Leia o texto abaixo:“A Escravidão é de fato a Desigualdade R...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q1704246 História

Leia o texto abaixo:


“A Escravidão é de fato a Desigualdade Radical por excelência. Com a Escravidão — principalmente se o escravo estiver sujeito a todos os rigores que a Escravidão potencialmente lhe impõe, ao passo em que neste caso o Senhor estará em pleno exercício de todos os seus poderes e privilégios relacionados à posse do escravo — podemos dizer que este escravo estará privado de tudo, de todos os seus direitos sobre si. No início da Idade Moderna, difunde‐se muito uma releitura de certas passagens bíblicas como o notório episódio da “maldição de Cam”. Trata‐se de associar à Desigualdade Escrava, relida como Diferença Escrava, uma Diferença Negra que será reconstruída desde os tempos da expansão europeia em direção ao Novo Mundo.”


Com base na conceituação de Escravidão descrita acima, para a antiguidade e para os tempos modernos, podemos afirmar que:


1. Os hilotas correspondiam, na Grécia Antiga, a populações ou grupos de populações submetidas pelos espartanos e obrigadas, a partir daí, a uma forma específica de trabalho compulsório. Uma de suas características essenciais é que eles eram dependentes coletivos, em contraste, por exemplo, com o escravo ateniense do período clássico, que via de regra estava preso a um destino individual de dependência. Enquanto o hilota insere‐se em um grupo “escravizado” por uma comunidade de senhores, já o “escravo” propriamente dito passa a pertencer a um indivíduo: ele é propriedade de alguém.


2. A estratificação social no Brasil Colonial fundou‐se precisamente no deslocamento imaginário da noção desigualadora de “Escravo” para a coordenada de contrários fundada sob a perspectiva da diferença entre homens livres e escravos. Nesta perspectiva, um indivíduo não está escravo, ele é escravo, e toda a violência maior do modelo de estratificação social típico do Brasil Colonial esteve alicerçada neste deslocamento, nesta estratégia social imobilizadora que transmudava uma circunstância em essência. É digno de nota que os abolicionistas tenham se empenhado precisamente em reconduzir o discurso sobre a Escravidão para o plano das desigualdades.


3. A racialização da escravidão na ótica moderna, implica em que a escravidão possa ser vista como uma diferença coletiva. Não seriam certos indivíduos de natureza humana deficiente, como propunha Aristóteles, que deveriam estar destinados à escravidão, mas sim um grupo humano específico, que traria na cor da pele os sinais de uma inferioridade da alma, mas que podem adquirir sua liberdade pela comprovada natureza humanística da raça, nestes termos, a superação da inferioridade da cor da pele dá lugar a concepção de cidadania ampliada com o discurso republicano e positivista no Brasil.


4. O discurso de uma diferença negra inextricavelmente acompanhada de sua segunda natureza, que seria a diferença escrava, desponta desde o início da modernidade europeia, como o aparato ideológico que sustenta todo um comércio de escravos. Ainda que tenha enfrentado críticas, mesmo no período de vigência do tráfico negreiro, isto não impedirá que a prática escravista da exploração da mão‐ de‐obra africana encontre a mais ampla difusão. Justificada apenas pela concepção de que espanhóis e portugueses não eram os primeiros a se utilizarem da mão-de-obra escrava africana.


5. A Desigualdade Escrava, relida como Diferença Negra, foi reconstruída desde os tempos da expansão europeia em direção ao Novo Mundo. No cadinho de formação do Escravismo Colonial, interessou a traficantes e senhores coloniais a desconstrução de uma série de diferenças étnicas africanas, com vistas à construção de uma Diferença Negra no interior da qual todas as etnias pré‐existentes no continente africano se misturam. Portanto, associar Escravidão e Diferença Negra será uma pedra de toque para o Escravismo Colonial, e para o concurso desta construção discursiva não faltaram contribuições que se mostravam indiferentes à escravização de povos africanos.


Estão CORRETAS:

Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

O gabarito correto é a opção A, que indica que as afirmações 1, 2 e 5 estão corretas. Vamos analisar cada uma delas:

1. Os hilotas eram populações subjugadas pelos espartanos na Grécia Antiga, obrigadas a um trabalho compulsório específico. Eles se diferenciavam dos escravos atenienses do período clássico, pois enquanto os hilotas pertenciam coletivamente a uma comunidade de senhores, os escravos atenienses eram propriedade de um único indivíduo. Esta distinção ressalta os diferentes modelos de dependência e propriedade de escravos na antiguidade.

2. No Brasil Colonial, a estratificação social foi intensamente marcada por uma ideia imutável de escravidão, onde 'ser escravo' era uma condição inerente ao indivíduo. Esta concepção solidificou a desigualdade e sustentou a violência do sistema escravocrata. Os abolicionistas lutaram contra essa visão, tentando restabelecer a compreensão da escravidão como uma desigualdade social que poderia ser superada.

5. A 'Diferença Negra' foi um constructo durante a expansão europeia ao Novo Mundo, onde as diversas etnias africanas foram amalgamadas em uma categoria homogênea para justificar a escravidão colonial. Esse processo ideológico foi fundamental para estabelecer e perpetuar o sistema de escravidão nas colônias americanas. A associação entre 'Escravidão' e 'Diferença Negra' foi uma estratégia crucial para sustentar o comércio transatlântico de escravos.

As afirmações 3 e 4 não estão incluídas na resposta correta e podem conter imprecisões ou interpretações errôneas sobre a natureza da escravidão e os discursos ideológicos que a sustentaram ao longo da história.

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

A principal justificativa para escravização dos povos africanos, em foco os negros, veio da Igreja C.A. Romana.

Afirmavam estes que os negroides não possuíam alma, por isso, não validaria dar-se o trabalho da catequização e o batismo, em outras palavras: " não havia salvação", uma vez que a jogada da Igreja era a negociata da alma, ir ou não ao "Paraiso", então se não possui alma, o individuo, não lhes restava mais nada a fazer.

O que leva uma sociedade ao progresso é a força das ideias que as conduzem.

Se a ideia é absurda ou não nos cabe sim julgar!

Iluministas, Séc. XVIII

Eita mulesta!

NADA VER ESSE GABARITO.

Não vejo erro na II e III.

Qual a fonte histórica que o colega Sandro tem? Aja vista que q igreja já e vem canonizando pessoas negras há séculos.

São Benedito - Benedito, o Negro ou Benedito, o Africano, nasceu na Sicília, sul da Itália, em 1524, no seio de família pobre e era descendente de escravos oriundos da Etiópia.

Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, filha e neta de escravos, nasceu em 1808, 

Santo Antônio de Categeró - Ou Antônio de Cartago, OFS nasceu na cidade de Barca, Cirenaica, na África Sua morte deu-se no dia 14 de março de 1549.



Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo