Ao separar a literatura da linguagem comum, conforme o 4º ...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2019
Banca:
VUNESP
Órgão:
Prefeitura de Ribeirão Preto - SP
Prova:
VUNESP - 2019 - Prefeitura de Ribeirão Preto - SP - Professor de Educação Básica I - Educação Básica |
Q1305144
Português
Texto associado
Leia o texto para responder à questão.
Saudáveis loucuras
São 22 contos curtos em que a principal característica
é não se prender a nenhum padrão da lógica. Assim, Dona
Tinzinha vai a uma loja de armarinhos, onde pede meio litro
de botões amarelos para o pijama novo de seu filho – ela descobriu que essa cor ajuda a criança a parar de fazer xixi na
cama. Ou então o irmão mais velho, ao ser questionado pelo
mais novo sobre o que vai ser quando crescer, conta estar
dividido entre preguiçólogo ou dorminhólogo.
São relatos assim que formam Tantãs, novo livro infantil
de Eva Furnari, autora e ilustradora exímia em atiçar a curiosidade das crianças por meio do inusitado e do bom humor.
Assim, nenhum leitor deve se surpreender com a carta que
uma bruxinha escreve ao Papai Noel pedindo um vestido
rosa; ou com o jovem advogado que defende um passarinho.
Histórias que não agridem a lógica dos pequenos que, justamente por falta de vivência, ainda não foram contaminados
pelas regras de convivência. Olham o mundo com frescor.
Tantãs apresenta uma linguagem artesanalmente construída, que não se atém a convenções gramaticais ou sociais
– encontrar a simplicidade é sua meta. E, com mais de
60 livros publicados, Eva entende perfeitamente a lição passada pelo poeta Manoel de Barros que, certa vez, disse:
“A gente precisa se vigiar ao escrever. Não podemos, ao
escrever, abandonar o canto, a harmonia ‘letral’. Não podemos desprezar o gorjeio das palavras”.
Eva mostra às crianças as possibilidades de jogo que
separam a literatura da linguagem comum: a liberdade de
desmontar lógicas, dar espaço ao inusitado. Nem por isso
as personagens de Eva beiram a loucura. Ela garante que
há loucuras e loucuras. Há aqueles que são chamados de
loucos (mesmo sem ter doença mental) pelo simples fato de
não corresponderem ao modelo esperado pela sociedade.
São os artistas, os criadores, as pessoas que pensam fora
dos padrões e do senso comum. Esses, diz ela, “acho que
têm intuições lúcidas e trazem reflexões que as pessoas sãs
não costumam trazer. No caso dos tantãs do livro, é uma loucurinha que vem do olhar ingênuo da criança. As pessoas
gostam, têm saudade desse olhar puro, inesperado e sem
malícia. Talvez, essa seja uma das graças do livro.”
(O Estado de S.Paulo, 02.11.2019. Adaptado)
Ao separar a literatura da linguagem comum, conforme o
4º
parágrafo, a escritora cria um cenário