Em “Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou...
Podemos ser mais dignos? Podemos.
Dificilmente encontramos alguém, a não ser criança ou adolescente naquela fase de autorreferência compulsiva e natural, que esteja contente com a situação em geral.
Que pense ou diga: “Está tudo bem, estamos tranquilos, o país cresce, o povo é razoavelmente bem tratado, nada a reclamar…”.
Manifestações se agitam no Brasil. Pelos mais singulares motivos, ora surreais, ora convincentes, saímos às ruas, querendo ordem, progresso e paz, mas admitindo entre nós a violência e o crime, tudo organizado e financiado por alguém. Um partido, uma instituição, um grupo… alguém. Pois nada disso acontece aleatoriamente.
A mim me impressionam centenas de pessoas descendo de um trem quebrado e andando pelos trilhos em busca do seu destino ou de uma condução. Às vezes jogam pedras e quebram vidros ou portas do trem, mas a maioria, mesmo reclamando, não demonstra indignação. Muitos, num meio sorriso resignado, dizem: “É ruim, mas é assim, que fazer?”.
Ou, quando a enchente mais uma vez inundou a casa, matou a criança, destruiu os bens, e ninguém em alguns anos providenciou nada, comentam: “Com a ajuda de Deus, vou mais uma vez começar do zero”. Manadas de seres humanos apinhados nos ônibus e trens, sem o menor conforto, pendurados naquelas alças, esfregados, amassados por tantos corpos humanos suados e exaustos, dia após dia, ano após ano, consumindo diariamente duas, quatro horas de seu tempo, sua saúde, sua vida, vão para o trabalho e voltam, em condição subumana, e fazem suas reclamações, às vezes com palavras duras e justas, mas acrescentam: “O que fazer? Por aqui é assim”.
Podemos melhorar de vida? Podemos não ser caçados por bandidos como coelhos pelas ruas dia e noite, podemos viver em morros sem nos enfiarmos embaixo da cama nos frequentes tiroteios, podemos ter água para beber, cozinhar e tomar banho, e energia elétrica para o chuveiro, o ventilador, a luz da casa?
Não sabemos para que lado nos virar, onde procurar, a quem recorrer. Talvez a esperança seja não a destruição de ônibus, a quebradeira de lojas, a insensatez desatada, mas o gesto mais simples, breve, pequeno, porém transformador, desde que a gente saiba o que está fazendo, o que deve fazer: o “voto”.
Porém uma imensa maioria de nós, embora adulta, nem sabe ler. Outra boa parte da população, se sabe ler, não tem energia, interesse, tempo, instrução suficiente para se dedicar a esses assuntos, se informar, debater e descobrir algum nome a quem confiar esse voto.
Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou zangados, mas sem lucidez, eles vão receber, na hora da eleição, o apoio de quem parou um instante no posto da ilusão e digitou um número, um nome, uma sigla, um destino seu, que não acabará significando nada.
(Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/lya-luft-podemos-ser-mais-dignos podemos/. Acesso em: 18/08/2015.Adaptado.)
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Comentários
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GABARITO: LETRA A
? ?Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou zangados, mas sem lucidez, eles vão receber, na hora da eleição, o apoio de quem parou um instante no posto da ilusão e digitou um número, um nome, uma sigla, um destino seu, que não acabará significando nada.? (10º§)
? Temos, em destaque, uma conjunção coordenativa conclusiva, ela pode ser substituída perfeitamente pela conjunção "logo" (=mesma classificação e mesmo valor semântico).
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? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
A questão quer saber por qual conjunção podemos substituir a conjunção "então" da frase "Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou zangados, mas sem lucidez, eles vão receber...", sem alteração de sentido. Vejamos:
Conjunções coordenativas são as que ligam termos ou orações de mesmo valor. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
A logo.
"Logo" é conjunção coordenativa conclusiva.
Conjunções coordenativas conclusivas têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização...
São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, destarte, dessarte...
Ex.: Estudamos muito, logo passaremos no concurso.
B por isso.
"Por isso" é conjunção coordenativa conclusiva.
C entretanto.
"Entretanto" é conjunção coordenativa adversativa.
Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...
São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...
Ex.: Não estudou muito, entretanto passou nas provas.
D finalmente.
"Finalmente" é advérbio de tempo.
.
Em relação à questão, "Então" poderia ser perfeitamente substituído por “Logo”, sem alterar o sentido!
Gabarito: Letra A
Questão com 2 vertentes, poderia também ser substituída por Por Isso, pois além de ser conclusiva, não perderia o sentido e obedeceria a regra da vírgula depois da conjunção conclusiva no começo da oração.
Ex de conjunções coordenadas conclusivas: assim, então, logo, pois(depois do verbo), por isso, portanto, por conseguinte, destarte, dessarte.
GAB A
Conjunções Conclusivas.
Logo, portanto, pois, então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso...
"Por isso" também poderia substituir, e aí? complicado viu
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