Analise os fragmentos a seguir.  O governo renovará esforços...

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Q2345769 História

Analise os fragmentos a seguir. 



O governo renovará esforços para dotar a nossa pátria com o Código Civil fundado nas sólidas bases da justiça e equidade. A força policial da capital do império carece de aumento e de organização mais adaptada às funções que lhe são próprias. Muito importa a segurança pública aperfeiçoar a nossa legislação repressiva da ociosidade no intuito de promover pelo trabalho a educação moral. 


A extinção do elemento servil, pelo influxo do sentimento nacional e das liberalidades particulares, em honra do Brasil foi adiantada pacificamente de tal modo, que é hoje aspiração aclamada por todas as classes, com admiráveis exemplos de abnegação da parte dos proprietários. 


Isabel, princesa imperial regente.


3 de maio de 1888.


A principal atenção do dia é a abolição do cativeiro, que ocupa o último lugar na fala a fim de realizar a palavra do evangelho: os últimos serão os primeiros. Em que consiste o aperfeiçoamento das leis repressivas da ociosidade? Pretende o governo argumentar as penas do código criminal? Inventar novos delitos? Instituir uma polícia inquisitorial e arbitrária, encarregada de regular o trabalho alheio? Parece que o governo está imbuído da falsa ideia de que o liberto se torna inimigo do trabalho e da ordem pública. A experiência prova o contrário. E ainda que assim não fosse, as medidas legislativas que pretendessem regular fenômenos que escapam sua alçada seriam ineficazes ou inúteis.


Gazeta da Tarde, 7 de maio de 1888



Sobre o comentário do periódico ao discurso abolicionista da princesa Isabel, assinale a afirmativa correta. 

Alternativas

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No trecho analisado, é possível perceber uma crítica direcionada ao governo, em particular ao pensamento de que, com a abolição da escravidão, haveria uma necessidade de implementar legislações mais rígidas para controlar a população recém-libertada, como se esta fosse naturalmente inclinada ao ócio e à desordem. A ênfase está na preocupação do governo em criar mecanismos legais para conter o que se antevia como uma ameaça à ordem, o que demonstra uma visão preconceituosa e errônea sobre os libertos.

O comentário do periódico "Gazeta da Tarde" reflete uma posição contrária a essa perspectiva. Destacando a falácia dessa noção, o texto argumenta que a experiência contradiz a ideia de que os libertos seriam adversos ao trabalho e à ordem social. Além disso, questiona a eficácia de qualquer tentativa legislativa de regular "fenômenos que escapam sua alçada", ou seja, sugerindo que não é papel do governo impor um controle tão estrito quanto ao comportamento individual dos cidadãos, principalmente quando fundamentado em premissas equivocadas.

Diante das alternativas apresentadas, a correta é a Alternativa D, que afirma que o periódico questiona o projeto de implementação de instrumentos legislativos para manter o controle após a abolição. Esta alternativa capta adequadamente a essência do comentário feito pelo periódico, que é uma crítica ao desejo do governo de criar novas formas de controle social sob o pretexto de uma suposta tendência à ociosidade por parte dos libertos.

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Comentários

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D • O texto da Gazeta da tarde vem com um tom amargo e sarcástico com o tema que ficou em voga durante todo o precoces do abolicionista: “o que fazer com os libertos?”

É necessário entender que a abolição não quer dizer sinal de equidade racial. Foi nesse período onde houve uma maior favelização e marginalização de pessoas.

Um pouco de contexto.

Antes da Lei Áurea, havia um pressão social para o fim da escravatura. Surgiram inclusive leis que representaram uma transição gradual em direção à abolição da escravidão, refletindo a crescente pressão social e as mudanças de pensamento na sociedade brasileira do século XIX. No entanto, elas não foram suficientes para resolver completamente a questão da escravidão. Na verdade, algumas eram inclusive contraditórias como a lei do ventre livre e a lei dos sexagenários:

  • Lei do Ventre Livre (1871): mulheres escravizadas dariam à luz a bebês livres, isto é, no país não nasceria mais nenhum escravizado. Porém, havia uma contradição, tendo em vista que continuariam na propriedade do Senhor ou, se não quisessem, ficariam sob a tutela do Estado. Como o Estado não se preparou para receber as crianças de oito anos, estas continuaram trabalhando dentro das fazendas.

  • Lei dos Sexagenários ou Saraiva-Cotegipe (1885): seria dada liberdade para quem ultrapassasse 60 anos de idade, mas a expectativa de vida dos escravizados era baixa. Além disso, teria que pagar o seu valor para o proprietário, sendo que haveria três anos paga pagar, podendo chegar até os 65 anos. 

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