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Q2393751 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.



     Uma das descobertas mais importantes de uma vida dedicada ao conhecimento é tomar consciência de que nós, seres humanos, somos limitados e que, justamente em decorrência dessa condição, precisamos produzir conhecimento junto com os outros. É, pois, do reconhecimento dos nossos limites que nasce a busca por um saber genuíno construído em comunidade de diálogo. Talvez o mais importante princípio ético da filosofia seja o exigente e difícil ato de humildade.


     Quando eu era criança, inquietava-me ao imaginar se um dia eu teria a possibilidade de conhecer tudo. Na época não tinha Google. Conhecer dava muito trabalho, literalmente falando. Lembro-me do peso e do fascínio de uma coleção da editora Abril Cultural chamada Tudo – Dicionário Enciclopédico Ilustrado. A lição mais importante tirada desse generoso livro de milhares de páginas fora a de que todos os seres humanos estão fadados ao fracasso em um dia conhecer tudo.

   Nossa condição humana impõe-nos uma barreira intransponível diante de tudo. O que é bastante frustrante, visto que ansiamos pela totalidade mesmo sabendo que jamais poderemos alcançá-la.

    Nicolau de Cusa, o grande filósofo alemão do século 15, chamou a isso de douta ignorância. Isto é: saber dos limites do nosso próprio saber. Diz ele que a douta ignorância significa “a condição para uma reflexão antropológica radicada na finitude e aberta à infinitude que saiba fazer do outro não um objeto de posse ou um sujeito que nos é possível dominar pelo poder do discurso, mas o que transforme em autêntico interlocutor de uma relação que é disposição para o ‘tu’ sob a forma de encontro e de recíproca vinculação ao mundo que é de todos”.

  Notem a beleza das palavras: como sabemos dos nossos limites, então devemos tratar os outros como autênticos interlocutores de uma relação do tipo eu-tu. Pois o conhecimento se constrói em comunidade de diálogos e não em relações de poder. Meu fascínio com as enciclopédias, que hoje consigo traduzir em palavras, partia desse dado social do conhecimento. Nunca era um exercício de autossuficiência.




(www.gazetadopovo.com.br).
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e quanto às classes de palavras, assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, a correta classificação da palavra destacada.
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