Considere o período: “Agora a publicidade terá que rever su...
2 Um quarteirão adiante, a sede mundial de um dos ícones da moda, instalada em um palácio renascentista, garante a autenticidade de sua marca, símbolo de elegância e nobreza. O palácio é frequentado por poucos. A ponte é um formigueiro humano. Verdadeira ou falsa, todos usam a mesma marca.
3 A publicidade associa uma bolsa a um estilo de vida como se dentro dela viessem a felicidade e o refinamento. Quem não tem acesso ao produto verdadeiro compra na calçada, ao preço do camelô, a ilusão de uma vida que não tem e não terá, mas encena como real. Assim é se lhe parece.
4 Uma celebridade vende a peso de ouro sua imagem para associar seu nome a uma determinada marca. Marcas famosas não precisam produzir beleza ou qualidade. O que elas produzem passa a ser o padrão de beleza e qualidade. Seu valor é simbólico, muito mais do que real. Símbolos cobiçados mesmo sabendo tratar-se de uma contrafação. Mas um dia o feitiço se volta contra o feiticeiro.
5 Anders Breivik, assassino de jovens na Noruega, sinistra celebridade pela carnificina que provocou, ostenta orgulhoso as camisas de renomada marca. No manifesto psicótico que lançou na rede sugere que gente refinada como ele deveria vestir-se assim. Sem arrependimentos, apresenta-se como padrão de elegância. A tentativa da empresa dona da marca de impedi-lo de vestir sua camisa fracassou. Na Noruega, o tratamento dado aos presos, por mais repugnante que tenha sido o crime, é respeitoso. Desastrosa reversão de expectativas, uma anti-propaganda de alcance mundial.
6 Os promotores de marcas famosas sabem − e é a chave do seu sucesso − que as necessidades têm limites, mas os desejos, não. Não previram que assassinos, corruptos, mafiosos, cada vez mais numerosos e milionários, se enfeitariam com suas grifes na tentativa de ascender a uma suposta elite. Agora a publicidade terá que rever suas estratégias e proteger as marcas desvinculando-as de rostos − que ninguém sabe o que farão −, renunciando à sua vocação de vendedora de sonhos e aproximando-se do mundo real, terreno mais seguro e convincente.
(OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. O Globo: 17/09/2011.)
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Na questão apresentada, o tema central é a análise de reescritas de um período, respeitando os padrões da língua escrita culta, com um foco específico em pontuação e colocação pronominal. Vamos explorar cada alternativa para entender qual delas não está de acordo com a norma culta.
Alternativa correta: C - antepor o pronome átono “as” ao gerúndio “desvinculando”.
Vamos detalhar o porquê desta ser a resposta correta:
- Alternativa C: A norma culta do português não permite a colocação de pronomes átonos antes de formas verbais no gerúndio iniciadas com “des-”. A forma correta é manter o pronome após o gerúndio, ou seja, "desvinculando-as". Por isso, esta é a reescrita inaceitável.
Agora, vamos analisar as alternativas que são aceitáveis:
- Alternativa A: Pospor o sujeito “a publicidade” à forma verbal “terá” é aceitável e não fere a norma culta, resultando em “terá a publicidade”.
- Alternativa B: Substituir a forma verbal simples “terá” pela perífrase “vai ter” é uma variação aceitável e comum na linguagem escrita, especialmente em contextos menos formais.
- Alternativa D: Suprimir o acento grave no “a” de “à sua vocação” não está de acordo com a norma culta, pois esta alternativa não deve ser tida como aceitável. Esta opção está erradamente marcada como aceitável, mas de acordo com a gramática normativa, deve-se manter o acento grave em locuções que indicam posse.
- Alternativa E: Usar travessão em vez de vírgula entre “o mundo real” e seu aposto é uma questão de estilo, e não infringe regras gramaticais, sendo uma escolha válida para a escrita.
Compreender essas estruturas é essencial para interpretar e reescrever frases conforme os padrões da língua culta, especialmente em contextos de provas e concursos.
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CASO II - VERBO AUXILIAR + GERÚNDIO
Pela gramática tradicional, o certo seria a ênclise do verbo auxiliar ou do gerúndio, caso não haja obrigatoriedade para a próclise do verbo auxiliar.
Exemplos:
1. "Ele estava-nos olhando" (ênclise do verbo auxiliar) ou "Ele estava olhando-nos" (ênclise do gerúndio)
2. Ele não nos estava olhando. (próclise do verbo auxiliar)
No primeiro exemplo, os gramáticos brasileiros também aceitaram a próclise do verbo auxiliar e a do gerúndio:
Ele nos estava olhando. (próclise do auxiliar)
Ele estava nos olhando. (próclise do gerúndio).
Fonte:
Ênclise
É o nome que se dá à colocação pronominal depois do verbo; ela é basicamente usada quando NÃO HÁ fator de próclise; veja:
1) Verbo no início da oração sem palavra atrativa
ex: Vou-me embora daqui!
2) Pausa antes do verbo sem palavra atrativa
ex: Se eu ganho na loteria, mudo-me hoje mesmo.
3) Verbo no imperativo afirmativo sem palavra atrativa
ex: Quando eu der o sinal, silenciem-se todos.
4) Verbo no infinitivo não flexionado sem palavra atrativa.
ex: Machucar-te não era minha intenção.
5) Verbo no GERÚNDIO sem palavra atrativa.
ex: Recusou a proposta fazendo-se de desentendida.
Gabarito: C
Sobre o travessão:
1) Indica a mudança de interlocutor
ex: - Que gente é aquela, Seu Alberto? - São japoneses.
2) Coloca relevo em certos termos, expressões ou orações; substitui nestes casos a vírgula, os dois-pontos, os parênteses e os colchetes.
ex: A decisão do ministério foi a seguinte - que todos se unissem contra o mosquito transmissor da dengue. (oração substantiva apositiva)
ex: Os professores - amigos meus do curso carioca - vão fazer videoaulas (aposto explicativo)
Fonte:
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4. ed. rev. atual. amp. Rio de Janeiro: Método, 2021.
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