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Q1336133 Português
A GENTE É VELHO...
Rubem Alves 



      A gente é velho quando, para descer uma escada, segura firme no corrimão. E os olhos olham para baixo para medir o tamanho dos degraus e a posição dos pés.
     Quando eu era moço, não era assim. Não segurava no corrimão e não media degraus e pés. Descia os dois lances de escada do sobrado do meu avô com a mesma fúria com que um pianista toca o prelúdio 16, de Chopin. Ele, pianista, não pensa. Se pensasse, não conseguiria tocar, porque o pensamento não consegue seguir a velocidade das notas. Toca porque seus dedos sabem sem que a cabeça saiba. O pianista se abandona ao saber do corpo. Assim descia eu as escadas do sobradão do meu avô. Mas no dia em que o pé começou a tropeçar, a cabeça compreendeu que eles, os pés, já não sabiam como sabiam antes. Agora é preciso o corrimão. Depois virão as bengalas, corrimões portáteis que se leva por onde se vai.
      A gente é velho quando, no restaurante, é preciso cuidado ao se levantar. Moço, as pernas sabem medir as distâncias que há debaixo da mesa. Mas, agora, é preciso olhar para medir a distância que há entre o pé da mesa e o bico do sapato. Há sempre o perigo de que o bico do sapato esbarre no pé da mesa e o pé da mesa lhe dê uma rasteira, você se estatelando no chão. Quando se é velho, até uma pequena queda pode se transformar em catástrofe. Há sempre o perigo de uma fratura.
     A gente é velho quando é objeto de humilhações bondosas. Como aquela que aconteceu comigo 25 anos atrás. O metrô estava cheio. Jovem, segurei-me num balaústre. Notei então que uma jovem de uns 25 anos me olhava com um olhar amoroso. Olhei para ela. E houve um momento de suspensão romântica. Minha cabeça e meu coração se alegraram. Até o momento em que ela se levantou com um sorriso e me ofereceu o seu lugar. Foi um gesto de bondade. Com o seu gesto ela me dizia: "O senhor me traz memórias ternas do meu avô..."
     A gente é velho quando entra no box do chuveiro com passos medrosos e cuidadosos. Há sempre o perigo de um escorregão. Por via das dúvidas, mandei instalar no box da minha casa uma daquelas barras metálicas horizontais que funcionam como corrimão.
    A gente é velho quando começa a ter medo dos tapetes. Os tapetes são perigosos de duas maneiras. Há os pequenos tapetes de fundo liso, que escorregam. E há os grandes tapetes que ficam com as pontas levantadas e que fazem ondas. O pé dos velhos movimenta-se no arrasto e tropeça na ponta levantada do tapete ou na armadilha da onda.
     A gente é velho quando começa a ter medo dos fotógrafos. Fugir das fotos de perfil porque nelas as barbelas de nelore aparecem. Nelore é um boi branco. Os pastos estão cheios deles, vivos, e as mesas também, sob o disfarce de bifes. E eles têm uma papada balançante, as barbelas, que vai da ponta do queixo (boi tem queixo?) até o peito. Velhice é quando as barbelas de nelore começam a aparecer. Aí vem a humilhação conclusiva. Prontas as fotos, eles nos mostram e dizem: "Como você está bem!"
    A gente é velho quando, tendo de subir ao palco para dar uma palestra, tem sempre uma jovem simpática que nos oferece a mão, temendo que a gente se desequilibre e caia. A gente aceita o oferecimento com um sorriso. Nunca se sabe...
    A gente é velho quando perde a vergonha e se desnuda fazendo as confissões que acabei de fazer... 


Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3010200704.htm Acesso em: 27 ago. 2016 
É permitida mais de uma concordância para os verbos destacados em:
Alternativas

Gabarito comentado

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Vamos analisar a questão sobre concordância verbal que foi proposta.

A alternativa C é a correta: Boa parte das lojas oferece roupas de estilo jovem.

O tema central desta questão é a concordância verbal, um aspecto da sintaxe que trata da relação entre o sujeito e o verbo, determinando que ambos devem concordar em número e pessoa.

Na frase da alternativa C, temos um sujeito composto por "Boa parte das lojas". Aqui, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito, que é "parte" (singular), ou com o especificador "lojas" (plural). Assim, tanto "oferece" quanto "oferecem" são formas corretas, por isso há mais de uma concordância possível.

Analisando as alternativas incorretas:

A - A psicanálise amplia a visão de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo.
Aqui, o sujeito "A psicanálise" é singular, e o verbo "amplia" está devidamente no singular. Não há outra concordância possível.

B - As consequências de um desmembramento social são variadas.
O sujeito "As consequências" é plural, e o verbo "são" concorda corretamente no plural. Não existe outra forma de concordância.

D - Hoje as lojas especializam-se em atender o público consumidor também por faixa etária.
O sujeito "as lojas" está no plural, e o verbo "especializam-se" também está no plural, concordando corretamente. Não há outra concordância possível, pois "atender" é um verbo no infinitivo e não interfere na concordância.

Ao entender a gramática da língua portuguesa, podemos identificar e justificar a concordância correta entre sujeito e verbo, como observado na alternativa C. Essa prática é fundamental para o sucesso em provas de concursos.

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Comentários

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Sem entrar em pormenores, a concordância verbal diz respeito à correta flexão do verbo a fim de concordar com o sujeito. Esporadicamente, no entanto, foge-se à regra geral e pode-se fazer a concordância de modo distinto, consoante será visto a seguir. 

a) A psicanálise amplia a visão de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo.

Incorreto. Há somente uma opção de concordância, tendo em vista que o verbo tem de concordar com o sujeito simples "a psicanálise":

b) As consequências de um desmembramento social são variadas.

Incorreto. Há somente uma opção de concordância: o verbo tem de concordar com o sujeito simples "as consequências";

c) Boa parte das lojas oferece roupas de estilo jovem.

Correto. Na frase em apreço, pode-se concordar com a expressão indicativa de partitividade (boa parte), caso em que o verbo ficará no singular (boa parte das lojas oferece), ou com o determinante (das lojas), que por sua vez reclama verbo no plural (boa parte das lojas oferecem);

d) Hoje as lojas especializam-se em atender o público consumidor também por faixa etária.

Incorreto. Há somente uma opção de concordância, haja vista que o verbo em destaque (atender) é complemento do anterior (especializam-se).

Letra C

Alternativa C

Com expressões partitivas (a maioria de, grande parte de, boa parte de...etc) , o verbo pode ficar tanto no singular como no Plural!

Abs

boa sorte!

 Boa parte das lojas oferece roupas de estilo jovem

 Boa parte das lojas oferecem roupas de estilo jovem

GABARITO C

Quando o sujeito é a expressão: A MAIORIA DE, ou PARTE DE, ou UMA PORÇÃO, ou O RESTO DE, ou GRANDE NÚMERO DE, seguida de um substantivo ou nome no plural, o verbo pode ficar no SINGULAR ou PLURAL.

Exemplos:

1 - A maioria dos telespectadores não (gostou ou gostaram) da apresentação.

2 - Uma porção de clientes (reclamou ou reclamaram) dos serviços prestados.

3 - Grande número dos candidatos (conseguiu ou conseguiram) a aprovação.

Bons estudos! 

MIM não faz nada, MIM só recebe!

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