No verso “Depois café, cigarro e um beijo”, a única palavra...
O Rancho da Goiabada
Os bóias-frias quando tomam umas biritas
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar
Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré, a marmita,
o domingo no bar
Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar
Ai, são pais-de-santo, paus-de-arara, são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados
Aldir Blanc, 1976.