“Como aconteceu com o ator famoso – famosíssimo.” Em que gra...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q2738402 Português

Leia o texto a seguir para responder às próximas 12 questões.


ESCORPIÃO NA CARTEIRA


Na hora de pagar, uma amiga minha sempre estava sem cartão. Outra saía antes. E eu morria com a conta


Tive uma amiga que, quando íamos jantar fora, dava sempre a mesma desculpa:

– Meus cartões desmagnetizaram, acho que deixei com o celular.

Eu morria com a conta. Detalhe: era bem mais rica que eu, pobrinho naqueles tempos. E tinha hábitos de gastadora: bons uísques, frutos do mar... aiiii! O tempo nos afastou, e até hoje me pergunto: não tinha vergonha de repetir a mentira todas as vezes? Certamente não, eu é que tinha vergonha por ela. Outra, na hora do cafezinho, ia ao toalete. Se trancava uns 40 minutos e, é claro, depois de contemplar a dolorosa uns 15, 20 minutos, eu, ou qualquer outro acompanhante, pagava. Tudo bem, na época pré-feminismo homens pagavam sempre para as damas. Conheço até hoje mulheres que acreditam firmemente nessa obrigação e saem sem um centavo ou cartão. É um jeito de ser tão antigo! Um terror, gente avarenta. Lembro histórias que minha mãe contava: fazendeiros, sitiantes, que botavam todo o dinheiro embaixo do colchão. Tinham medo de banco, jamais gastavam um centavo, obrigavam a família a uma vida de miséria absoluta. Sofriam a mulher e os filhos. Um dia, pegava fogo no colchão, e lá se ia uma vida de economia. Frequentemente, quando ele morria, descobria-se que o dinheiro não valia mais, neste país de históricas mudanças de moeda.

Boa parte de nossas personalidades é formada pelas histórias infantis. Uma das mais populares é a fábula da cigarra e da formiga. Uma canta, enquanto a outra trabalha. No duro inverno, a coitada da cigarra é penalizada por sua alegria. Poupar, poupar, poupar – é um refrão que ecoa em nossos ouvidos. Não falo de quem precisa economizar para chegar ao fim do mês. Mas das pessoas que evitam até os menores prazeres da vida. Sei de um milionário que se orgulha de almoçar em restaurante por quilo. Mesmo no quilo, evita certos itens. Batatas, que pesam no prato. Ou a garrafa d’água, por considerar o preço exorbitante. Prefere comer a seco. Há os que andam em carros populares e só compram ternos em lojas simples. Querem ser valorizados pela modéstia. Seria melhor se dessem bônus aos funcionários, não? Minha alma sempre foi de cigarra, embora meu lado formiga me faça trabalhar muito. Já vivi tempos difíceis, mas nunca deixei de me proporcionar pequenas alegrias. Atualmente, se vejo uma obra de arte, um móvel que tenho condições de comprar, pechincho, como já contei. Mas compro feliz da vida. Moro numa casa antiga e espaçosa, gosto de viver cercado por meus livros. Já ouvi várias vezes:

– Mas você poderia viver num lugar menor.

Respondo:

– Poderia morar numa quitinete de 20 metros quadrados e também seria feliz. Mas comprei esta casa com meu trabalho e gosto daqui. Se um dia não puder pagar, saio, vou para um lugar menor e também serei feliz.

Como diziam os antigos, dinheiro não se leva no caixão. Então, vejo amigos, executivos bem de vida, ligando para o banco, brigando por causa de alguns reais a mais em qualquer situação. Ninguém deve aceitar ser roubado. Mas vale a pena brigar por tudo? A figura do personagem que economiza em misérias e é enganado o tempo todo já foi imortalizada por Molière, na peça “O avarento”. Uma comédia, é claro. Esse comportamento é motivo de piada entre colegas de trabalho, ou às vezes vira caso de polícia. Como aconteceu com o ator famoso – famosíssimo – que saiu com uma travesti e não queria pagar o programa combinado. Achou que por ser ele, o famoso, já valia. A profissional, sentindo-se, com razão, desrespeitada, começou a gritar pela polícia, em Copacabana. Só não virou escândalo nacional porque o astro gastou mais com advogado. Bem feito!

Vejo que gente assim também é avarenta com os sentimentos. Está sempre à espreita da pequena vantagem sobre os outros. Dá pouco de si. Afeições também exigem flores, chocolates, surpresas. Um teatro, um cinema. É preciso dizer que ama, que gosta, chorar e rir com quem é mais próximo, “perder tempo” sendo simplesmente feliz. Mas a pessoa trabalha demais, nunca tem tempo para a família ou os amigos. Um dia, descobre que os filhos se tornaram desconhecidos. É alguém travado na vida e nas palavras de amor. Conheço um executivo de alto escalão que se mudou para o 3° andar, sem elevador, para economizar no condomínio. O que oferece de fato à família? Economizar dinheiro é uma coisa. Economizar a vida, outra muito diferente.


WALCYR CARRASCO. Disponível em http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/walcyrcarrasco/noticia/2014/07/escorpiao-na-bcarteirab.html. Acesso em 11 jul 2014.

“Como aconteceu com o ator famoso – famosíssimo.” Em que grau está o adjetivo “famosíssimo”?
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Vamos analisar a questão sobre o grau do adjetivo "famosíssimo". O tema central aqui é a morfologia, mais especificamente os graus do adjetivo. Este conceito se refere às diferentes formas que um adjetivo pode assumir para indicar intensidade.

Alternativa correta: D - Grau superlativo absoluto sintético

O adjetivo "famosíssimo" está no grau superlativo absoluto sintético. Este grau expressa uma qualidade em seu nível máximo, sem comparação com outros elementos. No caso do superlativo sintético, isso é feito com a adição de sufixos como "-íssimo" ao adjetivo básico, como em "famosíssimo".

Vamos agora analisar por que as outras alternativas estão incorretas:

A - Grau comparativo de superioridade: Este grau é utilizado para comparar duas coisas ou pessoas, indicando que uma possui mais de certa qualidade que a outra. Exemplo: "mais famoso que". O termo "famosíssimo" não faz uma comparação direta, portanto, esta opção está incorreta.

B - Grau superlativo relativo de superioridade: Este grau indica que algo ou alguém é superior em relação a um grupo. Por exemplo, "o mais famoso da turma". O termo "famosíssimo" não se refere a um grupo, mas serve para intensificar a qualidade em si, então esta alternativa também está incorreta.

C - Grau superlativo absoluto analítico: Este grau também expressa a qualidade em seu nível máximo, mas de forma analítica, usando uma expressão como "muito famoso". "Famosíssimo" é uma forma sintética, e não analítica, por isso esta opção está incorreta.

Para resolver questões de graus do adjetivo, é útil lembrar que o superlativo absoluto sintético usa sufixos, enquanto o analítico utiliza palavras como "muito" ou "extremamente". O comparativo, por outro lado, sempre envolve uma comparação entre dois ou mais elementos.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Grau Comparativo: Este grau é usado para comparar a qualidade de duas ou mais pessoas ou coisas. Ele pode ser subdividido em:

  • Comparativo de superioridade: Indica que algo possui uma qualidade em maior grau. Exemplo: "Ele é mais inteligente que ela."
  • Comparativo de inferioridade: Indica que algo possui uma qualidade em menor grau. Exemplo: "Ela é menos inteligente que ele."
  • Comparativo de igualdade: Indica que duas ou mais coisas têm a mesma qualidade. Exemplo: "Ela é tão inteligente quanto ele."

Grau Superlativo: Este grau expressa uma qualidade em seu nível máximo. Pode ser subdividido em:

  • Superlativo absoluto: Indica uma qualidade em seu grau máximo, sem comparação. É subdividido em:
  • Superlativo absoluto sintético: Formado por sufixos. Exemplo: "famosíssimo," "inteligentíssimo."
  • Superlativo absoluto analítico: Formado com a palavra "muito" ou "extremamente" seguida do adjetivo. Exemplo: "muito inteligente," "extremamente famoso."
  • Superlativo relativo: Compara um elemento com um grupo. Também pode ser subdividido em:
  • Relativo de superioridade: Exemplo: "Ela é a mais inteligente da turma."
  • Relativo de inferioridade: Exemplo: "Ele é o menos inteligente da turma."

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo