Leia o subtítulo do texto, transcrito a seguir. “Era uma ve...
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Ano: 2019
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
ARISB - MG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - ARISB - MG - Assistente Administrativo |
Q1105819
Português
Texto associado
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Porque não.
Era uma vez uma mulher que não queria ter filhos nem
se explicar sobre isso
Mayara Fortin nunca quis ser mãe. Ano passado,
a arquiteta paulista decidiu fazer um “experimento
social”: foi conferir como é o processo para conseguir
a laqueadura, a cirurgia que liga as tubas uterinas,
impedindo a gravidez. No Brasil, o procedimento pode
ser feito pelo SUS: segundo a Lei 9.263, mulheres a partir
de 25 anos (ou já mães de dois filhos) podem pedir pela
cirurgia – mas não sem dar uma série de explicações,
como descobriu Mayara.
Primeiro, ela preencheu uma ficha; depois, assistiu a uma
palestra sobre métodos contraceptivos; na sequência,
escreveu uma carta e, por fim, passou por um tipo de
entrevista com a enfermeira do posto de saúde. “É quase
um interrogatório. O atendimento foi simpático, mas
um tanto absurdo”, lembra à Tpm. A documentação foi
passada a uma comissão, que demora até seis meses
para responder. No fim, ela recebeu uma negativa.
“Tentei argumentar: tenho 30 anos, casa própria, carro
e viajo pelo mundo. E esta é a única decisão que não
tenho ‘maturidade’ para tomar?”
Além dos entraves, de quebra vigora uma cláusula pra lá
de controversa: independentemente da idade, mulheres
casadas precisam de autorização do cônjuge para
realizar a cirurgia. Mayara descobriu que, na prática,
a lei não é seguida à risca.
Sem justificativas
A discussão é necessária: um número crescente de
brasileiras vêm optando pela não maternidade. Segundo
o IBGE, em 2004, elas representavam 10% da população
feminina do país; em 2014, eram 14%, apesar da série de
pressões e expectativas da família, dos amigos ou dos
padrões, do inabalável tique-taque do relógio biológico e
pela ideia de feminilidade “plena” umbilicalmente ligada
à maternidade.
“A simples afirmação ‘não quero ter filhos’ é
frequentemente seguida pela pergunta: ‘Mas por que
não?!’ É como se a mulher fosse obrigada a se justificar,
a jogar a prioridade para uma pós-graduação, um projeto,
um trabalho”, diz a psicóloga gaúcha Daiana Quadros
Fidelis, que estudou não maternidade e maternidade
tardia – segundo o estudo Estatísticas do Registro Civil
de 2015, realizado pelo
IBGE, o número de mulheres
que se tornaram mães entre 30 e 39 anos aumentou
de 22,5% (2005) para 30,8% (2015), enquanto na faixa
entre 15 e 19 anos caiu de 20,3% para 17%, no mesmo
período.
Daiana recebe em seu consultório relatos de mulheres
que se sentem culpadas por não palpitar o tal instinto
materno no ventre. “Elas cresceram ouvindo que mulher
‘nasce’ com esse desejo. Por não se verem nesse
papel ou não se sentirem sensibilizadas, muitas delas
alimentam sentimentos de culpa, como se lhes faltasse
algo. Mas o que falta não é necessariamente um filho, e
sim a ideia de que ela deveria desejar um filho”, analisa.
Para Daiana, discussões recentes têm contribuído para
quebrar esse estigma e “para mostrar que as mulheres
que não querem ter filhos não estão sozinhas e não há
motivo para culpa”.
Esse estigma tem raízes milenares. “Ao longo da
história, a figura da mulher mãe foi muito forte. Nos
últimos 5 mil anos, a mulher foi considerada responsável
pela futura mão de obra – eram necessários braços para
a lavoura, então, elas tinham 15 filhos”, analisa Regina
Navarro Lins, psicanalista e autora de Novas formas de
amar (2017). “Mas, na década de 60, depois do advento
da pílula anticoncepcional e do movimento feminista,
as mulheres passaram a poder decidir se queriam ter
filhos ou não, quando, onde e com quem. Foi uma
grande ruptura na história.” Na década de 80, lembra
a psicanalista, a filósofa francesa Élisabeth Badinter
escreveu um livro sobre o mito do amor materno, Um
amor conquistado, mostrando que o desejo de ser mãe
não é inerente à mulher. “Ela foi duramente criticada,
pois muitos queriam continuar acreditando que toda
mulher é uma mãe potencial.”
[...]
Disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/tpm/era-
uma-vez-uma-mulher-que-nao-queria-ter-filhos-nem-se-
explicar-sobre-isso>. Acesso em: 2 jul. 2019.
Leia o subtítulo do texto, transcrito a seguir.
“Era uma vez uma mulher que não queria ter filhos nem se explicar sobre isso”
A respeito desse trecho, analise as seguintes afirmativas.
I. O subtítulo faz referência ao estilo de escrita dos contos de fadas para introduzir o assunto que será tratado. II. Há uma relação semântica implícita entre esse subtítulo e o título do texto, “Porque não.”. III. O subtítulo confirma que o texto em questão é a narrativa de uma personagem que não deseja ter filhos.
Está correto o que se afirma em
“Era uma vez uma mulher que não queria ter filhos nem se explicar sobre isso”
A respeito desse trecho, analise as seguintes afirmativas.
I. O subtítulo faz referência ao estilo de escrita dos contos de fadas para introduzir o assunto que será tratado. II. Há uma relação semântica implícita entre esse subtítulo e o título do texto, “Porque não.”. III. O subtítulo confirma que o texto em questão é a narrativa de uma personagem que não deseja ter filhos.
Está correto o que se afirma em