Considere o período: “Agora a publicidade terá que rever su...

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Q582965 Português
1       Ponte Vecchio, tesouro arquitetônico e coração turístico de Florença. A multidão ignora a deslumbrante perspectiva das pontes que se sucedem e se refletem no espelho do Rio Arno. Os olhos se voltam para grosseiras imitações de marcas famosas que imigrantes africanos, com os olhos assustados e gestos nervosos dos sem documentos, espalham pelo chão.

2       Um quarteirão adiante, a sede mundial de um dos ícones da moda, instalada em um palácio renascentista, garante a autenticidade de sua marca, símbolo de elegância e nobreza. O palácio é frequentado por poucos. A ponte é um formigueiro humano. Verdadeira ou falsa, todos usam a mesma marca.

3       A publicidade associa uma bolsa a um estilo de vida como se dentro dela viessem a felicidade e o refinamento. Quem não tem acesso ao produto verdadeiro compra na calçada, ao preço do camelô, a ilusão de uma vida que não tem e não terá, mas encena como real. Assim é se lhe parece.

4       Uma celebridade vende a peso de ouro sua imagem para associar seu nome a uma determinada marca. Marcas famosas não precisam produzir beleza ou qualidade. O que elas produzem passa a ser o padrão de beleza e qualidade. Seu valor é simbólico, muito mais do que real. Símbolos cobiçados mesmo sabendo tratar-se de uma contrafação. Mas um dia o feitiço se volta contra o feiticeiro.

5       Anders Breivik, assassino de jovens na Noruega, sinistra celebridade pela carnificina que provocou, ostenta orgulhoso as camisas de renomada marca. No manifesto psicótico que lançou na rede sugere que gente refinada como ele deveria vestir-se assim. Sem arrependimentos, apresenta-se como padrão de elegância. A tentativa da empresa dona da marca de impedi-lo de vestir sua camisa fracassou. Na Noruega, o tratamento dado aos presos, por mais repugnante que tenha sido o crime, é respeitoso. Desastrosa reversão de expectativas, uma anti-propaganda de alcance mundial.

6       Os promotores de marcas famosas sabem − e é a chave do seu sucesso − que as necessidades têm limites, mas os desejos, não. Não previram que assassinos, corruptos, mafiosos, cada vez mais numerosos e milionários, se enfeitariam com suas grifes na tentativa de ascender a uma suposta elite. Agora a publicidade terá que rever suas estratégias e proteger as marcas desvinculando-as de rostos − que ninguém sabe o que farão −, renunciando à sua vocação de vendedora de sonhos e aproximando-se do mundo real, terreno mais seguro e convincente.


                                                 (OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. O Globo: 17/09/2011.)
Considere o período: “Agora a publicidade terá que rever suas estratégias e proteger as marcas desvinculando-as de rostos − que ninguém sabe o que farão −, renunciando à sua vocação de vendedora de sonhos e aproximando-se do mundo real, terreno mais seguro e convincente" (parágrafo 6). A sugestão de reescrita INACEITÁVEL, segundo os padrões da língua escrita culta, está indicada em:
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CASO II - VERBO AUXILIAR + GERÚNDIO

Pela gramática tradicional, o certo seria a ênclise do verbo auxiliar ou do gerúndio, caso não haja obrigatoriedade para a próclise do verbo auxiliar.

Exemplos: 

1. "Ele estava-nos olhando" (ênclise do verbo auxiliar) ou "Ele estava olhando-nos" (ênclise do gerúndio)

2. Ele não nos estava olhando. (próclise do verbo auxiliar)

No primeiro exemplo, os gramáticos brasileiros também aceitaram a próclise do verbo auxiliar e a do gerúndio:

Ele nos estava olhando. (próclise do auxiliar)

Ele estava nos olhando. (próclise do gerúndio).

Fonte: 

Ênclise

É o nome que se dá à colocação pronominal depois do verbo; ela é basicamente usada quando NÃO HÁ fator de próclise; veja:

1) Verbo no início da oração sem palavra atrativa

ex: Vou-me embora daqui!

2) Pausa antes do verbo sem palavra atrativa

ex: Se eu ganho na loteria, mudo-me hoje mesmo.

3) Verbo no imperativo afirmativo sem palavra atrativa

ex: Quando eu der o sinal, silenciem-se todos.

4) Verbo no infinitivo não flexionado sem palavra atrativa.

ex: Machucar-te não era minha intenção.

5) Verbo no GERÚNDIO sem palavra atrativa.

ex: Recusou a proposta fazendo-se de desentendida.

Gabarito: C

Sobre o travessão:

1) Indica a mudança de interlocutor

ex: - Que gente é aquela, Seu Alberto? - São japoneses.

2) Coloca relevo em certos termos, expressões ou orações; substitui nestes casos a vírgula, os dois-pontos, os parênteses e os colchetes.

ex: A decisão do ministério foi a seguinte - que todos se unissem contra o mosquito transmissor da dengue. (oração substantiva apositiva)

ex: Os professores - amigos meus do curso carioca - vão fazer videoaulas (aposto explicativo)

Fonte:

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4. ed. rev. atual. amp. Rio de Janeiro: Método, 2021.

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