De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
Dois jovens soldados britânicos dormem, encostados numa árvore, num campo ocupado na Primeira Guerra Mundial no início de “1917”. Um oficial os acorda e pede que o sigam. Caminham pela trincheira — as trilhas escavadas na terra exibem placas cujos nomes, “rua Paraíso” e “rua Sortuda”, soam irônicos no cenário.
O general, então, anuncia a missão dos rapazes. O irmão de um deles, que integra um pelotão a alguns quilômetros dali, está prestes a embarcar numa emboscada armada pelos alemães. A tarefa da dupla é, então, impedir o ataque planejado.
Os espectadores acompanham cada passo dos soldados, como se tivessem os olhos colados às suas nucas.
E eles não desgrudam nos mais de cem minutos seguintes do filme — somos sugados pelo verdadeiro labirinto que é a guerra, enquanto os soldados funcionam como o novelo de lã que guia o caminho. Isso porque o longa, que estreia agora, foi filmado de modo a imitar um plano-sequência, uma tomada única e contínua, sem cortes.
Não foi uma tarefa simples. George MacKay, que interpreta um dos jovens, conta que a equipe ensaiou por cinco meses antes das filmagens. Ele e o colega Dean-Charles Chapman corriam por campos vazios, obedecendo a marcas no chão.
Os ensaios orientaram não só a coreografia dos atores e da câmera como, em muitos casos, a própria elaboração dos cenários, já que as trincheiras eram escavadas de acordo com o ritmo emocional das cenas e das necessidades da equipe de fotografia.
“Em geral, com a edição, é possível ajustar o ritmo do filme, prolongando um momento, ou optando por um ângulo diferente. Mas aqui antecipamos todo o processo. Precisávamos decidir tudo isso antes”, conta o ator.
MacKay também afirma que os planos do filme têm cerca de cinco minutos cada um — o mais longo, oito. Para que tudo saísse como planejado, cada tomada foi repetida em média 20 vezes. Uma delas exigiu 54 regravações.
“Eu me lembro que, quando ensaiamos alguns dos momentos mais físicos do filme, pensei ‘só consigo fazer isso umas cinco vezes e se vamos fazer 50, tenho que malhar’.”
A façanha deu certo, e o filme se tornou um inesperado favorito ao Oscar de melhor filme. [...]
BALBI, Clara Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/01/entenda-como-1917-construiu-a-ilusao-de-ser-um-filme-sem-cortes.shtml Acesso em: 23 jan. 2020. (Fragmento)