. Escreveu um valente professor americano, Lawrence Douglas, comparando-o ao intervencionismo humanitário: “A comunidade internacional precisa assumir a responsabilidade – não, em primeira instância, aplicando a força militar, mas através de sanções comerciais e boicotes econômicos”. Por incrível coincidência, 46 deputados e dezessete ONGs da França propuseram sanções contra a soja e a carne importadas do Brasil. Não é só aqui que tem bancada ruralista.

                                                                      (Vilma Gryzinski, Veja, 11.09.2019. Adaptado)

Os fatores “hastag”, “fofura” e “uma semana” são apresentados pela autora em tom
Alternativas

Gabarito comentado

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Esta questão requer interpretação textual, questão que exige habilidade de deduzir, inferir as ideias que compõem o texto.

Alternativa (A) correta - A ironia se faz presente logo no início de cada parágrafo relacionado aos fatores. O objetivo da autora em tratar cada fator com tom irônico é fazer uma crítica sobre o artificialismo de certas manifestações e, a partir disso, fazer com que o leitor reflita sobre a hipocrisia de algumas pessoas que têm em seu comportamento uma atitude totalmente contrária ao que defendem nas manifestações.

Alternativa (B) incorreta - Não há um tom comovido nem uma solução dos problemas divulgados na mídia no início de cada fator. 

Alternativa (C) incorreta - Há um tom crítico, porém não apresenta uma proposta eficaz para solucionar a crise ambiental no mundo. 

Alternativa (D) incorreta - Não há um tom conciliador, e o início de cada fator aponta aspecto negativo da postura da mídia e das redes sociais, pois mostra que não agem conforme falam; por isso, o tom irônico da autora.

Alternativa (E) incorreta - Tal assertiva vai totalmente de encontro com o objetivo do texto, uma vez que não se pode confiar nos “defensores da Amazônia" tendo em vista eles quererem apenas defender seus interesses pessoais. Não há, de fato, defensores da Amazônia.

Gabarito da professora: Letra A.

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Comentários

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Gabarito: A

✓ A autora representa os fatos com conclusões irônicas, objetivando dizer o oposto do que se quer expressar.

☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

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