No final de as Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, Marco P...
No final de as Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, Marco Pólo e o Kublai Kan travam um diálogo sobre a cidade última, para onde todos os nossos caminhos nos levam.
Kublai — É tudo inútil, se o último porto só pode ser a cidade infernal, que está lá no fundo e que nos suga em um vórtice cada vez mais estreito. Responde Pólo — O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.
I. Calvino. As cidades invisíveis. São Paulo, Ed. Folha de São Paulo, 2003, p. 158 (com adaptações).
Acerca do assunto abordado no texto acima, assinale a opção correta.
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A alternativa correta é: D - A filosofia pode ser pensada como uma busca por distinguir, no meio do inferno, sinais de esperança.
O trecho de As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino nos apresenta um diálogo profundo sobre a natureza da realidade e o modo como vivenciamos o mundo ao nosso redor. Marco Polo fala sobre duas maneiras de lidar com o "inferno dos vivos": aceitar o inferno ou buscar o que não é inferno.
Nessa perspectiva, a filosofia é vista como uma disciplina que procura discernir e encontrar significado, beleza ou esperança nas circunstâncias adversas da vida. Isso faz com que a alternativa D esteja correta, pois coloca a filosofia como uma investigação e discernimento crítico diante dos desafios existenciais.
Agora, vejamos as razões pelas quais as outras alternativas estão incorretas:
A - A afirmação de que a filosofia não se interessa pelas realidades últimas e pelo sofrimento é equivocada. A filosofia, ao longo de sua história, sempre se debruçou sobre as questões fundamentais da existência humana, incluindo o sofrimento e o sentido da vida. Portanto, essa alternativa não está correta.
B - A ideia de que Kublai Kan não se preocupa com o inferno e o final dos tempos simplesmente por não ser ocidental é uma simplificação cultural e falaciosa. As preocupações filosóficas transcendem as fronteiras culturais, e o diálogo de Calvino destaca justamente essa universalidade das questões humanas.
C - Esta alternativa faz uma interpretação errônea da atitude filosófica. Embora possa haver filosofias que pregam a aceitação estoica das situações, dizer que é a única atitude filosófica possível é uma restrição indevida. A filosofia também pode envolver a crítica e a busca por transformação, como proposto na alternativa correta.
Portanto, a alternativa que melhor reflete a abordagem filosófica discutida no texto de Calvino é a alternativa D, que vê a filosofia como um exercício de reconhecimento e preservação de esperança e significado em meio às adversidades.
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