“... o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos...” N...
TERNURA
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
[extático da aurora.
(Texto extraído da antologia de Vinicius de Moraes –“Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de
Janeiro, 1998, p. 259.).
“... o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos...”
No segundo verso desse belo poema, evidencia-se uma figura de linguagem. De qual
figura se trata? Indique-a, assinalando abaixo a resposta correta.