“Eles não podem ser pensados independentemente uns dos out...
Utilize o texto a seguir para responder a questão.
DO BOM USO DO RELATIVISMO
Hoje pela multimídia, imagens e gentes do mundo inteiro nos entram pelos telhados, portas e janelas e convivem conosco. É o efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer que implica abertura e diálogo ou de distanciamento que pressupõe fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável: nosso modo de ser não é o único. Há gente que, sem deixar de ser gente, é diferente. Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o mundo, de pensar, de valorar e de comer não é absoluto. Há mil outras formas diferentes de sermos humanos, desde a forma dos esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil até chegarmos aos sofisticados moradores de Alphavilles onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O mesmo vale para as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer.
Deste fato surge, de imediato, o relativismo em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar-aí, goza de direito de existir e de coexistir; segundo, o relativo quer expressar o fato de que todos estão de alguma forma relacionados. Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros porque todos são portadores da mesma humanidade. Devemos alargar, pois, a compreensão do humano para além de nossa concretização. Somos uma geosociedade una, múltipla e diferente.
Todas estas manifestações humanas são portadoras de valor e de verdade. Mas é um valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados, sendo que nenhum deles, tomado em si, é absoluto. Então não há verdade absoluta? Vale o everything goes de alguns pós-modernos? Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo. Tudo vale na medida em que mantém relação com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela. Todos, de alguma forma, participam da verdade. Mas podem crescer para uma verdade mais plena, na medida em que mais e mais se abrem uns aos outros.
(...)
A ilusão do Ocidente é de imaginar que a única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber crítico é o seu modo ver e de viver. As demais janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras para forçar a democracia no Iraque e no Afeganistão.
Devemos fazer o bom uso do relativismo, inspirados na culinária. Há uma só culinária, a que prepara os alimentos humanos. Mas ela se concretiza em muitas formas, as várias cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa, a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e as outras não. Todas são gostosas do seu jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a verdade deveria ser diferente?
BOFF, Leonardo. Disponível em: < http://alainet.org>. Acesso em: 21 nov. 2016.
Comentários
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Eu entendi assim: Mesma tipo de construção, substituir o verbo na frase, temos o seguinte:
A) Eles não podem ser alargados
B) Eles não podem ser validos
C) Eles não podem ser sidos (HAHA)
D) Eles não podem ser havidos (HAHA)
E) Eles não podem ser chegados
Obviamente somente o verbo alargar pode sofrer essa variação de particípio. Portanto Gabarito A
"Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros..."
Eles: sujeito
Podem: verbo transitivo direto
Ser pensados independentemente uns dos outros: complemento verbal direto (objeto direto)
A única hipótese que apresenta um objeto direto como complemento verbal é a letra "a".
eu avaliei a frase para transpor na voz passiva analítica, por isso a unica que admitiria a mesma formação seria alargar...
voz ativa. Devemos alargar
Voz ativa
Sujeito Locução verbal (VTD) objeto direto
Nós devemos alargar a compreensão
Voz passiva
Sujeito Locução verbal (VTI) objeto indireto
A compreensão deve ser alargada por nós
A questão quer saber qual verbo admite voz passiva analítica. Nada mais é que um questionamento sobre a transitividade dos verbos destacados.
Essa questão trata da possibilidade de as frases aceitarem construção na voz passiva. Para que isso ocorra, há 2 possibilidades com relação ao verbo
l) VTD
ll)VTDI
Se o verbo for
l)VI
ll)VTI
a frase não admite construção na voz passiva. ;)
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