Em: “A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos leva...
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Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
Prefeitura de São João del Rei - MG
Provas:
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Enfermeiro
|
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Cardiologista |
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FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Farmacêutico |
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Infectologista |
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Médico - ESF |
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Psiquiatra |
FUMARC - 2023 - Prefeitura de São João del Rei - MG - Urologista |
Q2159485
Português
Texto associado
BASTA DE TANTA RAIVA
Não é fácil controlar a irritação profunda, mas uma nova leva de
recursos tecnológicos está ajudando a reduzir a frequência e a
intensidade das explosões
Diego Alejandro
SENTIR RAIVA é uma situação comum. Quem vive em uma grande cidade,
corre contra prazos no trabalho e se equilibra para cuidar dos filhos e pagar as
contas dificilmente passa dias sem experimentar momentos de irritação profunda.
Os motivos variam de gravidade. Pode ser o trânsito parado, o eletrodoméstico
que quebrou – e ninguém consertou –, ou a perda de um relatório completo porque
o computador pifou. Dependendo do dia, uma faísca dessas pode ser o estopim
para explosões memoráveis.
Elas fazem parte das manifestações emocionais de todos nós, e estranho
seria nunca as ter apresentado. A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que
nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios. “Ela é um dos sentimentos mais relevantes do ser humano”, diz o psiquiatra
Eduardo Martinho Jr., da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O problema está na medida. Quando vai além do que seria esperado tanto
em intensidade quanto em frequência, tem-se uma grande questão a ser resolvida.
Entende-se por episódios fora de controle aqueles que prejudicam a vida
social, afetiva e profissional. Até recentemente, a única forma de enfrentá-los era
a terapia presencial e medicações quando necessárias. O avanço das ferramentas
digitais, contudo, mudou o cenário radicalmente. Sessões on-line, aplicativos e recursos de realidade virtual estão tornando o tratamento mais acessível e eficaz,
para a alegria dos pacientes e de quem está ao redor.
Não é, enfim, nada fácil conviver com pessoas irascíveis. A pandemia impulsionou o uso desses atalhos eletrônicos. A impossibilidade de realizar sessões
de terapia presencialmente, por exemplo, aumentou sua migração para o mundo
digital. No início, temia-se que a modalidade não fosse tão eficiente, mas as evidências revelam o contrário. Um trabalho que acaba de ser publicado por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, mostra que terapias rápidas, de um
mês apenas, feitas pela internet, ajudam no controle da raiva desadaptativa, caracterizada por comportamentos não condizentes com as situações e que acabam
por prejudicar o paciente. A investigação comparou dois métodos: um deles tem
por objetivo aumentar a capacidade do indivíduo de perceber e aceitar os próprios
sentimentos sem julgá-los ou agir sobre eles, e outro auxilia na reinterpretação de
pensamentos e situações, identificando caminhos alternativos às explosões.
Quando ambas as técnicas foram aplicadas, os participantes saíram-se melhor.
Nos Estados Unidos, a tecnologia ajudou na criação, pelo U.S. Departament of Veterans Affairs, de um programa para smartwatches, capaz de captar
sinais fisiológicos de que ataques de raiva estão a caminho, oferecer intervenções
autoguiadas curtas de respiração profunda e relaxamento muscular e de entrar em
contato com o terapeuta do usuário. Na Coreia do Sul, pesquisadores da Universidade de Yonsei provaram a eficiência da realidade virtual a partir de uma experiência com sessenta jovens. Os pacientes foram expostos a ambientes projetados
para provocar raiva. Assim, houve um modo de treiná-los no universo virtual para
saber como reagiriam em situações reais. Funcionou.
No Brasil, o manejo da raiva é incipiente. Existe um centro – na Psiquiatria
da USP – para atender pacientes com transtorno explosivo intermitente, definido
por crises que se tornam intensas e acontecem pelo menos duas vezes por semana ao longo de três meses. Contudo, também lá houve a constatação de que a
terapia virtual, adotada na pandemia, funciona. “O maior ganho é a ampliação do
acesso ao tratamento, inclusive para pessoas de outros estados”, diz a psicóloga Carolina Bernardo. Em 2020, ela e outros profissionais do serviço lançaram o livro
Como Lidar com a Raiva e o Transtorno Explosivo Intermitente: Guia Prático para
Pacientes, Familiares e Profissionais da Saúde, o primeiro do tipo no Brasil e à
venda na Amazon. O futuro do gerenciamento de emoções promete outras novidades animadoras e relaxantes também. Um conselho: segure a onda, e calma.
(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p.
62-63)
Em: “A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra
circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios.”, o termo em destaque exemplifica o seguinte processo de formação de palavras: