Em “O casamento e a cegonha”, Cora Coralina descreve o casam...
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Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Friburgo - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Nova Friburgo - RJ - Inspetor de Alunos |
Q2317710
Português
Texto associado
O casamento e a cegonha
Os pais da noiva tinham resolvido que o casamento da filha se faria ali mesmo, na chácara, à boa moda antiga, com mesada
de doces, churrasco, muita empada, leitoa, frango assado, boas comidas e abundantes bebidas.
Armou-se o altar na sala da frente. Cobriu-se a mesa do civil com um lindo atoalhado de plástico. Vieram os convidados.
Veio o vigário, veio o juiz e veio o escrivão. Testemunhas e a roda dos parentes. Fizeram o casamento. A moça sempre fora alta,
grandalhona, fornida de carnes e de bons quartos. Naquele vestido branco, rodado, de babados subindo e descendo, de véu e
grinalda, inda mais reforçada parecia.
Como a festança era mesmo de arromba, fogos pipocando, música chegando e muita gente entrando e saindo, ninguém mais
reparou nos noivos que depois de posarem para o retrato de praxe, na cabeceira da mesa e de cortarem juntos o bolo artístico, se
misturaram com os convidados e cada qual se achou à vontade e sem constrangimento.
O juiz e o vigário deixaram-se ficar numa roda de amigos, conversando com advogados, escrivães, gente do foro.
O baile tinha começado. A moçada saracoteava alegre. Os que não eram de dança, rodeavam a mesa posta, com pratos,
copos e garrafas. Espetos de churrasco e bandas de leitão se cruzavam por todos os lados.
Boas comidas, muita bebida e os donos da casa pondo o pessoal à vontade, incansáveis, não cabendo em si de contentes
com o casamento daquela primeira filha. Nada alegra tanto o coração da criatura como mesa posta, carne assada, bebidas de
graça e falta de cerimônia. Quem contestar esta verdade simples, não merece dois vinténs de crédito.
Bem por isso mesmo diz o caboclo: a alegria vem das tripas – barriga cheia, coração alegre. O que é pura verdade.
A orquestra assoprava valsas e boleros com furor. Os pares girando. Os namorados namorando. Os que não dançavam se
encostavam pelas mesas e, quem já estava farto, fazia roda, bebia café, fumava cigarro e contava piadas.
Quando a festança ia mais animada, lá pelas tantas, ouviu-se um corre-corre pelos quartos e corredores.
Logo mais aparecia na sala o dono da casa, ansioso e afobado, se desculpando e pedindo ao juiz e ao vigário fazerem o
favor de acabar com a festa porque a noiva estava com dor de parto e a assistente já tinha chegado…
“Isto é que se chama aproveitar o tempo”, comentou um convidado, “numa só festa, casa a filha e chega a cegonha…”
(CORALINA, Cora. Estória da Casa Velha da Ponte. Global Editora. São Paulo, 2001. Projeto Releituras.)
Em “O casamento e a cegonha”, Cora Coralina descreve o casamento de uma jovem de família rica. A festa transcorria animada e
suntuosa na chácara dos pais da noiva. Os convidados fartavam-se com boa comida e muita bebida. Quando a festa estava no auge
da animação, ouve-se um grande alvoroço: “Logo mais aparecia na sala o dono da casa, ansioso e afobado, se desculpando e pedindo
ao juiz e ao vigário fazerem o favor de acabar com a festa porque a noiva estava com dor de parto e a assistente já tinha chegado…”
(10º§) “‘Isto é que se chama aproveitar o tempo’, comentou um convidado, ‘numa só festa, casa a filha e chega a cegonha…’.” (11º§)
Diante das sequências argumentativas textuais e de acordo com o exposto é possível afirmar que a autora, para tratar do assunto
que impacta a sociedade, empregou: