Para o autor,

Question

Céu da Boca     Uma das sedes da nostalgia da infância, e das mais
profundas, é o céu da boca.     A memória do paladar recompõe com precisão instantânea,
através daquilo que comemos quando meninos, o
menino que fomos. O cronista, se fosse escrever um livro de
memórias, daria nele a maior importância à mesa de família, na
cidade de interior onde nasceu e passou a meninice. A mesa
funcionaria como personagem ativa, pessoa da casa, dotada do
poder de reunir todas as outras, e também de separá-las, pelo
jogo de preferências e idiossincrasias do paladar − que digo? da
alma, pois é no fundo da alma que devemos pesquisar o
mistério de nossas inclinações culinárias.     A mesa mineira era grande, inteiriça e de madeira clara.
À esquerda e à direita, estiravam-se dois bancos compridos, em
que irmãos e parentes em visita se sentavam por critério
hierárquico. À cabeceira, na cadeira de jacarandá e palhinha, o
pai presidia.     A comida, imune a influências no meio ilhado entre
montanhas, era simples, simples a lembrança que deixou; e
quem dela se nutriu quase sempre torce o nariz aos requintes,
excentricidades ou meras variedades culinárias de outras terras.(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. A bolsa e a
vida. São Paulo, Companhia das Letras, 2012, p. 91-92.)  Para o autor, Alternativa A: a memória do paladar está relacionada a reminiscências
de quem fomos na infância e de relações de
afeto com nossos familiares. Ou Alternativa B: nossas preferências culinárias vêm do fundo da
alma e, portanto, permanecem imunes à influência
do meio em que somos criados. Ou Alternativa C: os hábitos alimentares adquiridos ao longo da vida
adulta alteram a lembrança do contexto em que
vivemos na nossa infância. Ou Alternativa D: a memória do paladar da infância é despertada ao
se apreciar uma refeição idêntica àquela do passado
e não uma outra refeição, diferente. Ou Alternativa E: nossas inclinações culinárias vão se sofisticando ao
longo dos anos, sendo que pratos simples tendem a
ser preteridos por requintados.

Danielle Parra Parra Victorino · Accepted Answer

Alternativa [A] a memória do paladar está relacionada a reminiscências
de quem fomos na infância e de relações de
afeto com nossos familiares. a) a memória do paladar está relacionada a reminiscências de quem fomos na infância e de relações de afeto com nossos familiares. Comentário: 'A memória do paladar recompõe com precisão instantânea, através daquilo que comemos quando meninos, o menino que fomos."b)nossas preferências culinárias vêm do fundo da alma e, portanto, permanecem imunes à influência do meio em que somos criados. Comentário: "A comida, imune a influências no meio ilhado entre montanhas, era simples, simples a lembrança que deixou;" - a comida fica imune às influências externas, conservando a simplicidade da cidade do interior.c)os hábitos alimentares adquiridos ao longo da vida adulta alteram a lembrança do contexto em que vivemos na nossa infância. Comentário: "e quem dela se nutriu quase sempre torce o nariz aos requintes, excentricidades ou meras variedades culinárias de outras terras."d) a memória do paladar da infância é despertada ao se apreciar uma refeição idêntica àquela do passado e não uma outra refeição, diferente.Comentário: Nada a ver com o que é dito no texto de Drummonde) nossas inclinações culinárias vão se sofisticando ao longo dos anos, sendo que pratos simples tendem a ser preteridos por requintados. (preterir = desprezar) Comentário: errado - "e quem dela se nutriu quase sempre torce o nariz aos requintes, excentricidades ou meras variedades culinárias de outras terras."

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