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Q2311906 Português
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Texto 5

Juliana Salvadori: Numa visada dos estudos pedagógicos sobre a leitura na esfera escolar, várias pesquisas – as quais não vêm de hoje, particularmente aquelas que têm apostado na explosão das discursividades do mundo contemporâneo, na produção e circulação de discursos e suas diferentes formas de textualização e formulação, na irrupção e dispersão de outros e novos sentidos e saberes – concorrem para problematizar que a instituição escolar ainda tende a circunscrever, delimitar, limitar as leituras de discursos e textos, sejam os da esfera da literatura ou de outros campos discursivos, por exemplo, das ciências naturais, exatas ou das humanidades, elegendo como legítimas ou verdadeiras algumas. Frente a isso, perguntamos-lhe como tomar o ensino de literatura e a formação de leitores, sob tais injunções escolares /pedagógicas, para além da instituição, do institucional, do instituído?

Nabil Araújo: Como sempre insistiu Magda Soares, nome maior dos estudos sobre letramento no país, não há escola sem escolarização – de discursos, conhecimentos, saberes, os quais se veem, então, devidamente formalizados em currículos, programas, disciplinas, metodologias: a escolarização é inerente, em suma, à instituição escolar, é o próprio processo, aliás, que a institui e constitui como tal. Desde, pelo menos, A ordem do discurso (1971), de Michel Foucault, tem-se estado cada vez mais consciente e vigilante em relação ao modo como as instituições limitam e regulamentam a circulação social dos discursos, o que também se aplica, evidentemente, à escola e à universidade. Mas não se trata aqui, bem entendido, de se “desinstitucionalizar” a leitura literária ou o ensino de literatura, e sim de combater a equivocada pedagogização/didatização dessas práticas, que acaba por distorcê-las e desvirtuá-las de seus objetivos e metas educacionais. 

SALVADORI, J. C. (2022). Entrevista com o Prof. Dr. Nabil Araújo. Scripta, 26(56), 383-386. Disponível em: <https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2022v26n56p383-386>.  Acesso em: 31 ago. 2023.
No texto, o entrevistador se vale do discurso de autoridade para argumentar que na instituição escolar a leitura é um
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