Observe: "... e não apenas com palavras...”, “.... e pode s...
Causos/3
Eduardo Galeano, em O Livro dos Abraços.
O que é a verdade? A verdade é uma mentira contada por Fernando Silva. Fernando conta com o corpo inteiro, e não apenas com palavras, e pode se transformar em outra gente ou em bicho voador ou no que for, e faz isso de tal maneira que depois a gente escuta, por exemplo, o sabiá cantando num galho, e a gente pensa: Esse passarinho está imitando Fernando quando imita o sabiá.
Ele conta causos da linda gente do povo, da gente recém-criada, que ainda tem cheiro de barro; e também causos de alguns tipos extravagantes que ele conheceu, como aquele espelheiro que fazia espelhos e se metia neles, se perdia, ou aquele apagador de vulcões que o diabo deixou zarolho, por vingança, cuspindo em seu olho.
Os causos acontecem em lugares onde Fernando esteve: o hotel que abria só para fantasmas, aquela mansão onde as bruxas morreram de chatice ou a casa de Ticuantepe, que era tão sombreada e fresca que a gente sentia vontade de ter, ali, uma namorada à nossa espera.
Além disso, Fernando trabalha como médico. Prefere as ervas aos comprimidos e cura a úlcera com plantas e ovo de pombo; mas prefere ainda a própria mão. Porque ele cura tocando. E contando, que é outra maneira de tocar.
Observe:
"... e não apenas com palavras...”, “.... e pode se transformar...”, "... e faz isso de tal maneira...”, "... e a gente pensa...”.
A repetição do “e”, conjunção com valor aditivo, foi usada por Galeano para:
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Gabarito comentado
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A alternativa correta é a C: Ressaltar traços de oralidade para aproximar o narrador do contador de histórias.
Vamos entender por que essa é a resposta correta e analisar as alternativas incorretas:
Justificativa da Alternativa Correta:
Galeano utiliza a repetição da conjunção “e” para imitar a cadência da fala oral. Essa técnica literária é empregada para aproximar o narrador do contador de histórias, conferindo um tom mais informal e próximo do leitor. Essa repetição é comum na oralidade, onde muitas vezes utilizamos a conjunção "e" para dar continuidade ao discurso, criando uma sensação de familiaridade e proximidade.
Análise das Alternativas Incorretas:
A - Aguçar nossa vontade de conhecer as fantásticas histórias de outros povos.
Embora a narrativa de Galeano seja rica e envolvente, a repetição do "e" não tem como objetivo principal aguçar a vontade de conhecer histórias de outros povos. O foco está mais na maneira como as histórias são contadas, reforçando a oralidade, do que no conteúdo das histórias em si.
B - Reforçar o desejo do narrador de imitar a linguagem própria dos seres da floresta.
A alternativa B sugere uma imitação da linguagem dos seres da floresta, o que não é o caso. A repetição do "e" visa aproximar a narração da oralidade e não imitar uma linguagem específica da floresta.
D - Plagiar o poder mágico do contador de histórias ao transformar mentira em realidade.
Plagiar significa copiar indevidamente, e isso não está relacionado com o uso estilístico da conjunção "e". Galeano está utilizando um recurso literário para dar autenticidade e familiaridade à narração, não para plagiar.
E - Criticar a pobreza de vocabulário das pessoas que moram no interior, no mato.
Essa alternativa é incorreta porque a repetição do "e" não tem um tom crítico em relação ao vocabulário das pessoas do interior. Pelo contrário, busca valorizar a oralidade e a riqueza cultural das histórias populares, mostrando a beleza na simplicidade.
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GABARITO: LETRA C
Ressaltar traços de oralidade para aproximar o narrador do contador de histórias.
-----> Fernando conta com o corpo inteiro, e não apenas com palavras, e pode se transformar em outra gente ou em bicho voador ou no que for, e faz isso de tal maneira que depois a gente escuta.
-----> o polissíndeto (uso de várias conjunções) é um recurso usado para ressaltar e chamar atenção de alguém (no caso foi usado para se aproximar de uma marca de oralidade que o contador de histórias faz uso).
Força, guerreiros(as)!!
A repetição provoca ÊNFASE
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