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Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: SEAP-DF Prova: IBFC - 2013 - SEAP-DF - Professor - História |
Q458682 História
Leia o trecho destacado do documento proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos no Engenho Santana, em Ilheus, Bahia, por volta de 1789, e assinale a alternativa correta:

“Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos, a saber. Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós, não tirando um destes dias por causa de dia santo. Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas. Não nos há de obrigar a fazer camboas, nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mande os seus pretos Minas. Faça uma barca grande para quando for para Bahia, nós metermos as nossas cargas para não pagarmos fretes.(...) A tarefa de cana há de ser de cinco mãos, e não de seis, e a dez canas em cada feixe.(...) Os atuais feitores não os queremos, faça a eleição de outros com a nossa aprovação.(...) Os marinheiros que andam na lancha além de camisa de baeta que se lhe dá, hão de ter gibão de baeta, e todo vestuário necessário. O canavial do Jabirú o iremos aproveitar por esta vez, e depois há de ficar para pasto porque não podemos andar tirando canas por entre mangues. Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença, e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso. A estar por todos os artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para o servirmos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos demais Engenhos. Poderemos brincar, folgar, e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos impeça e nem seja preciso licença.”
Alternativas

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Gabarito comentado:

A alternativa correta é a C. O documento apresentado é uma evidência histórica de uma negociação entre escravos e senhor de engenho. Ele revela uma tentativa de estabelecer condições mais humanas de vida e de trabalho, o que é característico de uma rebelião, onde há uma resistência organizada contra a opressão vivida.

Os escravos não apenas expressam demandas por dias específicos de descanso e ferramentas para trabalhar, mas também por uma melhoria na alimentação e vestuário, bem como pela liberdade de plantar arroz e extrair madeira sem a necessidade de permissão. Esses pedidos refletem o desejo de autonomia e melhores condições de vida.

Além disso, a capacidade de elaborar um documento escrito sugere que entre os escravos existiam indivíduos que dominavam a escrita, uma habilidade não comum naquele contexto, destacando a presença de agentes escravizados com certo grau de instrução. Isso indica uma forma de resistência intelectual, além da física e cultural.

É importante notar que o documento não sugere uma "boa condição" dos escravos no Engenho Santana, como proposto na alternativa A, nem indica um senhor de escravos particularmente compreensivo, conforme sugere a alternativa B. Também não se pode afirmar que os escravos tinham a liberdade de aprender a ler e escrever ou de expressar livremente suas insatisfações, como dito na alternativa D. A alternativa correta é a C, pois ela captura a essência das reivindicações dos escravos para melhores condições de trabalho e vida, e a importância do uso da escrita como ferramenta de negociação e resistência.

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Comentários

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RESPOSTA CERTA É A "C"

 

a) os escravos não viviam em boa condição

b) Como o documento foi proposto ao Manuel, não demonstra em momento nenhum sua compreensão

d)  nem todos os escravos sabiam ler e escrever

 

RESPOSTA C

pelo modo que foi feito a carta, tratava-se de uma rebelião, na 1ª linha já deu a entender.

“Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade..."

Essa questão, está sim falando da História, mas quem não domina interpretação de texto se dar mal ;)

Por volta de 1789, no Engenho de Santana de Ilhéus, os escravos crioulos (nascidos no Brasil) paralisaram o trabalho, mataram o feitor, pegaram as ferramentas do engenho e refugiaram-se nas matas do entorno da região. O objetivo deles não era serem libertos da condição de escravos, mas buscar maior liberdade na escravidão. Ao menos é isso que foi sugerido pelo documento criado pelos escravos fugidos e que foi encaminhado ao seu senhor, referenciado como “Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se conservaram levantados”

rumo a aprovação. Manuelly Pereira esteve aqui. TCQT!

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