No trecho “serei o ringue de uma briga entre a vida e a mort...
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“Se daqui a um minuto posso estar vivo ou morto, daqui a um minuto, qualquer que seja a minha condição aparente, serei o ringue de uma briga entre a vida e a morte. A todo momento, sou apenas um ângulo, reto, agudo ou obtuso, entre a vida e a morte. A vida nos quer, a morte nos quer. Somos o resultado da tensão ocasionada pelas duas forças que nos puxam. Esse equilíbrio, antes de tudo, não é estável. Amplo, diverso e elástico é o campo de forças da vida, assim como elástico, diverso e amplo é o campo de forças da morte. Ficamos facilmente deprimidos ou exaltados em razão das oscilações de intensidade desses dois campos magnéticos, sendo o tédio o relativo equilíbrio entre os dois. Às vezes é mais intensa a pressão da vida; outras vezes é mais intensa a pressão da morte. Não se diz com isso que a exaltação seja a morte e a depressão seja a vida. De modo algum. Há exaltações e exultações que se polarizam na morte, assim como há sistemas de depressão que gravitam em torno da vida. O estranho, do ponto de vista biológico, é que somos medularmente solidários com ambos os estados de imantação mais intensa, os da vida e os da morte. Dizendo mais claro: não aproveitamos apenas a vida, mas usufruímos também as experiências da morte, desde que estas não nos matem. Tudo dependerá da resistência, não da nossa vontade, do nosso mistério: se o mergulhador descer um pouco mais, a desigualdade de pressões lhe será fatal; se o centro de gravidade da torre de Pisa se deslocar mais um pouco, ela ruirá; enquanto não ruir, a torre usufruirá de sua perigosa inclinação, do mesmo modo que os mergulhadores vivem um estado de euforia nos estágios submarinos que precedem a profundidade mortal. Mas a morte pode sobrevir, não só de doenças, mas também de acidentes, de uma organização das circunstâncias que se chama acaso. Pois acho eu que a morte, por doença ou acidente, é sempre a mesma; quando ela se apodera de nós, seja por uma queda de pressão, seja por uma queda de elevador, é que se rompeu o equilíbrio: o centro de gravidade de um sistema se deslocou o mínimo necessário; o mergulhador foi longe demais na sua ousadia pesada, mas eufórica”. (Encenação da morte, Paulo Mendes Campos, com adaptações).
No trecho “serei o ringue de uma briga entre a vida e a morte”, pode-se afirmar que o autor emprega a figura de linguagem denominada:
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Interpretação da Questão
Na questão apresentada, estamos lidando com uma figura de linguagem, que é um recurso estilístico utilizado para enriquecer a expressão e a comunicação. O foco aqui é a frase “serei o ringue de uma briga entre a vida e a morte”, que provoca uma reflexão sobre a dualidade entre esses dois estados.
Alternativa Correta: D - Metáfora
A alternativa D é a correta porque o autor utiliza a metáfora ao comparar a sua existência a um "ringue de uma briga", sugerindo que sua vida é um espaço onde a luta entre a vida e a morte ocorre. Essa comparação implícita permite uma visualização mais intensa do conflito existencial, em vez de uma descrição literal. A metáfora, portanto, é um recurso que transmite uma ideia complexa de forma mais impactante e poética.
Análise das Alternativas Incorretas:
A - Gradação: Esta figura de linguagem envolve a disposição de palavras em uma sequência de intensidade crescente ou decrescente. A frase em questão não apresenta essa construção, logo, não é gradação.
B - Hipérbole: A hipérbole é uma exageração intencional para efeito dramático ou humorístico. A frase não possui esse caráter exagerado, mas sim uma comparação mais sutil e profunda.
C - Ironia: A ironia é uma figura que expressa o oposto do que se quer dizer, muitas vezes de forma sarcástica. No trecho em análise, não há indício de que o autor esteja se referindo a algo em tom de ironia.
E - Onomatopeia: A onomatopeia refere-se a palavras que imitam sons. Não há sons representados na frase, portanto, essa alternativa também está incorreta.
Conclusão: A figura de linguagem utilizada pelo autor é a metáfora, que enriquece seu discurso ao criar uma visualização simbólica da luta entre a vida e a morte.
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Comentários
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Metáfora > figura de linguagem que expressa sentido de comparação. No trecho acima temos: “serei o ringue de uma briga entre a vida e a morte”, ou seja, expressando a ideia de que ele será como um ringue de briga, apenas suprimindo a palavra ''como''.
Muito subjetivo esse tipo de questão polêmica que se refere a que tipo de figura de linguagem um excerto pode conter.
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