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Q2466345 Português

Leia o texto a seguir e responda da questão.


ISOLAR CRIANÇAS EM ESCOLAS ESPECIAIS É RETROCESSO HUMANO E SOCIAL


Jairo Marques



    Ressurgem no Congresso Nacional e no âmbito do governo federal discussões para que o Brasil volte a adotar o modelo de escolas especiais exclusivas para crianças com deficiência, sobretudo para aquelas com comprometimentos cognitivos severos ou com comportamento que foge muito ao que se tem de padrão: um aluno calado, sentado na carteira escolar e que não dá trabalho.

    Depois de décadas de discussão, o país passou a adotar a escola do “todos juntos”, em que, independentemente das características físicas, sensoriais ou intelectuais de um pequeno, ele estará na sala de aula ao lado das demais crianças, aprendendo a seu modo, com apoio dos instrumentos pedagógicos e da tecnologia possível para lhe dar o suporte necessário a compreender conteúdos.

    Neste modelo, que é moderno e que conversa com a realidade das nações com os melhores desempenhos educacionais do planeta, a preocupação maior recai sobre a criança e a construção de suas experiências humanas, de relacionamento, de criação de estratégias para o convívio social e todos os seus desafios, majorados obviamente pela deficiência.

    Na escola inclusiva, a menina down tem visibilidade em seu modo de atuar, o menino com autismo mostra que há outras maneiras de interação e o garoto surdo pode expandir a cultura de usar os sinais durante a comunicação. Criança não precisa de gueto, criança precisa mergulhar por mares de pluralidades para encontrar-se como indivíduo. Porém, aspectos que guardam relação com a proteção, com o conteudismo educacional, com um suposto abandono da criança com deficiência na escola têm apelo fortíssimo em corações que, até hoje, veem a diferença com piedade, com assistencialismo, não como característica humana.

    Um pequeno com nanismo precisa de uma escola só de anões para não sofrer bullying. Mas, a lógica não seria ensinar aos alunos sem nanismo o respeito ao próximo, os valores do diverso, os efeitos da violência emocional tanto para o agressor como para o agredido?

    Outro argumento flácido e repetitivo contra o todos juntos na educação é que aquela menina com paralisia cerebral não entende matemática, é mais lenta para escrever e não acompanha a turma.

    Por trás desse raciocínio, está a punição pelo não enquadramento em modelos, o desrespeito à capacidade de cada um de absorver conhecimento de maneira distinta e a necessidade de uniformizar o que é potencialmente mais vantajoso para todos sendo multiforme.

    O que vejo como mais brutal nesse pensamento de apartamento escolar é não enxergar os ranços, o atraso e os prejuízos que a escola especial trouxe para diversas gerações de pessoas com deficiência –guardados os devidos méritos pela assistência oferecida no passado.

    O isolamento faz perpetuar o pensamento da inviabilidade da vida em sociedade, cria estigmas, cria medos, cria asco de reações desconhecidas, cria subumanos.

    Legitimar que a diversidade tenha o direito à educação exercido em campos de exclusividade às avessas –ou alguém vai colocar seu filho todo fofinho para estudar onde só há crianças tachadas de superagitadas? – é permitir que da infância sejam tragados seus poderes de adaptação, de germinar vínculos múltiplos, de fomento à criatividade.

    Na escola em que a invisibilidade dos alunos impera, é mais simples controlar cobranças, de criar métricas qualitativas e de não chamar a atenção. É mais simples de apaziguar pais preocupados com a assistência a seus filhos, porque, em último grau, sempre poderá ser dito: ali é o lugar dele. Mas, o lugar da diversidade é onde ela bem entender. De preferência, em todos os lugares.



Disponível em: <https://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br>

Na frase “Outro argumento flácido e repetitivo contra o todos juntos na educação é que aquela menina com paralisia cerebral não entende matemática [...]”, Jairo Marques utiliza os seguintes modalizadores adjetivos que ratificam seu posicionamento sobre a temática abordada no texto:
Alternativas

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A alternativa correta é a A - flácido e repetitivo. Vamos entender detalhadamente o porquê e analisar as outras alternativas incorretas.

Para resolver essa questão, é necessário compreender o conceito de modalizadores adjetivos. Esses adjetivos são usados para expressar a opinião, sentimento ou julgamento do autor em relação ao assunto abordado. Eles ajudam a revelar o posicionamento do autor de forma implícita ou explícita no texto.

No trecho citado: "Outro argumento flácido e repetitivo contra o todos juntos na educação é que aquela menina com paralisia cerebral não entende matemática [...]", os adjetivos "flácido" e "repetitivo" são usados para qualificar de maneira negativa o argumento contrário à inclusão de todas as crianças na mesma escola, reforçando o posicionamento crítico do autor.

Agora, vamos justificar as alternativas:

A - flácido e repetitivo: Esta alternativa está correta porque flácido e repetitivo são os adjetivos que o autor usa para caracterizar negativamente o argumento contra a inclusão escolar, mostrando claramente sua reprovação.

B - outro e cerebral: Esta alternativa está incorreta porque outro não é um adjetivo modalizador; ele apenas indica que há mais de um argumento. Cerebral faz parte da expressão paralisia cerebral, que é uma condição médica, e não um julgamento do autor.

C - paralisia cerebral: Esta alternativa está incorreta porque paralisia cerebral é uma condição médica e não um julgamento subjetivo do autor. Logo, não pode ser considerada um modalizador adjetivo.

D - não entende matemática: Esta alternativa está incorreta porque a expressão não entende matemática é uma constatação e não um adjetivo que modifique um nome, expressando um julgamento ou opinião.

E - “outro argumento flácido e repetitivo” e “paralisia cerebral”: Esta alternativa está incorreta porque combina corretamente os adjetivos modalizadores “flácido e repetitivo”, mas inclui paralisia cerebral, que não se enquadra como modalizador, tornando a alternativa incorreta.

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"Flácido e repetitivo" caracterizam o argumento, gabarito A.

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