No fragmento “...esse calor rançoso dos dormitórios, que, m...
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Ano: 2019
Banca:
Itame
Órgão:
Prefeitura de Senador Canedo - GO
Provas:
Itame - 2020 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente Administrativo
|
Itame - 2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente de Saúde - Técnico em Enfermagem |
Itame - 2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente Educacional |
Itame - 2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente Administrativo |
Itame - 2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente de Saúde - Técnico Prótese Dentária |
Itame - 2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Assistente de Saúde - Técnico de Laboratório |
Q1302437
Português
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O germinal
Émile Zola
No meio dos campos de trigo e beterraba, o
conjunto habitacional dos Deux-Cent Quarante
dormia sob a noite negra. Distinguiam-se vagamente
os quatro imensos corpos de pequenas casas
encostadas umas às outras, corpos de caserna ou de
hospital, geométricos, paralelos, que separavam as
três largas avenidas divididas em jardins iguais. E, no
planalto deserto, ouvia-se apenas a queixa do vento
por entre as sebes arrancadas.
Em casa dos Maheu, no número dezesseis do
segundo grupo de casas, tudo era sossego. O único
quarto do primeiro andar estava imerso nas trevas,
como se estas quisessem esmagar com seu peso o
sono das pessoas que se pressentiam lá, amontoadas,
boca aberta, mortas de cansaço. Apesar do frio
mordente do exterior, o ar pesado desse quarto tinha
um calor vivo, esse calor rançoso dos dormitórios,
que, mesmo asseados, cheiram a gado humano.
O cuco da sala do térreo deu quatro horas,
mas ninguém se moveu. As respirações fracas
continuaram a soprar, acompanhadas de dois roncos
sonoros. Bruscamente, Catherine levantou-se. No seu
cansaço, tinha ela, pela força do hábito, contado as
quatro badaladas que atravessaram o soalho, mas
continuara sem o ânimo necessário para acordar de
todo. Depois, com as pernas para fora das cobertas,
apalpou, riscou um fósforo e acendeu a vela. Mas
continuou sentada, a cabeça tão pesada que tombava
nos ombros, cedendo ao desejo invencível de voltar ao
travesseiro.
Agora, a vela iluminava o quarto, quadrado,
com duas janelas, atravancado com três camas. Havia
um armário, uma mesa e duas cadeiras de nogueira
velha, cujo tom escuro manchava duramente as
paredes pintadas de amarelo-claro. E nada mais, a não
ser roupa de uso diário pendurada em pregos, uma
moringa no chão ao lado de um tacho vermelho que
servia de bacia. Na cama da esquerda, Zacharie, o
mais velho, um rapaz de vinte e um anos, estava
deitado com o irmão, Jeanlin, com quase doze anos;
na da direita, dois pequenos, Lénore e Henri, a
primeira de seis anos, o segundo de quatro, dormiam
abraçados; Catherine partilhava a terceira cama com a
irmã Alzire, tão fraca para os seus nove anos, que ela
nem a sentiria ao seu lado, não fosse a corcunda que
deformava as costas da pequena enferma. A porta envidraçada estava aberta, podiam-se ver o corredor
do patamar e o cubículo onde pai e mãe ocupavam
uma quarta cama, contra a qual tiveram de instalar o
berço da recém-nascida, Estelle, de apenas três meses.
Entretanto, Catherine fez um esforço
desesperado. Espreguiçava-se, crispava as mãos nos
cabelos ruivos que se emaranhavam na testa e na
nuca. Franzina para os seus quinze anos, não mostrava
dos membros senão uns pés azulados, como tatuados
com carvão, que saíam da bainha da camisola estreita,
e braços delicados, alvos como leite, contrastando
com a cor pálida do rosto, já estragado pelas contínuas
lavagens com sabão preto. Um último bocejo abriulhe a boca um pouco grande, com dentes magníficos
incrustados na palidez clorótica das gengivas,
enquanto seus olhos cinzentos choravam de tanto
combater o sono. Era uma expressão dolorosa e
abatida que parecia encher de cansaço toda a sua
nudez. (...)
No fragmento “...esse calor rançoso dos
dormitórios, que, mesmo asseados, cheiram a gado
humano.” Há uma oração subordinada